A acidificação do solo é um processo natural do sistema de produção de culturas de grãos, pois a lixiviação de nutrientes, a exportação de nutrientes, a adubação nitrogenada e a fixação de N2 são processos que acidificam o solo. Os solos tornam-se ácidos quando elementos básicos como Ca, Mg, Na e K contidos pelos colóides do solo são substituídos por íons de hidrogênio. A acidez do solo está associada a disponibilidade de nutrientes às plantas bem como a uma série de toxicidades. Em solos ácidos ocorre baixa disponibilidade de Ca, P, Mg e Mo e alta disponibilidade de Fe, Cu, Mn, Zn, Co, Ni e Al.

Correção do solo:

Em solos ácidos, alguns nutrientes podem estar quimicamente menos disponíveis para as plantas ou estar fisicamente menos disponíveis devido ao baixo crescimento das raízes pela presença de elementos tóxicos, como o Al. Quando o crescimento das raízes é restrito, as plantas são incapazes de explorar o volume de solo suficiente para compensar a disponibilidade reduzida de um determinado nutriente.

Nesse caso, uma maior quantidade de nutrientes seria necessária para o crescimento ideal das plantas, no entanto, o crescimento reduzido das raízes no subsolo ainda limitaria o acesso à água mais profunda no perfil, fazendo com que a planta tenha menor eficiência no uso dos nutrientes aplicados.

Calagem:

A correção, também chamada calagem, é uma prática essencial para o cultivo de culturas agrícolas em solos ácidos. É recomendada a utilização de calcário (CaCO3 /MgCO3 ) para elevar o pH do solo reduzindo a acidez e modificando a química do solo, ou seja, quando aplicado na dose certa aumenta a disponibilidade dos nutrientes na solução do solo. O calcário neutraliza os efeitos fitotóxicos do alumínio (Al), de prótons de hidrogênio (H+) e manganês (Mn) e disponibiliza cálcio (Ca) e magnésio (Mg).

A calagem melhora o ambiente produtivo, reduzindo a formação de complexos precipitados insolúveis entre o Al e ferro (Fe) com ânions, exemplo: o fósforo (P) que é muito suscetível a fixação, ou enxofre que quando mineralizado é facilmente complexado com o Al. Por outro lado, a fixação de N2 necessita de uma nutrição equilibrada e sem acidez para a atividade microbiana ser mais eficiente.

Os produtores têm adotado a prática de calagem sequencial com dose variando de 1,5 a 2,0 ton ha-1 de calcário. Este é um novo conceito que tem por objetivo proporcionar resiliência ao solo devido aos diversos fatores acidificantes que atuam continuamente. Essa prática está elevando as produtividades até onde existem boas condições de fertilidade, estando mais relacionada à adição de Ca e Mg do que propriamente a correção da acidez.

Uma correlação entre pH do solo e produtividade foi analisada através da função limite com dados de 512 lavouras de soja acompanhadas pela Equipe FieldCrops entre safras 2015/2016 a 2020/2021. Uma função limite com as produtividades superiores apresentou um platô de produtividade encontrado em áreas com pH entre 5,5 e 6,5. A cada 0,1 de pH abaixo de pH 5,5 a produtividade de grãos reduz em 151 kg ha-1, ou seja, aproximadamente 2,5 sc ha-1 (Figura 1)

Figura 1. Relação entre a produtividade de soja e o pH do solo. Fonte: Equipe FieldCrops.
Figura 1. Relação entre a produtividade de soja e o pH do solo. Fonte: Equipe FieldCrops.

Referências Bibliográficas

ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES / EDUARDO LAGO TAGLIAPIETRA… [ET AL.]. 2. ED. SANTA MARIA: [S. N.], 2022

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