Autor: Dr. Argemiro Luís Brum

As cotações do milho em Chicago também subiram nesta semana, porém, a mudança do primeiro mês em Chicago, agora passando a ser setembro, derrubou o valor praticado. Enquanto o fechamento do dia 14/07 ficou em US$ 6,83/bushel, contra US$ 6,38 uma semana antes, o fechamento do dia 15/07 (já tendo setembro como primeiro mês) ficou em apenas US$ 5,64/bushel (a mais baixa cotação, para o primeiro mês, desde o início de abril), indicando pressão baixista na medida em que a safra nova avança, apesar de algumas preocupações climáticas.

Por sua vez, o relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no dia 12/07, acabou sendo baixista para as cotações, pois aumentou a produção dos EUA, para 2021/22, indicando 385,2 milhões de toneladas, e estoques finais estadunidenses em 93 milhões de toneladas. No primeiro caso um aumento de cerca de cinco milhões de toneladas e no segundo um aumento de quase dois milhões. Em termos mundiais, a produção avançou para 1,195 bilhão de toneladas, enquanto os estoques finais mundiais passaram a 291,2 milhões de toneladas. A produção brasileira, para este novo ano comercial, ficou mantida em 118 milhões de toneladas, enquanto a do corrente ano fica em 93 milhões de toneladas (provavelmente será ainda menor). O preço médio projetado ao produtor estadunidense foi reduzido para US$ 5,60/bushel para 2021/22.

Dito isso, as lavouras em condições entre boas a excelentes melhoraram um pouco, passando a 65% do total nos EUA. Um ano antes eram 69%. Outros 27% estão regulares e 8% em condições ruins e muito ruins. Por sua vez, 26% das lavouras estão em fase de embonecamento e 3% já iniciaram o enchimento de grão.

Por outro lado, os embarques de milho pelos EUA foram de 993.974 toneladas, ficando dentro das expectativas do mercado. Com isso, o total exportado neste ano comercial chega a 59,1 milhões de toneladas, ou seja, 68% acima do que foi registrado no mesmo período do ano anterior.

Enquanto isso, a China importou 15,3 milhões de toneladas de milho no primeiro semestre de 2021, ou seja, 318,5% a mais do que no mesmo período do ano anterior.

Já no Brasil, os preços do cereal continuam firmes. A semana fechou com a média gaúcha, no balcão, valendo R$ 84,47/saco, enquanto nas demais praças nacionais o produto oscilou entre R$ 77,00 e R$ 96,00/saco. Ao mesmo tempo, o CIF Campinas (SP) fechou em R$ 99,00/saco.

O fato é que os vendedores têm limitado suas vendas diante das incertezas da produção final que deverá vir na safrinha. Assim, nos primeiros nove dias de julho o saco do cereal, calculado pelo indicador da Esalq/BM&FBovespa, subiu 7,41%.

Neste contexto, a produção de milho da segunda safra deverá ficar em 56,8 milhões de toneladas, recuando 22,8% sobre o produzido no ano anterior. Em janeiro deste ano esperava-se uma safrinha de 84 milhões de toneladas. Com isso, entre o previsto inicialmente e a atual projeção, depois do atraso no plantio, seca e geadas, a quebra da safrinha é de 32,4%, ou seja, praticamente um terço. Desta forma, a produtividade média deverá recuar para 3.941 quilos/hectare, contra 5.537 quilos no ano anterior. Enfim, a colheita da segunda safra chegou a 15,3% da área até o dia 09/07. Por Estado, tinha-se 4,8% no Paraná, 4,3% em São Paulo, 9,9% em Mato Grosso do Sul, 8,8% em Goiás e 26,3% em Mato Grosso. No mesmo período do ano passado, a colheita atingia 31,8% da área estimada. A média histórica de colheita é de 27,1%. Na região do Matopiba, a colheita atingia 22,9% da área cultivada de 1,08 milhão de hectares até o dia 09/07. A colheita atinge 19,7% da área na Bahia, 26,9% no Maranhão, 32,3% no Piauí e 15,5% no Tocantins. (cf. Safras & Mercado)



Por sua vez, outra consultoria privada indica que 20% da área do Centro-Sul brasileiro já teria sido colhida na segunda safra, contra 35% no mesmo período do ano passado. Em termos de produção a estimativa é que a safrinha fique em 54,6 milhões de toneladas e 59,1 milhões incluindo o Norte e Nordeste. No ano anterior o total colhido neste conjunto regional foi de 75,1 milhões segundo a consultoria. Neste caso, a quebra da atual segunda safra, comparando com a do ano anterior, é de 21,3%. (cf. AgRural)

Especificamente em relação ao Mato Grosso, a colheita da safrinha estaria, neste momento, em 35,5% da área, ainda assim 27,8 pontos percentuais abaixo da média histórica. Já a comercialização do milho atinge 79,9% da produção esperada, enquanto os preços recuaram 10,3% em relação ao mês de junho, ficando em R$ 62,92/saco. É a primeira vez, em 12 meses, que o preço médio comercializado não apresenta alta na comparação com o mês anterior. Para a safra 2021/22 a queda no preço foi de 8,8% em junho, ficando o mesmo em R$ 52,53/saco. Isso está freando as vendas antecipadas desta futura safra, havendo 25,6% apenas negociado. (cf. Imea)

E no Paraná, segundo o Departamento de Economia Agrícola (Deral), a colheita da segunda safra continua em 3%, sendo que 47% das lavouras estão em fase de maturação, enquanto apenas 11% são consideradas boas, 45% médias e 44% ruins. De forma geral, o Paraná deverá ter uma importante quebra da safrinha. Segundo relatos dos produtores rurais em reunião técnica realizada nesta semana, a quebra média chegaria a 70%. E para quem semeou fora da janela ideal o prejuízo tende a ser de 100%. As fortes geadas na virada de junho para julho foram a gota d´água para consolidar os prejuízos. Sem falar que nova frente fria entrou no sul do Brasil neste final de semana, com temperaturas ao redor de zero grau em muitas regiões.

Já no Mato Grosso do Sul, após as geadas a produtividade média estimada caiu para 52,3 sacos/hectare, o que resultará em uma produção de apenas 6,3 milhões de toneladas. Isso significa quase quatro milhões a menos do que o incialmente esperado. Ao mesmo tempo, as lavouras consideradas boas se mantêm em apenas 1%, contra 38% regulares e 61% ruins. (cf. Famasul)

Enfim, em termos de exportações, espera-se que o país venda ao exterior, em julho, 3,03 milhões de toneladas de milho, contra os 5,1 milhões exportadas pelo país em julho do ano passado. Lembrando que em junho foram apenas 90.000 toneladas exportadas. (cf. Anec) A expectativa atualmente é de o país exportar 20 milhões de toneladas do cereal neste ano, com um recuo de 12 a 15 milhões de toneladas em relação ao inicialmente projetado. Em relação a media de preço da tonelada exportada, a mesma ficou em US$ 209,80, superando em 31,8% o valor praticado em julho de 2020.


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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).

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