A safra 2024/25 foi marcada por extremos climáticos no Vale do Araguaia. O Centro Tecnológico do Vale do Araguaia (CTECNO Araguaia), da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT), localizado em Nova Nazaré, apresenta os principais resultados dos estudos realizados, que evidenciam desafios específicos para o cultivo de segunda safra, apontando alternativas promissoras para solos siltosos.

Para o vice-presidente Leste da Aprosoja MT, Lauri Jantsch, os estudos realizados no centro de pesquisa são essenciais para que os produtores da região possam tomar decisões assertivas quanto ao manejo do solo.

“O principal objetivo das pesquisas no CTECNO Araguaia é mostrar ao produtor o que melhor se enquadra em solos siltosos: escolher a melhor variedade, o manejo mais adequado de fertilidade, a melhor planta de cobertura ou a melhor opção de segunda safra. No final, tudo o que importa é termos uma agricultura sustentável e rentável para o produtor”, ressalta Lauri.

Durante a primeira safra 2024/2025 ocorreram chuvas abundantes (mais de 1.500 mm), favorecendo o desenvolvimento das lavouras, especialmente de soja, resultando em produtividades médias de até 83 sacas por hectare. Já as culturas de segunda safra enfrentaram escassez hídrica, com apenas 291 mm de chuva em regiões como Nova Nazaré, prejudicando as produtividades de milho, sorgo e gergelim.

Na safra 2024/2025, o centro de pesquisa reintegrou 66 hectares anteriormente arrendados, permitindo a instalação de ensaios experimentais e de manejo hidrológico.

Segundo o coordenador de Pesquisa do CTECNO Araguaia, André Somavilla, isso fortalece o papel do centro como gerador de tecnologias adaptadas às condições locais. “Estamos focados nesses 66 hectares para conduzir ensaios de rotação de culturas, calibração de fósforo, calibração de potássio, correção do perfil de solo, doses e modos de calagem, alguns ensaios de plantabilidade, herbicidas, vitrines de cultivares de soja, híbridos de milho. Todos esses experimentos foram realizados dentro dessa área. A partir de agora, queremos intensificar a utilização desse espaço para nossos ensaios”, complementa André.

O Ensaio de Rotação de Culturas com Soja, instalado no CTECNO Araguaia, tem como foco principal entender como diferentes arranjos de rotação na segunda safra afetam a produtividade da soja na safra seguinte. A pesquisa é estruturada para médio e longo prazo, permitindo uma análise aprofundada dos impactos agronômicos e econômicos das combinações de culturas, como soja/milho, soja/braquiária, soja/gergelim e sistemas integrados. Essa abordagem visa quantificar e gerar informações sobre alternativas viáveis para a região, considerando as especificidades do solo e do clima do Vale do Araguaia, explica o coordenador de pesquisa da unidade.

“No nosso ensaio de rotação de culturas, procuramos estabelecer alguns sistemas com base nos ensaios já implantados no CTECNO Parecis. Desta forma, selecionamos os principais tratamentos e os adaptamos à realidade do Vale do Araguaia. Introduzimos, por exemplo, a cultura do gergelim, intensificamos a utilização de milho na segunda safra e testamos o milho consorciado com estilosantes”, detalha André.

O ensaio da vitrine de milho foi conduzido em condições de sequeiro, com semeadura realizada em fevereiro de 2025. Foram avaliados 29 híbridos comerciais, abrangendo diferentes ciclos e tecnologias de proteção genética. Apesar dos veranicos prolongados e do estresse hídrico entre o florescimento e o enchimento de grãos, alguns materiais demonstraram excelente desempenho produtivo.

A produtividade média geral foi de 106 sacas por hectare, refletindo as limitações impostas pelo regime irregular de chuvas. Alguns híbridos apresentaram falhas de polinização, o que comprometeu a formação de grãos, mesmo com bom peso de mil grãos.

A cultura do sorgo também vem ganhando destaque na região do Vale do Araguaia, devido à crescente demanda para ração animal e produção de biocombustíveis. Desde a safra 2023/2024, o CTECNO Araguaia tem desenvolvido ensaios voltados para a segunda safra, testando diferentes materiais e estratégias de manejo de nitrogênio.

Nos ensaios com herbicidas, foi evidenciada a importância de iniciar a semeadura “no limpo”, especialmente para culturas como o gergelim, que possuem poucas moléculas registradas para uso em pós-emergência.

Os ensaios com adubação nitrogenada na cultura do gergelim revelaram que a resposta da planta ao nitrogênio está diretamente relacionada ao teor de matéria orgânica do solo (MO). Na primeira avaliação, realizada em solo com 1,2% de MO, observou-se uma resposta linear à adubação, indicando que o fornecimento de nitrogênio foi determinante para o aumento da produtividade. Já nesta última safra, o mesmo ensaio foi repetido em uma área com 2,3% de matéria orgânica, e não houve resposta significativa à adubação nitrogenada. Isso demonstra que solos mais ricos em MO já oferecem um suprimento natural de nitrogênio suficiente para a cultura, reduzindo a necessidade de fertilizantes.

Fonte: Aprosoja/MT



 

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Autor:Aprosoja/MT

Site: Aprosoja/MT

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