Dentre as lagartas que atacam a cultura do milho, podemos citar a lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus), as lagartas-da-espiga (Helicoverpa zea, Helicoverpa armigera e Heliothis virensis) e a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), sendo esta última a mais importante da cultura (SILVA et al., 2020).
A lagarta-do-cartucho, também conhecida como lagarta-militar, é nativa do continente americano e tem se disseminado pelo restante do mundo, sendo encontrada no continente africano pela primeira vez em 2016. Atualmente, há registros da presença desta praga em diversos países produtores de milho, com um potencial médio de redução de 60% no rendimento de grãos de acordo com o híbrido escolhido, estádio de desenvolvimento e época de cultivo da planta (CRUZ et al., 2012).
Esta espécie ataca e danifica as folhas do milho deixando-as raspadas e perfuradas, além de destruir o cartucho e danificar as espigas. Também é possível observar, em alguns casos, excreções da própria lagarta e perfurações na base da planta, o que causa o sintoma denominado “coração morto”. Os danos provocados pela lagarta-do-cartucho têm maior impacto quando a planta encontra-se com 8 a 10 folhas e durante períodos de seca.
O monitoramento e controle da lagarta-do-cartucho devem ser efetivos antes que a cultura alcance a fase reprodutiva. Entretanto, é importante ressaltar que o estádio V8 é considerado o limite para realização do controle de pragas no cultivo do milho, já que a partir desse estádio o desenvolvimento vegetativo das plantas torna mais difícil realizar pulverizações terrestres de forma eficiente.
Figura 1. Lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda.
Fonte: Embrapa
A lagarta-elasmo também é uma importante praga do milho capaz de causar injúrias à cultura, atacando a planta com até 35 cm de altura, ainda nos primeiros ínstares. As lagartas recém eclodidas iniciam seu dano raspando as folhas, e dirigem-se para a região do colo da planta, onde cavam uma galeria vertical. A destruição do ponto de crescimento provoca inicialmente murcha e posteriormente morte das folhas centrais, ocasionando também o sintoma de coração morto.
Para monitorar a presença da lagarta-elasmo, deve-se realizar a análise cuidadosa do solo ao redor das plantas a fim de identificar a presença de casulos, solo e excrementos. A técnica mais utilizada para o monitoramento da praga é a avaliação do número de plantas atacadas pela lagarta. Entretanto, esta técnica é considerada ineficiente, pois não permite monitorar a praga antes da entrada da mesma na área.
Figura 2. Lagarta-elasmo, Elasmopalpus lignosellus.
Fonte: Portal dos animais
Por fim, a lagarta-da-espiga também pode ser considerada uma praga de grande importância na cultura do milho, sendo capaz de danificar diferentes estruturas das plantas, incluindo as partes reprodutivas. Quando o milho se encontra no estágio reprodutivo, alimentam-se dos estigmas, impedindo a fertilização e ocasionando falhas de granação nas espigas. As lagartas mais desenvolvidas alimentam-se ainda dos grãos leitosos, destruindo-os e facilitando a penetração de microrganismos oportunistas (VALICENTE, 2015).
Figura 3. Lagarta-da-espiga, Helicoverpa armigera.
Fonte: koppert
Revisão: Henrique Pozebon, Doutorando PPGAgro e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM
REFERÊNCIAS:
BARBOSA, João Pedro Ferreira et al. Ocorrência de Helicoverpa zea (Lepidoptera: Noctuidae) em híbridos de milho (Zea mays L.) submetidos a diferentes níveis de irrigação. Diversitas Journal, v. 4, n. 1, p. 24-30, 2019.
CRUZ, Ivan et al. Using sex pheromone traps in the decision-making process for pesticide application against fall armyworm (Spodoptera frugiperda [Smith][Lepidoptera: Noctuidae]) larvae in maize. International Journal of Pest Management, v. 58, n. 1, p. 83-90, 2012.
DE SOUZA SIMIONATO, Rafael et al. Controle de Spodoptera frugiperda e Helicoverpa zea a partir de diferentes tecnologias de milho Bts. Revista Cultivando o Saber, v. 13, n. 2, p. 9-18, 2020.
LIMA, Bruna Viana et al. Pragas da cultura do Milho. Revista Conexão Eletrônica, v. 13, p. 1-15, 2016.
QUEIROZ, Elaine Moreira; BELLIZZI, Nilton Cezar. MANEJO DO COMPLEXO DE LAGARTAS NA CULTURA DO MILHO. 2018.
SILVA, Cinthia Luzia Teixeira et al. Interaction between corn genotypes with Bt protein and management strategies for Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae). Florida Entomologist, v. 102, n. 4, p. 725-730, 2020.
VALICENTE, F. H. Manejo de pragas. In: GALVÃO, J. C. C.; BORÉM, A.; PIMENTEL, M. A. (Ed.). Milho: do plantio à colheita. Viçosa, MG: UFV, 2015. cap. 12, p. 273- 293.