O sistema de irrigação por inundação é um método de irrigação por superfície, caracterizado pela manutenção de uma lâmina permanente de água sobre o solo durante a maior parte do ciclo do cultivo. Nesse método de irrigação por superfície é necessário o nivelamento ou a sistematização da lavoura para a manutenção da lâmina de água durante o desenvolvimento da cultura. A lâmina aplicada deve ser suficiente para saturar o solo e atender a evapotranspiração da cultura e as perdas por percolação e infiltrações laterais (Yoshida, 1981; Fornasieri Filho & Fornasieri, 2006).

Além do momento de iniciar a irrigação, a uniformidade da altura da lâmina de água é outro fator importante a ser manejado, principalmente nos estágios vegetativos iniciais. A altura da lâmina de água deve ser de 2,5 a 5 centímetros (cm), nessas condições há o melhor desenvolvimento da planta e eficiência no uso da água. Já lâminas acima dos 10 cm, podem ocasionar redução no perfilhamento e estiolamento das plantas nesses estágios iniciais, aumentando as chances de ocorrer acamamento.

No sistema de semeadura do arroz em solo seco, a formação da lâmina de água deve ser realizada até o início do perfilhamento (estágio V3 – terceira folha do colmo principal totalmente expandida) (Figura 1), visto que o momento do início da irrigação e a velocidade com que se completa a formação da lâmina são chaves no manejo para altas produtividades.

Figura 1. Estágio V3 em arroz da escala de Counce et al. (2000).
Fonte: Equipe FieldCrops

Em um estudo com 266 lavouras de arroz no Rio grande do Sul, foi verificado que as perdas de produtividade devido ao atraso em completar a irrigação e formação da lâmina de água podem chegar até 430 kg ha-1 dia-1 (Figura 2. Essas perdas ocorrem principalmente devido à queda na eficiência do uso do nitrogênio devido a volatilização da ureia e a menor eficiência no controle de plantas daninhas.

A velocidade para completar a irrigação depende principalmente da vazão do sistema de irrigação, do número de entradas de água na lavoura, do tipo de solo e a ocorrência de chuvas.

Figura 2. Produtividade de grãos (Mg ha-1) em função dos dias para completar a irrigação em lavouras de arroz acompanhadas pelo projeto 10+ nos anos agrícolas 2016/17, 2017/18 e 2018/19 no Rio Grande do Sul. O valor em vermelho representa a perda máxima de produtividade por dia em função do número de dias para completar a irrigação.
Fonte: Equipe FieldCrops, IRGA e UFSM.
Referências Bibliográficas

FORNASIERI FILHO, D.; FORNASIERI, J. L. Manual da cultura do arroz. Jaboticabal: FUNEP, 2006. 589p.

MEUS, L. D. et al. Ecofisiologia do arroz visando altas produtividades. ed. 1, Santa Maria, 2021. 312p

YOSHIDA, S. Fundamental of Rice Crop Science. Los Baños, Philippines: Internacional Rice Research Institute (IRRI), 1981. 269p



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