Autores: Arthur Gabriel C. Lopes¹; Tiago Pereira da S. Correia²; Wesley Matheus C. F. Taveira³; Gabriela Greice Pereira4; Alyne Ayla R. de Souza5; Gabriel Pastor de B. Lima6; Guilherme Rodrigues de Brito7
A soja é uma das culturas mais importantes para o agronegócio brasileiro, com 38,8 milhões de hectares plantados, representa 61,7% da área total destinada à produção de grãos, há estimativa de produção recorde para a safra 2019/20 com 120,4 milhões de toneladas, um acréscimo de 4,7% comparando com a safra anterior (CONAB, 2020).
Segundo Trogello et al. (2013) um dos fatores que mais interferem na produtividade dos grãos de soja é a falta de precisão durante a operação de semeadura, pois as falhas decorrentes deste processo influenciam em fatores como o estande de plantas. Tourino et al. (2002) afirmam que a uniformidade na distribuição das sementes de soja influencia diretamente no aproveitamento de água, luz e nutrientes pelas plantas, sendo que, caso as plantas estejam distribuídas de forma desuniforme, isto irá influenciar negativamente no desenvolvimento da cultura, seja por competição ou surgimento de plantas involuntárias.
De acordo com Mialhe (2012) as máquinas agrícolas destinadas para a semeadura são denominadas semeadoras ou semeadoras-adubadoras, e todas elas, caso forem de plantio direto, devem cortar a palhada presente no solo, abrir os sulcos, dosar fertilizantes e sementes na quantidade e profundidade adequadas, cobrir e compactar as sementes com solo (SIQUEIRA & CASÃO JÚNIOR, 2004).
Silva & Gamero (2010) afirmam que inovações estão sendo desenvolvidas com o intuito de otimizar a operação de semeadura no que se refere à distribuição longitudinal. Segundo Rosa et al. (2014) o mecanismo dosador Titanium® é composto por organizadores de sementes, discos com alvéolos em formato cônico e estriado, raspadores e ejetores todos fabricados em material poliuretano, evitando danos durante o alojamento e ejeção das sementes até o tubo condutor, otimizando a distribuição longitudinal das sementes no sulco de semeadura.
Material e Métodos
As sementes de soja utilizadas foram da cultivar FOCO 74I77 RSF IPRO, tratadas industrialmente com inseticida e fungicida. Elas foram semeadas em uma densidade de 15 sementes m-1 para atingir a população recomendada de 300.000 plantas ha-1 conforme recomendação da empresa produtora das sementes.
A adubação de base utilizada foi com o formulado NPK 04-30-16 na dosagem de 400 kg.ha-1.
A semeadura foi realizada com uma semeadora-adubadora da marca Jumil, modelo JM3060PD, com sete linhas espaçadas em 0,5m, tracionada por um trator de pneus marca New Holland, modelo TM7020 4×2 TDA, com 109,6 kW (149cv) de potência bruta no motor. Das sete linhas de semeadura, quatro se mantiveram com mecanismos dosadores de disco horizontal convencional original instalados pelo fabricante, e três foram equipadas com mecanismo dosador Titanium®. Em ambos mecanismos dosadores foram utilizados discos horizontais com alvéolos de diâmetro 10,5 mm e anel liso, específicos para soja.
A semeadura foi realizada em duas velocidades, 4 e 8 km h-1 e aliadas aos dois mecanismos dosadores (convencional e Titanium®) formaram o delineamento experimental em esquema fatorial 2×2 dispostos em blocos casualizados, resultando em quatro tratamento com quatro repetições cada. Cada parcela experimental foi delimitada por 60 m de comprimento e 3,5 m de largura.
Foram analisadas as variáveis Índice de precisão e produtividade, sendo o índice de precisão obtido a partir da classificação dos espaçamentos (aceitáveis, falhos e duplos) e de acordo com a densidade de semeadura adotada o espaçamento desejável adotado foi 0,06 m entre sementes. Já a produtividade foi obtida a partir da colheita e debulha manual das plantas contidas nos 12 m das duas linhas centrais de cada parcela experimental.
Resultados e Discussão
Os resultados referentes ao índice de precisão demonstram que o dosador Titanium® é mais preciso na distribuição das sementes, oferecendo maior número de espaçamentos aceitáveis para ambas as velocidades quando comparado com o dosador convencional. Na velocidade de 4 km h-1 o dosador convencional obteve índice de precisão 5% menor que o Titanium®, já na maior velocidade o índice de precisão foi muito menor, sendo 31,3% inferior ao dosador Titanium®. Foi evidenciado que ao aumentar a velocidade os dois dosadores tornam-se menos precisos pela dificuldade em dosar as sementes uma a uma em uma velocidade periférica superior, entretanto o dosador convencional apresentou a maior irregularidade, com uma distribuição consideravelmente imprecisa, ou seja, nesta velocidade o índice de espaçamentos falhos e duplos foi maior que com o dosador opcional.
Os resultados de produtividade evidenciam que na menor velocidade, na qual ambos os dosadores conseguem depositar as sementes com alta precisão, não houveram diferenças significativas na produtividade para esta velocidade. O mesmo não ocorreu na velocidade de 8 km h-1, avaliando de forma isolada, ao aumentar a velocidade nota-se que a produtividade diminui 12% para o dosador Titanium® e 15,8% para o dosador convencional.
Avaliando o desempenho produtivo dos dosadores na maior velocidade afere-se que com a utilização do dosador convencional a produtividade foi 8,9% menor, corroborando com o trabalho de Tiesen et al. (2015) onde os autores afirmam que o aumento da velocidade de semeadura da soja para 7 e 9 km h-1 também causaram redução na produtividade, fator causado pelo maior número de espaçamentos falhos e duplos que afetaram negativamente a cultura.
Conclusão
O mecanismo dosador Titanium® possibilita maior índice de precisão na semeadura de soja em ambas as velocidades e produtividade média maior na velocidade de 8 km h-1 comparado ao dosador mecânico convencional.
Referências
CONAB – COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento da safra brasileira de grãos, v. 7 Safra 2019/20 – Nono levantamento. Brasília, p. 1-69, Junho 2020. Disponível em: <https://www.conab.gov.br/info-agro/safras>. Acesso em: 6 de julho, 2020.
MIALHE, L.G. Máquinas agrícolas para plantio. Campinas: Millennium, 2012. 337 p.
ROSA, D. P; TONIASSO, A. M.; SANTOS, C. C.; PAGNUSSAT, L.; ALFLEN, J.; BRUINSMA, M.L. Distribuição de sementes com a tecnologia Rampflow. Revista de Agronomia e Veterinária IDEAU, Getúlio Vargas, v. 1, n.1, p. 37-46, 2014.
SILVA, M.C.; GAMERO, C. A. Qualidade da operação de semeadura de uma semeadora adubadora de Plantio direto em função do tipo de martelete e velocidade de deslocamento. Revista Energia na Agricultura, Botucatu, v.25, n.1, p.85-102, 2010.
SIQUEIRA, R.; CASÃO JUNIOR, R. Trabalhador no cultivo de grãos e oleaginosas: Máquinas para manejo de coberturas e semeadura no sistema de plantio direto. Curitiba: SENAR-PR, 2004. 88 p.
TIESEN, C. M. A.; VALE, W. G.; SILVA, A. F.; SHIRATSUCHI, L. S.; MACHADO, T. M. Influência da velocidade de semeadura no cultivo de soja no município de SINOP-MT. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, 44, 2015. São Pedro. Trabalhos apresentados… São Pedro: Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, 2015.
TOURINO, M.C.C.; REZENDE, P.M.; SALVADOR, N. Espaçamento, densidade e uniformidade de semeadura na produtividade e características agronômicas da soja. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.37, n. 8, p. 1071-1078, 2002.
TROGELLO, E.; MODOLO, A.J.; SCARSI, M.; DALLACORT, R. Manejos de cobertura, mecanismos sulcadores e velocidades de operação sobre a semeadura direta da cultura do milho. Bragantia, Campinas, v.72, n.1, p.101-109, 2013.
Informações sobre os autores:
- ¹Mestrando em Agronomia, Universidade de Brasília (UnB), Brasília/DF. E-mail:
arthur.grb10@gmail.com - ²Professor Dr. da Universidade de Brasília (UnB), Brasília/DF. E-mail: tiagocorreia@unb.br
- ³Graduando da Universidade de Brasília (UnB), Brasília/DF. E-mail: wmctaveira@gmail.com
- 4Graduanda da Universidade de Brasília (UnB), Brasília/DF. E-mail: gabi_greice@hotmail.com
- 5Graduanda da Universidade de Brasília (UnB), Brasília/DF. E-mail:
alyneaylarodrigues@gmail.com - 6Graduando da Universidade de Brasília (UnB), Brasília/DF. E-mail:
gabrielbarroslima77@gmail.com - 7Engenheiro Agrônomo pela Universidade de Brasília (UnB), Brasília/DF. E-mail:
guilhermexiiv@gmail.com