A indústria brasileira de defensivos agrícolas não pode fabricar nem comercializar produtos proibidos pela legislação vigente no país. No entanto, existe uma confusão entre produtos proibidos, ou seja, que não estão autorizados para qualquer uso no Brasil, e aplicação de produtos não registrados numa determinada cultura. Dependendo das condições climáticas, algumas pragas podem se manifestar com maior ou menor intensidade. Um exemplo disso é o ataque de pragas mais severo nas lavouras brasileiras devido ao clima tropical.

Produtos usados aqui podem não ser necessários em países cujo inverno rigoroso,
de clima temperado – muitas vezes com neve – reduz naturalmente as pragas e seus danos. A produção de defensivos agrícolas é globalizada. A demanda por um determinado produto varia de acordo com o tipo de praga, de cultura e das
condições climáticas, influenciando a política de registro de produtos. Ou seja, se não existir demanda por determinado defensivo, não haverá registro do produto naquele país. É importante ressaltar que os produtos autorizados em outros países não são automaticamente autorizados no Brasil.

A eficácia dos produtos registrados no Brasil e sua segurança para os seres humanos e o meio ambiente são atestadas pelos órgãos nacionais responsáveis pelos setores da agricultura, da saúde e do meio ambiente (Ministério da Agricultura, Anvisa e Ibama), que avaliam a viabilidade de uso dos defensivos agrícolas perante as normas e exigências do país. O Brasil é um importante competidor global de exportação de alimentos e possui rigorosos critérios de regulamentação em comparação com outros países.

Nesse sentido, é importante diferenciar os conceitos de perigo e risco de um produto químico. O perigo é a toxicidade inerente da substância, ou seja, a sua capacidade de causar dano. Já o risco depende da toxicidade e da exposição à substância. Por isso, vale aqui a máxima de Paracelso (1538): a dose faz o veneno. Ou seja, não basta olhar apenas para o perigo; é necessário considerar também a exposição e a toxicidade para avaliar o risco de um defensivo.

Figura 1. Relação entre risco, toxicidade e exposição a um defensivo agrícola.

Fonte: SINDIVEG. Acesse a imagem original clicando aqui

As doses recomendadas pelos fabricantes são consideradas seguras por terem sido estudadas com profundidade antes da autorização para produção e comercialização. São estudos científicos associados tanto aos riscos agudos (que são as exposições num curto prazo em grande quantidade) quanto aos riscos crônicos (que são exposições constantes num longo prazo).

Portanto, as restrições e regulamentações impostas à produção e ao uso de defensivos no Brasil garantem a sua segurança, inclusive quando comparado a outras regiões do mundo. Os defensivos agrícolas cumprem seu papel de controlar as pragas no campo. Isso exige inovação constante do setor, já que há uma evolução das pragas e doenças que geram impacto direto na produção de alimentos.

Ademais, o uso de produtos ilegais é uma prática que deve ser combatida. São produtos que entram pela fronteira do Brasil sem permissão do governo brasileiro ou produtos falsificados e, ainda, produtos que já foram autorizados, mas que em decorrência de procedimentos de reavaliação tiveram seu uso proibido. É dever dos técnicos e produtores combater essa prática ilegal, contribuindo assim para a segurança e transparência no uso de defensivos agrícolas.

Esse texto foi produzido com base em um informe técnico do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), a principal entidade representativa do setor de defensivos agrícolas no Brasil há mais de 75 anos. O material completo encontra-se disponível, clicando aqui.


Revisão: Prof. Jonas Arnemann, PhD. e coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM

REFERÊNCIAS:

Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (SINDIVEG).
2018
. O que você precisa saber sobre defensivos agrícolas. Disponível em: http://sindiveg.org.br/wpcontent/uploads/2018/08/oquevoceprecisasabersobredefensivosagricolas.pdf

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