A matocompetição pode interferir negativamente no crescimento e desenvolvimento da soja, causando perdas significativas na produtividade da cultura. As plantas daninhas competem por água, nutrientes do solo e radiação solar com as plantas cultivadas, utilizando os recursos disponíveis para a soja.

Um dos fatores mais preocupantes no manejo de plantas daninhas é o fator da resistência. A constante utilização de herbicidas de mesmo mecanismo de ação aumenta a pressão de seleção das plantas daninhas, selecionando genótipos resistentes. Essas plantas resistentes que “escapam” do controle caso consigam alcançar a maturidade fisiológica disseminam suas sementes dando origem a novas populações de plantas daninhas resistentes.

O professor Leandro Paiola Albrecht, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador do Grupo Supra Pesquisa destaca que atualmente a nível nacional, são observados mais de 50 casos de resistência de plantas daninhas.  Leandro chama atenção para o caso da buva (Conyza spp.) planta daninha que atualmente apresenta resistência a diversos herbicidas, sendo um deles o glifosato, herbicida muito utilizado nos cultivos com a tecnologia RR para o controle de plantas daninhas.



Conforme estudos realizados pelo Grupo Supra Pesquisa, a agressividade com que a buva compete com a soja pode promover perdas de produtividade da soja na ordem de 14% para cada planta de buva por metro quadrado de área.

Figura 1. Interferência de diferentes densidades populacionais de Buva sobre a produtividade da soja.

Fonte: Supra Pesquisa.

Conforme destacado por Leandro, outra planta daninhas com potencial em causar reduções de produtividade da soja é o capim-amargoso (Digitaria insularis). Resultados de pesquisa do Grupo Supra Pesquisa apontam reduções drásticas na produtividade da soja, onde há a presença da planta daninhas, sendo que para densidade populacionais de uma plantas de capim-amargoso por metro quadrado, são observadas perdas de produtividade de aproximadamente 21% na cultura da soja.

Sendo assim, evitar a matocompetição é indispensável para impedir perdas de produtividade na cultura da soja, entretanto, a resistência de plantas daninhas ao glifosato torna essencial a busca por outras alternativas que possibilitem um controle eficiente e eficaz das plantas daninhas.

Figura 2. Plantas daninhas com resistência isolada e múltipla ao glifosato no Brasil.

Fonte: Fernando Adegas, Embrapa Radar da Tecnologia Soja (2020).

O preocupante cenário da resistência de plantas daninhas nos força a buscar alternativas além da rotação de mecanismos de ação, alterando práticas de manejo cultural que impliquem na redução do estande de plantas daninhas. Uma das principais práticas é aderir ao manejo integrado de plantas daninhas, utilizando de boas práticas de manejo como suporte para o manejo da resistência de plantas daninhas.

Dentre as práticas podemos citar o uso de herbicidas pré-emergentes na cultura da soja, o manejo na entressafra da cultura, o uso de sementes certificadas e a semeadura da cultura “no limpo”. Outra importante ferramenta é a adoção de cultivos que produzam palhada residual, aumentando a cobertura do solo e impedindo a germinação de plantas daninhas fotoblásticas positivas.

A escolha do material genético também implica na eficiência do manejo das plantas daninhas, o uso de genótipos que permitam a utilização de distintos herbicidas com variados mecanismos de ação contribui para diminuir a pressão de seleção e para“frear” o avanço da resistência das planta daninhas.

Contudo, independente da pratica de manejo escolhida, é essencial pensar no cultivo da soja como um sistema de produção, dando atenção ao manejo e controle de plantas daninhas o ano inteiro visando diminuir a incidência de plantas daninhas na áreas de produção.

Leandro destaca três pilares básicos para realizar uma manejo eficiente de plantas daninhas na cultura da soja:

        1° – Realizar as dessecações antecipadamente, no momento mais oportuno;

        2° – Realizar todas as aplicações sequencias necessárias;

      3° – Na aplicação que antecede a semeadura, faça o mais caprichado possível, não semeie “no pó” e use herbicidas com efeito residual, aumentando o período anterior a interferência e encurtando o período crítico de prevenção a interferência.

Esses são alguns aspectos que auxiliam na construção de um manejo eficiente de plantas daninhas, diminuindo a pressão de seleção e possibilitando condições adequadas para o crescimento e desenvolvimento vegetal, evitando perdas por matocompetição. Contudo, para isso é fundamental pensar no cultivo como um sistema de produção, e não como uma cultura isolada.

Confira o vídeo abaixo com as dicas do professor Leandro P. Albrecht.


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