Por Gisele Dias, jornalista Epagri
A Epagri é uma das empresas públicas do país a disponibilizar de forma gratuita mapeamentos de uso da terra realizados com geotecnologias, principalmente sensoriamento remoto. O trabalho vem sendo realizado há mais de 20 anos pelo Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia (Epagri/Ciram) e já mapeou em Santa Catarina as culturas da maçã, banana, arroz e uvas viníferas. Atualmente vem trabalhando no mapeamento dos campos nativos da Serra Catarinense.

Na Epagri/Ciram, os resultados desses mapeamentos são utilizados em relatórios técnicos, painéis interativos e plataformas online, democratizando o acesso à informação e promovendo a transparência dos dados gerados com recursos públicos. Os mapas podem ser observados pelo público no Geoportal da Epagri. Também estão disponíveis no site Agroconnect, clicando no menu Atividades Agropecuárias, à esquerda da tela.
Segundo Kleber Trabaquini, pesquisador da Epagri/Ciram e especialista em sensoriamento remoto, nos últimos anos a instituição tem se consolidado como referência em mapeamentos de uso da terra em Santa Catarina por meio de geotecnologias, “contribuindo de forma estratégica para o planejamento e o monitoramento da agricultura catarinense”, pondera.
Além do sensoriamento remoto, a Epagri/Ciram se vale de imagens de satélite de alta resolução – que oferecem melhor qualidade – e outras ferramentas de geoprocessamento. Kleber ressalta que graças ao mapeamento, a instituição tem desenvolvido produtos que apoiam tanto a formulação de políticas públicas quanto a atuação direta dos agricultores.

Com um corpo de profissionais especializados em áreas como geografia, agronomia, biologia, cartografia e computação, inclusive mestres e doutores em sensoriamento remoto, a unidade vem realizando inúmeras pesquisas e levantamento de dados espaciais. “As ferramentas de geoprocessamento, aliadas às técnicas de sensoriamento remoto e imagens de satélite, produzem mapas e outros produtos de alta significância, auxiliando nas cadeias produtivas do Estado”, relata o geógrafo e assistente de pesquisa Valci Vieira.
Sensoriamento remoto gera dados com frequência impraticável por métodos tradicionais
“Com o sensoriamento remoto, conseguimos produzir dados em escala regional e nacional com uma frequência que seria impraticável por métodos tradicionais. Além disso, os mapeamentos vêm sendo fundamentais para compreender a expansão e redução de determinadas culturas agrícolas ao longo dos anos, além de fornecer subsídios para decisões mais assertivas no campo e nas instituições públicas”, explica Kleber.
As geotecnolgias oferecem vantagens significativas sobre os métodos tradicionais de levantamento de áreas. Ao contrário das metodologias convencionais, que dependem de censos agrícolas e visitas de campo, frequentemente limitadas por variabilidade espacial, práticas de manejo e custos elevados, o sensoriamento remoto fornece dados mais amplos, precisos e com maior frequência temporal. “Ele permite capturar imagens atualizadas e sinóticas, essenciais para estimativas rápidas e confiáveis durante e após o período de cultivo, sendo especialmente valioso em contextos de segurança alimentar e planejamento agrícola”, contextualiza Valci.
O uso do sensoriamento remoto por satélites para gerar estatísticas agrícolas tem crescido nos últimos anos, proporcionando levantamentos com maior acurácia. Essa tecnologia qualifica o processo de quantificação, monitoramento e planejamento da produção de alimentos em Santa Catarina. Valci lembra que os mapas gerados são ferramentas fundamentais para acompanhar, com rapidez e precisão, as transformações no uso do solo, favorecendo principalmente as estimativas de área plantada de uma determinada cultura, análise de mudanças de uso do solo, entre outras aplicações.

Os processos de obtenção de Indicações Geográficas (IGs) são ótimos exemplos práticos da importância deste trabalho. Uma IG indica que aquele produto tem características únicas, decorrentes das condições de clima, relevo e do saber-fazer local. O uso do solo é primordial nesse processo, como já demonstrado nas conquistas das IGs do Queijo Serrano, do Mel de Melato da Bracatinga do Planalto Sul Brasileiro e da Maçã Fuji da Região de São Joaquim, onde a Epagri teve participação ativa. “Foram empregados dados orbitais a fim de realizar o mapeamento de diferentes alvos, cada um com sua especificidade”, detalha Kleber.
A Epagri/Ciram vem utilizando imagens de satélite não apenas para avaliar a área cultivada, mas também mensurar práticas como o plantio direto e intensidade de uso do solo. O projeto mais recente é o mapeamento das pastagens nativas e cultivadas. Ele usa dados espectrais (imagens) para mensurar a biomassa equivalente nesta vegetação.
Fonte: Epagri