O potencial de produtividade (PP), também conhecido como teto produtivo, é a máxima produtividade atingível em uma lavoura, em um ambiente sem a ocorrência de limitações ou estresses bióticos e abióticos. O PP do milho em condições de sequeiro nas Américas varia de 8 a mais de 15 t ha⁻¹ (GYGA, 2024; www.yieldgap.org).
Quando o objetivo é atingir o potencial produtivo, a época de semeadura (ES) deve ser selecionada com muita rigorosidade. Ela deve permitir que os estágios de pendoamento (VT) até o de grão farináceo (R5) coincidam com os períodos de maior disponibilidade de radiação solar, sempre que não houver limitações hídricas (lavouras irrigadas). Para essa tomada de decisão, é possível utilizar a média histórica de radiação solar de cada região produtora, como ilustram as figuras 1 e 2, que mostram a radiação solar nos meses de dezembro e março, respectivamente
Figura 1. Radiação solar global (MJ m-2 dia-1) média no mês de dezembro, no Brasil, no período de 2006-2021.

Figura 2. Radiação solar global (MJ m-2 dia-1) média no mês de março, no Brasil, no período de 2006-2021.

Nessas figuras, observam-se duas situações:
- A disponibilidade de radiação solar próxima à linha do Equador é determinada principalmente pela estação seca/chuvosa.
- Existe uma maior amplitude entre os valores mínimos e máximos de radiação solar nos trópicos, definida pelas estações de inverno e verão, respectivamente (Silva, 2001).
Assim, lavouras localizadas nas regiões Sul e Sudeste, é preciso aumentar os cuidados na escolha da época de semeadura, já que, quando se realiza semeaduras muito antecipadas (julho/agosto) ou tardias (dezembro/janeiro), a radiação solar disponível nos momentos de maior necessidade do milho (VT-R5) é menor.
Em estudos realizados pela Equipe FieldCrops, avaliando a relação entre data de semeadura e produtividade em 601 lavouras semeadas na primeira safra no Rio grande do Sul e Santa Catarina entre 2017/18 e 2021/22, se identificou que a data que maximiza a produtividade de grãos de milho nesses estados é próxima ao dia 11 de setembro (figura 3).
Figura 3. Relação entre a produtividade de milho (t ha-1) e a data de semeadura para as lavouras de milho do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os círculos cinzas escuro representam as 601 lavouras acompanhadas entre as safras 2017/18 e 2021/22.

Observe-se que quando as lavouras foram semeadas antes do 11 de setembro, ocorreu uma perda de 80 kg ha-1 dia-1, em contrapartida, lavouras com semeadura realizada após essa data perderam 70 kg ha-1 dia-1.
Referências Bibliográficas
PILECCO, I. B. et. al. Ecofisiologia do milho visando altas produtividades. Santa Maria, ed. 2, 2024.
SILVA, M. A. V. Meteorologia e climatologia. Brasília: INMET, ed. 2, 2001.