A rotação de culturas é uma das estratégias de manejo mais eficiente para aumentar a sustentabilidade das lavouras agrícolas, além de maximizar o uso da terra, estimular a fauna edáfica do solo e contribuir para o manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas. Por meio da diversificação das espécies vegetais, diferentes mecanismo de ação de defensivos agrícolas podem ser utilizados em lavouras comerciais, favorecendo o manejo da resistência de insetos, plantas daninhas e doenças a defensivos.
Além disso, o cultivo de espécies com distinta arquitetura vegetal, seja de parte aérea e/ou sistema radicular, contribui para uma melhor cobertura e condições físicas do solo, favorecendo entre outros aspectos a agregação do solo, aumento do teor de matéria orgânica e da taxa de infiltração de água no perfil do solo. Tais benefícios atrelados ao manejo integrado de pragas, doenças e planta daninhas, podem exercer influência direta ou indireta sobre a cultura sucessora, reduzindo a interferência de fatores bióticos ou abióticos, além de aumentar a produtividade da lavoura sucessora.
Distintos estudos tem demonstrado os benefícios da rotação de culturas para o sistema de produção e produtividade das culturas agrícolas. Conforme destacado por Joris; Costa; Roscosz Junior (2025), ensaios conduzidos pela Fundação ABC desde 1989, avaliando diferentes sequência de rotação de culturas ao longo dos anos, tem demonstrado que a rotação de culturas pode trazer ganhos importantes de produtividade na soja.
Embora esses ganhos possam ter variado em função da safras avaliadas (figura 1), o histórico de dados demonstra que em sistemas rotacionados com milho obteve-se, na maioria das safras, produtividade superior em comparação ao sistema contínuo trigo-soja (sucessão trigo-soja).
Figura 1. Produtividade de soja em diferentes sistemas de produção em ensaio de longa duração entre 1990 e 2025.

Ao analisar os dados históricos de produtividade da soja ao longo de várias safras, observou-se uma variação na diferença de produtividade entre os sistemas com e sem rotação de culturas. Entre 1990 e 2004, a soja em rotação com milho apresentou maiores produtividades em comparação ao sistema contínuo trigo-soja. De 2004 a 2016, com o uso generalizado de fungicidas após a chegada da ferrugem-asiática, essa diferença praticamente desapareceu, pois o controle químico das doenças nivelou o desempenho dos sistemas. A partir de 2016, porém, a vantagem da rotação voltou a se destacar. O avanço genético das cultivares, que se tornaram mais produtivas e exigentes, aliado ao ressurgimento e à maior incidência de patógenos de solo e doenças como Macrophomina phaseolina, Fusarium, mofo-branco, cercospora e mancha-alvo, favorecidos pelo sistema de sucessão de cultivos, reforçando novamente os benefícios da diversificação e da rotação de culturas (Joris; Costa; Roscosz Junior, 2025).
Figura 2. Média de produtividade de soja (kg/ha) em diferentes sistemas de produção (trigo – soja e rotação com milho) considerando diferentes períodos.

Estudos a longo prazo como esse desenvolvido pela Fundação ABC são essenciais para compreender a influência da rotação de culturas na produtividade de culturas como a soja, visto que sob diferentes anos agrícolas, o impacto da rotação de culturas pode variar em função das condições edafoclimáticas das regiões agrícolas. Em suma, mesmo sem influência significativa em alguns períodos como de 2005 a 2012, a análise da produtividade da soja em longos períodos demonstra que a rotação de culturas contribui positivamente para o aumento da produtividade da soja.
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JORIS, H. A. W.; COSTA, E. D.; ROSCOSZ JUNIOR, F. ALTA PRODUTIVIDADE NA SOJA COMELA COM A ROTAÇÃO DE CULTURAS. Fundação ABC, 2025. Disponível em: < https://fundacaoabc.org/wp-content/uploads/2025/07/202507revista-pdf.pdf >, acesso em: 23/10/2025.





