As cotações do milho em Chicago estiveram em baixa nesta semana, com o bushel do cereal fechando a quinta-feira (08) em US$ 6,32, contra US$ 6,50 um semana antes. Os atuais níveis de preços, para o primero mês cotado em Chicago, são os mais baixos desde meados de agosto passado. Por sua vez, a média de novembro fechou em US$ 6,68/bushel, ficando 2,5% abaixo da média de outubro. Para comparação, em novembro de 2021 a média foi de US$ 5,70/bushel. Ou seja, o valor do milho em Chicago, nesta comparação, ainda está US$ 0,98/bushel mais elevado em 2022.
Já no Brasil, os preços do cereal continuaram estáveis. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 84,19/saco, enquanto nas demais praças nacionais os valores permaneceram entre R$ 65,00 e R$ 85,00/saco.
Por outro lado, na B3 o fechamento do pregão da quarta-feira (07) ficou com o vencimento janeiro em R$ 87,30/saco; março em R$ 90,79; maio em R$ 90,29 e julho em R$ 87,62/saco.
Dito isso, o plantio da nova safra de verão 2022/23, no início de dezembro, atingiu a 93% da área esperada no Centro-Sul brasileiro. A falta de chuvas no Rio Grande do Sul preocupa sobremaneira. De fato, no Estado gaúcho o plantio, até o dia 1º de dezembro, atingia a 84% da área esperada, contra 87% na média histórica para esta data. (cf. Emater) Nas atuais condições climáticas gaúchas, enquanto a expectativa da Emater ainda é atingir produtividade média de 7.337 quilos por hectare, o equivalente a 122,3 sacos por hectare, a Aprosoja-RS já aponta uma quebra entre 15% a 20% na safra do cereal, com a mesma recuando dos 6,1 milhões de toneladas esperados, para algo entre 4,9 e 5,2 milhões de toneladas. Isso explica a manutenção dos preços do milho gaúcho nos níveis atuais. Além disso, a cada dia que passa, sem chuva, muitas regiões contabilizam perdas maiores.
Enquanto isso, no Mato Grosso, segundo o Imea aponta, o Estado poderá semear praticamente toda a sua safrinha de milho dentro da janela ideal de plantio, contra 82,7% no ano anterior. Obviamente, isso se o clima ajudar. Em sendo assim, o Mato Grosso espera plantar 7,4 milhões de hectares de milho nas duas safras (lembrando que sua safra de verão é pequena), o que representa um aumento de 3,8% sobre o ano anterior. A produtividade média esperada é de 104,3 sacos/hectare, com aumento de 2,1% sobre o ano anterior, enquanto a produção final poderá atingir a 46,4 milhões de toneladas, ou seja, 5,9% acima do ano anterior.
E no Paraná, o milho de verão está todo semeado, sendo que 75% das lavouras estão em fase de desenvolvimento vegetativo. Por sua vez, 82% das lavouras estão em boas condições, 16% regulares e 2% ruins.
Pelo lado da comercialização, a safra de verão 2021/22, do Centro-Sul brasileiro, estava com 88,6% negociada no início de dezembro, contra 93,8% na média histórica. Já em relação a safrinha de 2022, até o dia 02/12 as vendas atingiam a 74,5% do total, contra 85,5% na média histórica.
De forma geral, além dos problemas climáticos no Sul do país e na Argentina, são as exportações aquecidas que estão sustentando os preços do milho nos atuais níveis no Brasil, mesmo com uma safrinha recorde recentemente colhida. Somente em novembro, segundo a Secex, o país exportou 153% mais de milho do que no mesmo mês do ano passado.
Neste sentido, espera-se que o Brasil alcance um total de 42,6 milhões de toneladas exportadas em 2022, contra 20,6 milhões realizados na frustrada safra passada. Em dezembro o país poderá atingir a 5,43 milhões de toneladas vendidas. Como já informado nas semanas anteriores, as exportações de milho estão sendo beneficiadas pela recente autorização dos chineses em importar o cereal brasileiro, além de maior demanda de mercados que antes eram mais atendidos pela Ucrânia, país ainda em guerra com a Rússia. (cf. Anec)
Enfim, o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal projeta aumento de 100% na área tratada com defensivos agrícolas, contra a cigarrinha, nas plantações de milho de primeira e segunda safras, em 2022. Ao fim do ano, essa área deve atingir 39,1 milhões de hectares. Considerando apenas o milho safrinha, o crescimento é de 177% no manejo da praga, atingindo 32,8 milhões de hectares no ano. Estudos conduzidos na Embrapa demonstraram que a presença de 10 cigarrinhas por planta causa redução de 40% no peso seco da parte aérea e de 62% de redução radicular. A preocupação dos produtores rurais, com esse impacto, se reflete nas aplicações de defensivos agrícolas no combate à cigarrinha. Para se ter uma ideia, em 2018 a área tratada contra a praga era de 7,2 milhões de hectares. A mesma passou para 19,5 milhões de hectares em 2021, devendo alcançar 39,1 milhões de hectares em 2022. Somente no último ano, um aumento de pouco mais de 100%. Ao se observar apenas o milho safrinha, a situação mostra-se mais grave. Cinco anos atrás a área tratada era de 4,8 milhões de hectares. No ano passado ela passou para 11,8 milhões, devendo chegar a 32,8 milhões de hectares em 2022. Apenas no último ano, um aumento de 178%.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).