O tempo seco na maioria das regiões produtoras do Estado paralisou a implantação da cultura; a atividade foi retomada apenas naquelas onde ocorreram precipitações na semana. As lavouras apresentam redução no crescimento, e o plantio está atrasado.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Erechim, apenas 2% do previsto está plantado, pois produtores esperam umidade do solo para plantio e na de Frederico Westphalen, a semeadura atingiu 3% dos 419.680 hectares previstos. A falta de chuvas impede o avanço, mas a atividade será acelerada assim que chover. Motivados com a alta dos preços, os produtores investirão em tecnologia e incrementarão o uso de fertilizantes.
Na regional de Bagé, estão previstos 836 mil hectares para a cultura. Após um período de três semanas sem chuvas, o retorno das precipitações em 23 e 25/10 possibilitou o início da semeadura na maior parte dos municípios. Na Fronteira Oeste, em São Borja, onde a falta de umidade nos solos era mais comprometedora, a semeadura iniciará nos próximos dias. Na Campanha, confiando nas previsões de chuva, uma pequena parte dos produtores iniciou o plantio das lavouras de soja durante a semana, mesmo com solo seco. Com a chuva registrada na sexta-feira, parte destas áreas devem reunir condições adequadas para germinação, e outras lavouras ainda dependerão de maior volume de precipitações. Ainda que tenham sido implantadas algumas lavouras, a maior parte dos sojicultores ainda realizam atividades de présemeadura.
O clima seco prejudicou os que realizam o cultivo mínimo, pois a falta de umidade resultou em adensamento significativo da camada superficial dos solos, limitando a ação das grades. Para o plantio direto, o fator negativo foi a ocorrência de ventos fortes desde 19/10, que impediu as pulverizações para dessecação de manejo de palha. Nas lavouras já
implantadas – especialmente em São Gabriel, com 10% semeados de 130 mil hectares em Dom Pedrito, com 12% dos 120 mil hectares previstos –, as chuvas favoreceram a germinação das sementes e a uniformização da emergência. Caso persistisse, a falta de umidade nos solos comprometeria o estabelecimento inicial da cultura.
Na regional de Santa Maria, as chuvas ocorridas na semana trazem alento aos agricultores, e nos próximos dias o plantio de soja terá forte incremento. Dos 993.840 hectares da intenção de plantio projetada, pouco mais de 7% estão plantados.
Na de Ijuí, não houve condições para a semeadura nos cultivos de sequeiro; a atividade foi realizada apenas nas áreas irrigadas, de pequena representatividade na região. Com a previsão de chuvas, alguns produtores realizaram a semeadura entre 23 e 25/10, ainda que a umidade do solo não fosse adequada. A baixa umidade do ar e do solo dificulta o manejo químico de dessecação das ervas daninhas e o preparo das áreas para a semeadura da soja.
As poucas áreas já semeadas se encontram em germinação e início da emergência, de forma irregular. As sementes que não germinaram não sofreram ataque de pragas e/ou fungos, e poderão germinar satisfatoriamente com o retorno da umidade ideal. O plantio está atrasado em relação aos anos anteriores; em 2019, eram 15%; neste, as áreas semeadas correspondem a menos de 2% da prevista para a cultura.
Na de Passo Fundo, produtores intensificam o plantio de soja, com área plantada de 6% do total previsto de 648 mil hectares. As lavouras estão em fase de germinação e desenvolvimento vegetativo. Na de Soledade, com previsão de 451.430 hectares a serem implantados, não houve avanços na semeadura na semana; estima-se que apenas 3% da área tenha sido semeada. Essas lavouras foram semeadas na abertura das janelas de plantio conforme zoneamento agrícola, aproveitando a umidade do solo das chuvas ocorridas no fim de setembro. O quadro geral dessas lavouras é estável, com crescimento reduzido. As chuvas esparsas ocorridas no final da semana e a previsão de mais precipitações possibilitam a retomada da semeadura.
Na regional da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, o solo muito seco causou a paralisação do plantio, e produtores aguardam o retorno da chuva para garantir um bom estabelecimento inicial das lavouras. As primeiras áreas semeadas apresentam germinação
satisfatória; porém, o desenvolvimento é muito lento, e as plantas apresentam fortes sintomas de deficiência hídrica.
Na de Lajeado, dos 16 mil hectares previstos para a cultura, a área semeada até o momento é de 405 hectares. Esse atraso no processo de semeadura não chega a comprometer a produtividade; nesta região, as áreas de lavoura são pequenas, e assim que houver condições de umidade no solo, os produtores conseguem completar o processo de semeadura em poucos dias. Preocupa a previsão de estiagem pelo evento La Niña, com pico de intensidade entre dezembro e janeiro, mas com chuvas abaixo da média já em novembro.
Na de Porto Alegre, cultura em início de plantio; algumas áreas em emergência. Muitos produtores aguardam chuva para obter melhores condições de plantio. As áreas estão sendo dessecadas. Estima-se que foram implantados 20% dos 144 mil hectares previstos. Na de Pelotas, segue a semeadura da cultura. Em Canguçu, estão semeados 33% da área; em Arroio Grande, 23%; em Piratini, 25% da área prevista.
Na região, dadas as condições favoráveis para a semeadura, os produtores deverão antecipar ao máximo o cultivo, motivados também pelos prognósticos climáticos de La Niña no verão. As operações de semeadura acontecem dentro da normalidade, favorecidas pelas condições do clima e da umidade do solo, com precipitações na semana dentro do necessário para a germinação e emergência das plantas, oportunizando o estabelecimento de um bom estande de plantas de soja.
Em áreas de integração lavoura-pecuária com lotação pesada, a tendência é de os produtores optarem pelo revolvimento de solo com uso de subsoladores e grades aradoras, proporcionando descompactação, aeração do solo e manejo da buva e azevém resistentes. Segue o manejo das plantas de cobertura do solo de inverno para o cultivo da soja. Há preocupação com a alta infestação da erva daninha buva. Muitas outras áreas já estão prontas para a semeadura.
Na de Santa Rosa, o preparo do solo, com a dessecação e o manejo de plantas daninhas, e o plantio da nova safra de soja foram interrompidos devido à falta de umidade no solo. Apenas 2% da área prevista de mais de 700 mil hectares está semeado; a germinação e o desenvolvimento vegetativo inicial estão prejudicados devido à baixa umidade do solo. Entretanto, com a chuva ocorrida na madrugada dessa segunda-feira (26), a restituição da
umidade do solo deverá proporcionar intensa retomada dos plantios e favorecer a melhoria
da germinação, do estande de população de plantas e do desenvolvimento inicial das plantas.
Muitas lavouras estão prontas devido ao avanço da colheita do trigo, e só aguardavam a chuva para o plantio. Produtores relatam que as sementes próprias – colhidas na safra passada, quando as plantas morreram com a seca – contêm muitos grãos verdes e, portanto, baixa germinação e vigor. Poderá faltar semente de qualidade em caso de o replantio ser necessário.
Mercado (saca de 60 quilos)
Segundo o acompanhamento semanal de cotações realizado pela Emater/RS-Ascar, o preço médio da cultura chegou em R$ 156,67/sc., com aumento médio de R$ 5,00, ou seja, 3,29% maior em relação ao da semana anterior. Na região de Bagé, o preço da oleaginosa é de R$ 155,00/sc.; em Passo Fundo, R$ 151,50. Na de Ijuí, o preço é de R$ 149,50; a disponível em Cruz Alta, a R$ 157,00; na regional da Emater/RS-Ascar de Santa Rosa, a cotação média da saca é de R$ 153,50. Para soja disponível, o preço é de R$ 157,00, e indústrias de farelo e óleo pagam R$ 162,00/sc.
Na de Soledade, a cotação é de R$ 155,75; Caxias do Sul, R$ 157,00; Porto Alegre, R$ 137,00; Santa Maria e Erechim, R$ 156,00; na regional da Emater/RS-Ascar de Pelotas, os preços praticados estão entre R$ 152,00 e R$ 161,00. Na de Frederico Westphalen, a saca de 60 quilos é comercializada a R$ 156,00. A grande maioria dos produtores não dispõe de estoques armazenados da safra passada para comercializar e aproveitar o bom preço.
Fonte: EMATER/RS