COMUNICADO DE RESISTÊNCIA: Referente ao relato de resistência múltipla e cruzada de Eleusine indica (capim-pé-de-galinha) aos herbicidas dos grupos dos Inibidores da ACCase – Grupo 1 (A) e Inibidores da EPSPs – Grupo 9 (G).
02 de dezembro de 2023
Comunicado – IRG 0004/2023
À Comunidade Agrícola:
Cumpre ao HRAC-BR, no exercício de suas finalidades, atividades e objetivos, e, seguindo os requisitos e critérios específicos para o tema, comunicar que houve recente relato de caso de resistência múltipla e cruzada da planta daninha capim-pé-de-galinha, sendo identificada a espécie Eleusine indica, aos herbicidas cletodim e haloxifope-p-metílico, inibidores da ACCase – Grupo 1 (A) e glifosato, inibidores da EPSPs – Grupo 9 (G). Esse relato foi publicado na página internacional www.weedscience.org (Heap, I. The International Herbicide-Resistant Weed Database, em novembro de 2023 e encontra-se dentro do reporte de Eleusine indica com resistência múltipla a ACCase e EPSPs de 2017).
Os estudos seguiram as metodologias preconizadas nas publicações “Critérios para relatos de novos casos de resistência de plantas daninhas a herbicidas” e “Dez passos para relatos de novos casos de resistência de plantas daninhas a herbicidas no Brasil”, reconhecidas no Brasil e internacionalmente e consistiram em ensaios de curva de doses respostas dos herbicidas cletodim, haloxifope-p-metílico e glifosato em populações F1 e F2 e caracterização da espécie. Os trabalhos foram conduzidos por pesquisadores da Syngenta Proteção de Cultivos, EMBRAPA Cerrados e Fundação MT confirmando-se a existência de biótipo de capim-pé-de-galinha (Eleusine indica) resistente aos herbicidas cletodim e haloxifope-p-metílico, Grupo 1 (A) e glifosato Grupo 9
(G) na região de Luis Eduardo Magalhães-BA. Desta forma, frente a este comunicado, torna-se importante o monitoramento e acompanhamento de escapes de controle de capim-pé-de-galinha (Eleusine indica).
Ressalta-se que, no Brasil, a planta daninha capim-pé-de-galinha (Eleusine indica) possui relatos de resistência simples ao mecanismo de ação dos inibidores da EPSPs – Grupo 9 (G), resistência cruzada aos herbicidas cialofope-butílico, fenoxaprope-p-etílico e setoxidim, inibidores da ACCase – Grupo 1 (A) e resistência múltipla aos herbicidas fenoxaprope-p-etílico, haloxifope-pmetílico, inibidores da ACCase – Grupo 1 (A) e glifosato inibidores da EPSPs – Grupo 9 (G) (www.weedscience.org).
Portanto, essa é uma espécie que requer atenção e adoção cada vez mais intensa das boas práticas agrícolas e técnicas preconizadas de manejo de plantas daninhas resistentes aos herbicidas, dentre as quais podemos destacar:
• O uso correto do sistema integrado de manejo de plantas daninhas;
• A adoção de sementes certificadas e nacionais não somente nas culturas da soja, de milho e algodão, mas também de forrageiras de inverno de forma a evitar o ingresso de plantas daninhas nas áreas agrícolas;
• A limpeza dos maquinários utilizados na semeadura e colheita das áreas com suspeita, evitando que transitem para outras áreas e outros estados;
• Redobrar a atenção para áreas com falha de controle, priorizando a eliminação das plantas daninhas sobreviventes, seja manual ou através do uso de herbicidas de mecanismo de ação alternativos, fazendo-se a rotação dos diferentes mecanismos de ação;
• O uso correto de tecnologia de aplicação, bem como o uso dos diversos mecanismos de ação para os herbicidas em pré e pós emergência, nos corretos momentos, de acordo com sua recomendação de rótulo e bula;
• O manejo das plantas daninhas antecipadamente e antes do plantio, evitando o pousio sem cultura e ou sem formação de cobertura de solo.
Este comunicado tem como objetivo ALERTAR a comunidade agrícola e reforçar a necessidade da adoção de boas práticas recomendadas no sentido de preservar de forma eficiente as diferentes ferramentas para o manejo das plantas daninhas, colaborando para a sustentabilidade da agricultura brasileira.
Atenciosamente, HRAC-BR (Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas).