As folhas são as principais estruturas responsáveis pela fotossíntese, processo pelo qual a planta produz fotoassimilados essenciais para seu crescimento e para a formação dos grãos. Dada essa relação entre área foliar e produtividade, é fundamental que a soja desenvolva uma quantidade adequada de folhas, garantindo o suprimento necessário de fotoassimilados para seu crescimento e desenvolvimento.
Nesse contexto, um dos parâmetros mais relevantes para a cultura da soja é o Índice de Área Foliar (IAF). O IAF representa a relação entre a área foliar da planta e a área de solo por ela ocupada, sendo um indicador direto da eficiência fotossintética da cultura.
Dentre os fatores que mais influenciam o IAF da soja, Tagliapietra et al. (2022) destacam a genética da cultivar, a densidade de plantas e a época de semeadura. Embora as ramificações contribuam para a composição do IAF, a haste principal é responsável por aproximadamente 85% do índice, podendo essa contribuição variar entre 50% e 100%, dependendo da cultivar.
Além desses fatores, o Grupo de Maturidade Relativa (GMR) da cultivar também influencia a relação entre o IAF e a produtividade da soja. Segundo Tagliapietra et al. (2022), para alcançar altas produtividades, são recomendados os seguintes valores de IAF:
- Para cultivares com GMR inferior a 5.5, um IAF de 1,8 em R1 e máximo de 5,0 em R5;
- Para cultivares com GMR entre 5.6 e 6.4, um IAF de 3,7 em R1 e máximo de 5,6 em R5;
- Para cultivares com GMR superior a 6.5, um IAF de 3,9 em R1 e máximo de 6,7 em R5.
Figura 1. Relação entre a produtividade de grãos (ton ha-1) em função do índice de área foliar no florescimento (IAFR1): GMR ≤ 5.5 (A); 5.6 ≤ GMR ≥ 6.4 (C) e GMR ≥ 6.5 (E); e produtividade de grãos (ton ha-1) em função do índice de área foliar máximo (IAFmax): GMR ≤ 5.5 (B); 5.6 ≤ GMR ≥ 6.4 (D) e GMR ≥ 6.5 (F) em soja para cultivos irrigados (círculos azuis) e de sequeiro (círculos amarelos). A linha vermelha sólida indica o valor de IAFR1 e IAFmax que maximizam a produtividade de grãos.

A relação entre produtividade e IAF baseia-se nos conceitos de IAF crítico e IAF ótimo. O IAF crítico é a quantidade mínima de folhas necessária para interceptar 95% da radiação solar incidente, geralmente ocorrendo no fechamento das entrelinhas. Já o IAF ótimo é aquele em que um aumento adicional na interceptação da luz não resulta em um ganho significativo na fotossíntese líquida. Assim, o IAF ótimo será sempre superior ao crítico.
Com um IAF próximo a 4,0, é possível atingir produtividades de cerca de 4,0 t ha⁻¹. No entanto, com os avanços genéticos e de manejo, lavouras de alto nível tecnológico já alcançam produtividades próximas a 6 t ha⁻¹. Nessas condições, um IAF próximo a 6,0 durante o enchimento de grãos é fundamental para evitar que a interceptação de radiação solar seja um fator limitante da produtividade (Tagliapietra et al., 2018).
Em resumo, o IAF é influenciado principalmente pela genética da cultivar, época de semeadura e densidade populacional, além de estar diretamente relacionado ao GMR da cultivar. Em lavouras de alta produtividade (acima de 4,5 t ha⁻¹), cada aumento de 1,0 no IAF em R1 pode representar um acréscimo de produtividade de até 0,41 t ha⁻¹ (Tagliapietra et al., 2022).
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Referências:
TAGLIAPIETRA, E. L. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, ed. 2, 2022.
TAGLIAPIETRA, E. L. et al. OPTIMUM LEAF AREA INDEX TO REACH SOYBEAN YIELD POTENTIAL IN SUBTROPICAL ENVIRONMENT. Agronomy Journal, 2018. Disponível em: < https://acsess.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.2134/agronj2017.09.0523 >, acesso em: 20/03/2025.