O nitrogênio é um dos nutrientes mais requeridos pela cultura da soja, sendo necessário cerca de 80 kg para cada tonelada de grãos produzidos. Cerca de 60% no nitrogênio é exportado pelos grãos, que podem apresentar em média 40% de proteína (Nogueira & Hungria, 2014).

Tendo em vista a importância do nutriente e seu requerimento pela cultura da soja, estabelecer meios de fornecer nitrogênio para a soja é fundamental para a obtenção da altas produtividades. Uma das principais a mais sustentáveis formas para isso, é a fixação biológica de nitrogênio (FBN).

A fixação biológica de nitrogênio é realizada por bactérias fixadoras de nitrogênio do gênero (Bradyhizobium), que por meio de um processo simbiótico com a planta de soja, são capazes de fornecer todo o nitrogênio necessário para boas produtividades de soja (Gitti, 2015).

 

Essas bactérias são originalmente encontradas no solo, entretanto, em algumas situações a quantidade de Bradyhizobium presente no ambiente pode não ser suficiente para fixar todo o nitrogênio requerido pela soja. Uma das principais medidas para contornar esse problema é a inserção dessas bactérias no sistema, por meio da inoculação da soja.

A inoculação da soja visa aumentar a população das bactérias fixadoras de nitrogênio para garantir uma boa FBN, suprindo a necessidade de nitrogênio da soja. Normalmente as bactérias são adicionadas por meio de inoculantes que podem ser líquidos ou turfosos. No caso do uso dos inoculantes líquidos, além da tradicional inoculação nas sementes, pode-se realizar a inoculação no sulco de semeadura da soja.

Veja mais: Inoculação via sulco ou TS? Qual confere maior nodulação e em que situações?

Em virtude do baixo custo e dos benefícios ofertados pela inoculação da soja, a adesão da inoculação vem aumentando ano após ano por sojicultores brasileiros, contudo, alguns cuidados são necessários para garantir a eficiência da FBN, especialmente em áreas de primeiro cultivo. Em algumas situações, a falta nodulação ocorre devido a fatores biológicos e químicos do solo, ou, mais frequentemente, devido a problemas com o inoculante ou processo de inoculação (Hungria; Campos, Mendes, 2001).

Conforme observado por Carniel et al. (2018), o modo de inoculação pode influenciar na produtividade da soja. Além desse fator, a dose de inoculante utilizada também pode exercer influência na produtividade da cultura, especialmente em áreas de primeiro cultivo, conforme observado por Silva et al. (2011).

Normalmente, áreas de primeiro cultivo apresentam baixa população de bactérias fixadoras de nitrogênio no solo, o que torna essencial a inoculação da soja. Embora avaliando a doses de inoculante e nitrogênio na semeadura da soja em área de primeiro cultivo, Silva et al. (2011), não tenham obtido diferença estatística para a variável produtividade em função da dose de inoculante, os resultados obtidos demonstram que no ano em que foi observada menor diferença produtiva, se obteve 50 kg.ha-1 a mais de produtividade onde se utilizou a maior dose de inoculante.

Tabela 1. Valores médios de número de vagens por planta, número de grãos por vagem, massa de 100 grãos e produtividade de grãos da cultura da soja sob doses de inoculante. Alta Floresta – MT (2007/2008).


Adaptado: Silva et al. (2011)

Para compor os diferentes tratamentos avaliados com relação a dose de inoculante, nas doses utilizadas, a população de bactérias aderidas às sementes após a inoculação, considerando  que  1  kg  de  sementes  de  soja  possui em  média  7000  sementes,  foram as  seguintes:  dose  3 mL.kg-1 de sementes: nº células semente-1 = 3,0 x 109 x  3/70000  =  1285000;  dose  6  mL.kg-1 de sementes:   nº   células   semente-1 =  3,0   x   109   x 6/70000 = 2570000 (Silva et al., 2011).

Com base nos resultados obtidos por Silva et al. (2011), é possível destacar que em algumas situações, o aumento da dose de inoculante, possibilitando maior população de bactérias aderidas às sementes, pode exercer efeito benéfico para a soja, especialmente em áreas de primeiro cultivo, onde normalmente há uma carência dessas bactérias para suprir toda a exigência de nitrogênio da cultura por meio da FBN.

Referências:

CARNIEL, E. et al. INFLUÊNCIA DE MODO E DOSES DE INOCULANTES NA PRODUTIVIDADE DA SOJA NA REGIÃO CENTRO-SUL DO PARANÁ. XII Reunião Sul Brasileira de Ciência do Solo, 2018. Disponível em: < http://www.sbcs-nrs.org.br/rsbcs/docs/trab-4-5901-661.pdf >, acesso em: 13/09/2021.

GITTI, D. C. INOCULAÇÃO E COINOCULAÇÃO NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2014/2015, 2015. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/209/209/newarchive-209.pdf >, acesso em: 13/09/2021.

HUNGRIA, M.; CAMPO, R. J.; MENDES, I. C. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO NA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Circular Técnica, n. 35, 2001. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPSO/18515/1/circTec35.pdf >, acesso em: 13/09/2021.

NOGUEIRA, M. A.; HUNGRIA, M. BOAS PRÁTICAS DE INOCULAÇÃO EM SOJA. Embrapa, 40ª Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul – Atas e Resumos, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/126872/1/Boas-Praticas-de-Inoculacao.pdf >, acesso em: 13/09/2021.

SILVA, A. F.; DOSES DE INOCULANTE E NITROGÊNIO NA SEMEADURA DA SOJA EM ÁREA DE PRIMEIRO CULTIVO.  Biosci. J., Uberlândia, v. 27, n. 3, p. 404-412, May/June, 2011. Disponível em: < http://www.seer.ufu.br/index.php/biosciencejournal/article/view/8067/7555 >, acesso em: 13/09/2021.

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