O manejo de plantas daninhas é essencial para minimizar os prejuízos ocasionados, uma vez que a competição pode provocar consideráveis perdas de produtividade das culturas agrícolas. Dentre as várias estratégias de manejo utilizadas no sistema de produção, o controle químico destaca-se como o principal método utilizado para o controle de espécies invasoras nas lavouras.

No entanto, ao utilizar herbicidas, alguns aspectos importantes devem ser considerados para reduzir os danos as culturas e melhorar e eficiência no controle das plantas daninhas, um desses aspectos de importância é a prática da mistura de tanque, que é comumente realizada para melhorar a eficiência de aplicação, reduzindo o número de pulverizações em comparação a aplicação individual de produtos.  De acordo com Carvalho (2013), os herbicidas podem interagir com outros compostos, sejam herbicidas, defensivos agrícolas ou fertilizantes foliares, podendo apresentar alguns efeitos.

O autor destaca que a associação de herbicidas oferece algumas vantagens no controle de plantas daninhas, dentre essas vantagens, destacam-se a capacidade de controlar um espectro maior de espécies invasoras, a redução do risco de desenvolvimento de resistência, maior segurança para a cultura em questão e redução de resíduos tanto nas culturas como no solo, em função do uso de menores doses. Além disso, essa prática proporciona redução dos custos de aplicação, em função de menos aplicações pela eficiência da associação, também são observados melhores resultados em diferentes tipos de solo. Entre as interações que ocorrem em misturas de herbicidas, tem se a interação aditiva, interação sinérgica e a interação antagônica.

Os efeitos aditivos são observados quando o efeito dos herbicidas associados é igual à soma dos efeitos isolados.  Tais efeitos aditivos de associações conhecidas entre herbicidas ocorrem com misturas de glyphosate + chlorimuron-ethyl, glyphosate + carfentrazone-ethyl, atrazine + simazine ou metolachlor, entre outras (Damo et al., 2020).

Figura 1. Efeito aditivo entre diferentes compostos herbicidas.

Os efeitos sinérgicos ocorrem quando o efeito dos herbicidas associados é maior que a soma dos efeitos isolado. Efeitos sinérgicos de associações conhecidas entre herbicidas ocorrem com misturas de isoxaflutole + atrazine, metribuzin + clomazone, metribuzin + saflufenacil, inibidores do fotossistema II e inibidores da biossíntese de carotenoides, entre outras (Damo et al., 2020).

Figura 2. Efeito sinérgico entre diferentes compostos herbicidas.

Os efeitos antagônicos ocorrem quando o efeito dos herbicidas associados é menor que a soma dos efeitos isolados. Efeitos antagônicos de associações conhecidas entre herbicidas ocorrem em associações entre trifluralin + diuron; herbicidas inibidores da ACCase + inibidores de ALS, carfentrazone, metribuzin, dicamba, pyrithiobac-sodium e acifluorfen-sodium; sulfoniluréias + MCPA; glyphosate + herbicidas de contato, como diquat, amônio-glufosinate, alguns herbicidas inibidores da PPO; entre outros (Damo et al., 2020).

Figura 3. Efeito antagônico entre diferentes compostos herbicidas.

Além desses efeitos, Carvalho (2013) ressalta que é importante lembrar que alguns problemas de incompatibilidade podem surgir devido à falta de entendimento das interações entre diferentes herbicidas. Podendo resultar na redução da eficiência dos herbicidas quando associados devido a incompatibilidade física (no caso da associação de formulações pó-molhável e concentrado emulsionável, que apresentam grande possibilidade de incompatibilidade) ou química. A incompatibilidade pode ocorrer devido à inviabilização da aplicação ou inativação do ingrediente ativo pela formação de precipitados, sedimentação, separação de fase, sendo determinante fatores como solubilidade, complexação, carga iônica, entre outros.

Figura 4. Ordem de adição de produtos no tanque de pulverização.

Conforme previsto na Instrução Normativa (IN) n° 40, de 11 de outubro de 2018, a realização de misturas em tanque é permitida, desde que seja recomendada por um profissional técnico de nível superior, cabendo aos engenheiros agrônomos receitarem a aplicação associada de diferentes produtos através do receituário agronômico (Gazziero et al., 2021). Além disso, as informações constantes em rótulo e bula dos agrotóxicos e afins registrados relativas à mistura em tanque, quando existentes, obrigatoriamente devem constar na receita agronômica.



De acordo com Gazziero et al. (2021), para garantir a aplicação correta da técnica de mistura de tanque, é fundamental que sejam utilizadas formulações de herbicidas devidamente registradas ou cadastradas, que tenham sido previamente testadas para evitar qualquer incompatibilidade físico-química na mistura. Os autores ressaltam que é de suma importância aumentar a disponibilidade de informações e compartilhar as mesmas para garantir o uso adequado da mistura e alcançar os objetivos desejados. Além disso, tais orientações dizem respeito a misturas de produtos químicos, misturas que envolvam em produtos biológicos só devem ser feitas se houver estudos específicos que comprovem essa possibilidade.


Veja mais: Controle de azevém no milho



Referências:

CARVALHO, L. B. HERBICIDAS. Editado pelo autor, Lages – SC, 2013. Disponível em: < https://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/fitossanidade/leonardobiancodecarvalho/livro_herbicidas.pdf >, acesso em: 13/11/2023.

DAMO, L. et al. MISTURAS DE HERBICIDAS EM TANQUE: O QUE SABER? Boletim informativo, Manejo Integrado de Plantas Daninhas, UFV. Viçosa – MG, 2020. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/ebook/MISTURAS_DE_HERBICIDAS_EM_TANQUE_O_QUE_SABER.pdf >, acesso em: 13/11/2023.

GAZZIERO, D. L. P. et al. MANUAL TÉCNICO PARA SUBSIDIAR A MISTURA EM TANQUE DE AGROTÓXICOS E AFINS. Embrapa Soja, documento, 437. Londrina – PR, 2021. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/228162/1/DOCUMENTOS-437-1.pdf >, acesso em: 13/11/2023.

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40, DE 11 DE OUTUBRO DE 2018. Disponível em: < https://www.agricultura.rs.gov.br/upload/arquivos/201812/07172824-instrucao-normativa-n-40-de-11-de-outubro-de-2018-regras-complementares-a-receita-agronomica-1.pdf >, acesso em: 13/11/2023.

Acompanhe nosso site, siga nossas mídias sociais (SiteFacebookInstagramLinkedinCanal no YouTube)


DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.