Em 1850, Justus von Liebig introduziu a ideia de que a produtividade de uma cultura é limitada pela disponibilidade do nutriente que se encontra em menor quantidade no solo, conceito fundamental para práticas de manejo da fertilidade do solo, conhecido popularmente como Lei do Liebig ou Lei do Mínimo e utilizado até os dias de hoje (figura 1). Tendo em vista que a nutrição de plantas tem relação fundamental com a produtividade da cultura, é importante ter atenção com o manejo da fertilidade do solo, observando as quantidades de macro e micronutrientes disponíveis no solo.

Figura 1. Representação ilustrada da Lei de Liebig.

Adaptado de: USP, Apud (Lepch, 1976)

Macronutrientes e micronutrientes

O primeiro passo para se manejar adequadamente a fertilidade do solo é entender a função que os nutrientes exercem na planta, dessa forma, é possível investir no adequado fornecimento dos nutrientes que atendam às necessidades da cultura. De modo geral, os nutrientes podem ser divididos em macro e micronutrientes para melhor entendimento. Os macronutrientes, são os nutrientes exigidos em maiores quantidade pelas plantas, podendo ser de origem orgânica como o Carbono (C), o Oxigênio (O), e o Hidrogênio (H), ou de origem química como por exemplo o Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Enxofre (S), Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg). Já os micronutrientes, são aqueles que são consumidos em menores quantidades pelas plantas, mas também desempenham papel fundamental no crescimento e desenvolvimento da cultura. São micronutrientes: Ferro (Fe), Manganês (Mn), Zinco (Zn), Cobre (Cu), Boro (B), Molibdênio (Mo), entre outros, Mendes (2007).


Veja também: Absorção de micronutrientes na soja ao longo do desenvolvimento da cultura


Veja também: Absorção de macronutrientes na soja ao longo do desenvolvimento da cultura


A partir de uma análise química, é possível descobrir as quantidades disponíveis de cada nutrientes no solo. Tendo a análise em mãos, deve-se consultar um profissional técnico qualificado para realizar a interpretação da análise e recomendação da adubação necessária para o sistema produtivo.

É muito importante que o pH do solo encontre-se na faixa adequada para o desenvolvimento da cultura, favorecendo a absorção de nutrientes por parte da planta. Uma alternativa para melhor organização e visualização da fertilidade da área é o georreferenciamento, podendo assim mapear a lavoura, dividindo as áreas quanto a disponibilidade de macro e micronutrientes, facilitando práticas de manejo. Essa técnica é muito utilizada na agricultura de precisão, onde mapas de fertilidade são gerados a partir da disponibilidade de determinado nutriente, como exemplificado na figura 2.

Figura 2. Mapeamento do nível de Ca em uma propriedade rural em Boa Vista do Paraiso, Paraná, Brasil.

Adaptado ALMEIDA et. al, (2016)

Veja também: Agricultura de precisão é mais rentável e diminui a necessidade do uso de insumos.


Manejo de macro e micronutrientes

As duas formas mais comuns de se aumentar a rentabilidade de uma cultura são aumentar a produtividade e diminuir custos de produção. Nesse sentido, tendo feito todas as correções de pH macro e micronutrientes no solo, é necessário tentar manter a boa fertilidade do solo, a fim de diminuir os custos de produção oriundos do uso de fertilizantes utilizando práticas de manejo que busquem tornar o sistema de produção sustentável. Dessa forma, uma das alternativas como práticas de manejo pensado no cultivo da soja, é realizar rotação de culturas.



Dentre os benefícios como controle de plantas daninhas, pragas e doenças, a rotação de cultura quando bem implementada pode auxiliar na conservação da fertilidade do solo e maximizar o uso dos nutrientes. Avaliando sistemas de rotação de cultura contendo leguminosas e milho, SMITH et.al, (2016) encontrou resultados que demonstram que a inserção de leguminosas em rotação ao cultivo do milho podem vir a aumentar os teores de N e C no solo.

Além disso, como os macronutrientes são exigidos em maiores quantidades, o uso de plantas recicladoras de nutrientes na rotação de culturas pode auxiliar na melhor eficiência do sistema. A exemplo dessas plantas podemos citar o nabo forrageiro (Raphanus sativus L.), segundo TEIXEIRA et. al (2011) plantas de cobertura como milheto e sorgo também podem auxiliar na reciclagem de nutrientes, a partir da decomposição da parte aérea das plantas, liberando nutrientes como N, P, e K, os quais podem ser utilizados pela cultura sucessora (figura 3).

Figura 3. Teor de nitrogênio na matéria seca remanescente de cultivares de milheto (Pennisetum glaucum (L.) R. Brown) ENA 2 e BRS 1501, e sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench), ao longo do tempo.

Adaptado: TEIXEIRA et. al, (2011).

Várias são as alternativas para auxiliar no manejo de macro e micronutrientes para plantas, contudo cabe ao produtor juntamente ao técnico responsável avaliar as possibilidades e a viabilidade de as implantar em cada sistema produtivo. Ferramentas como a rotação de culturas, georreferenciamento e agricultura de precisão podem fornecer um bom apoio para o manejo nutricional da lavoura, diminuindo custos de produção e aumentando a viabilidade do cultivo.

Referencias

ALMEIDA et. al, MAPEAMENTO DOS ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO A PARTIR DE AMOSTRAGEM PARA FINS DE AGRICULTURA DE PRECISÃO E TRADICIONAL. Cultura Agronômica, v.25, n.1, p.55-64, 2016.

MENDES, A. M. S. INTRODUÇÃO A FERTILIDADE DO SOLO. Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado da Bahia – SFA -BA/SDC/MAPA. p 64, 2007.

SMITH et.al, Doubled-up legume rotations improve soil fertility and maintain productivity under variable conditions in maize-based cropping systems in Malawi. Agricultural Systems, 145, 139-149, 2016.

TEIXEIRA, et. al, DECOMPOSIÇÃO E LIBERAÇÃO DE NUTRIENTES DA PARTE AÉREA DE PLANTAS DE MILHETO E SORGO. R. Bras. De Ci. Do Solo, v35, 867-876, 2011.

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