Os valores internacionais do algodão foram pressionados de forma expressiva em março. O primeiro vencimento na Bolsa de Nova York (ICE Futures) operou no menor patamar desde meados de junho/2009, em termos nominais, e o Índice Cotlook A chegou a US$ 0,6130/lp no dia 31 de março, o mais baixo desde o final de junho/2009. A moeda norte-americana operou acima de R$ 5,00 ao longo de toda a segunda quinzena do mês.

De 28 de fevereiro a 31 de março, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), porto de Paranaguá (PR), caiu 4,67%, pressionada pela queda de 17,5% no Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente), ao mesmo tempo em que o dólar se valorizou 15,67% frente ao Real. A média mensal da paridade foi de R$ 2,8907/lp, 0,19% menor que a do mês anterior, mas alta de 3,7% frente à de março/19 (R$ 2,7886/lp). No mesmo período, a média do Índice Cotlook A caiu 11,37% frente à de fevereiro/20 e 18,4% se comparada à de março/19. Na comparação mensal, o dólar se valorizou 12,68% frente ao Real e, na anual, 27,4%.

Os contratos da Bolsa de Nova York, por sua vez, foram pressionados pela pandemia do novo coronavírus, pela queda do petróleo e pelo enfraquecimento da demanda – seja do algodão e/ou de vestuário. Entre 28 de fevereiro e 31 de março, o vencimento Maio/20 se desvalorizou 16,85%, fechando a US$ 0,5113/lp no dia 31, e Jul/20 caiu 18,26%, a US$ 0,5090/lp. O contrato Out/20 teve queda de 14,14% (US$ 0,5321/lp) e o Dez/20, de 14,46% (US$ 0,5341/lp).

Além disso, a demanda externa se enfraqueceu – a diminuição das atividades nos portos de destino influenciou esse contexto. De acordo com colaboradores do Cepea, alguns compradores do exterior também pediram para postergar os embarques.

No Brasil, as negociações para embarque ao mercado externo no curto prazo (até maio de 2020) tiveram média de US$ 0,6525/lp em março, 7,3% abaixo da registrada no mês anterior (US$ 0,7039/lp), referente à pluma da safra 2018/19. Para exportação envolvendo a temporada 2019/20, a média das informações captadas pelo Cepea para embarque no segundo semestre de 2020 foi de US$ 0,6819/lp, baixa de 3% frente à de fevereiro/20 (US$ 0,7030/lp). Em relação à safra 2020/21, a média dos últimos seis meses de 2021 foi de US$ 0,7146/lp em março, recuo de 0,65% frente à do mês anterior.

Mercado Interno 

Diante do receio de agentes de mercado de que as medidas adotadas por governos para conter o avanço do coronavírus possam dificultar a logística nacional, muitas indústrias têxteis interromperam as atividades no final de março, exceto as que fornecem produtos hospitalares. Vale ressaltar que, com o fechamento de lojas físicas de produtos não essenciais em diversas cidades, incluindo os shoppings, as demandas por fios e pelo algodão diminuíram significativamente.

As indústrias que ainda operavam no fim de março trabalhavam com a matéria-prima estocada – muitas reduziram o ritmo de produção. A maioria dos agentes seguiu adiando o recebimento, solicitando aumento no prazo de pagamento, ou até mesmo cancelando os pedidos. Dos poucos vendedores ativos, parte se manteve firme nos valores pedidos, enquanto outros estiveram flexíveis no final de março. Porém, o baixo interesse e os preços ainda menores ofertados por compradores limitaram os fechamentos.



Neste cenário, as efetivações foram pontuais, especialmente na segunda quinzena de março. Vale lembrar que, até fevereiro, agentes tinham boas expectativas para o setor, fundamentados no forte ritmo das exportações e na melhora na venda de fios

Entre 28 de fevereiro e 31 de março, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, recuou 2,89%, fechando a R$ 2,8414/lp no dia 31. A média mensal foi de R$ 2,9183/lp, 2,28% maior que a de fevereiro/20, mas 5,25% abaixo da de março/19.

No campo, colaboradores do Cepea apontam que alguns agricultores continuaram se capitalizando, especialmente com as culturas de soja e milho, e relataram que as lavouras de algodão da safra 2019/20 estavam em boas condições.

Conab

Em março, a Companhia Nacional de Abastecimento apontou recuo de 1,9% na área semeada no Brasil na safra 2019/20 frente aos dados de fevereiro/20, totalizando 1,67 milhão de hectares. Para Mato Grosso, não houve mudança (mantendo a elevação de 6,2%), mas, para a Bahia, a queda foi de 10% em relação ao relatório anterior, indo para 315 mil hectares, e recuo de 5,1% frente à temporada 2018/19.

Em comparação com a safra 2019/20, a produtividade brasileira apresentou aumento de 3,01%, a 1,708 kg/ha em março. Em Mato Grosso, o rendimento deve crescer 4,24%, indo para 1,712 kg/ha e, na Bahia, 0,1%, a 1,740 kg/ha.

Quanto à produção brasileira da próxima temporada, entre os relatórios de fevereiro/20 e o de março/20, houve aumento de 1,05%, a 2,85 milhões de toneladas, 2,7% maior que o volume produzido na safra 2018/19. O estado mato-grossense também apresentou alta na produção, de 4,24%, totalizando 1,99 milhão de toneladas. No entanto, no estado baiano, houve recuo de 9,9% frente ao relatório passado e de 8,2% frente à safra 2018/19, indo para 548,3 mil toneladas.

Caroço de algodão 

Ao longo de março, as negociações de caroço de algodão estiveram em ritmo lento, devido à baixa disponibilidade e ao menor interesse comprador. Na última semana de março, especificamente, as vendas de farelo e de torta se aqueceram um pouco, influenciadas pela procura por parte de pecuaristas confinadores.

Com vendedores se mantendo firmes nos valores pedidos, segundo informações captadas pelo Cepea, o preço médio do caroço no mercado spot em março foi de R$ 605,56/t em Primavera do Leste (MT), elevação de 4,6% frente ao do mês anterior. Em Campo Novo do Parecis (MT), a alta foi de 4,3% (R$ 528,01/t) e, em Lucas do Rio Verde (MT), de 4,2% (R$ 565,59/t). Já em Barreiras (BA), houve queda no mesmo período, de 6,8% (R$ 718,02/t).

Fonte: Cepea

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