O raciocínio é simples: a) Assim como o trigo e a soja, o milho brasileiro depende da exportação para escoar grande parte da produção e manter preços mais elevados no mercado interno;

b) Como mostramos no gráfico acima, os preços internacionais (base da exportação) estão em forte ritmo de queda desde agosto do ano passado. Por sua vez os prêmios para agosto/23 recuaram de 95 para 75 cents/bushel em Santos e o dólar recuou 5,60% durante o ano de 2023, passando de R$ 5,35 em janeiro para R$ 5,05 hoje;

c) Como resultado, a exportação brasileira de milho está travada nos últimos cinco meses, deixando um estoque acima do esperado à disposição do mercado interno, que não precisa elevar os preços para se abastecer. Aliás, os preços do milho, na semana passada, recuaram 8,33% na B3, 5,95% no mercado físico do RS e 11,69% no PR, pressionados pela entrada do Centro-Oeste, onde os preços despencaram.

d) A próxima safra de milho brasileira deverá ser, no mínimo, 9 milhões de toneladas a mais do que a do ano passado, passando de 116 MT para 125MT neste ano. Isto significa aumento da oferta e, consequente, pressão sobre os preços.

e) A demanda chinesa abandonou o Brasil e se voltou para os EUA nos três primeiros meses de 2023. Com os recentes acontecimentos políticos entre EUA e China, porém, a respeito de Taiwan poderão reverter esta tendência, mas ainda não houve nenhum sinal concreto neste sentido.

f) Conclusão: Assim como no trigo, as melhores oportunidades já foram perdidas: a cotação mais alta ocorreu na segunda quinzena de junho de 2022. Em segundo lugar, mesmo que a demanda chinesa se volte novamente para o Brasil, o que irão subir serão os prêmios (mas, por mais que subam, apenas compensarão as quedas da CBOT) e as cotações de Chicago cairão, por falta de demanda para o milho americano. Então, nossa recomendação é você aproveitar qualquer alta em Chicago ou no mercado físico de sua cidade para vender e aplicar o dinheiro, porque renderá mais do que deixar o produto no armazém, mesmo que você esteja muito capitalizado.

FECHAMENTOS DO DIA: A cotação de maio fechou em baixa de -1,42% ou $ -19,25/bushel a $ 643,50. A cotação para julho 2023, início da nossa safra de inverno, fechou em baixa de -1,24% ou $ -7,75 bushel a $ 619,75.

CAUSAS DA BAIXA: O milho fechou em baixa nessa quinta-feira, véspera de feriado. Poucas vendas para a China, um momento crítico para o clima, a proximidade do relatório do WASDE, tudo isso antes de um feriado prolongado explicam a posição retraída dos investidores que lidam com muitas variáveis. A China já está há cinco dias sem compras nominais nos EUA. Com a disponibilidade do grão brasileiro e de uma nova tensão política entre EUA e China o mercado espera uma redução na demanda momentânea. Mesmo com uma melhora no clima e uma expectativa de relatório do WASDE positivo para a cotação do milho, o feriado prolongado foi determinate para o investidor agir com cautela. Com isso o milho foi o grão que mais caiu percentualmente durante a semana, -2,57% ou -17,00 cents/bushel.

NOTÍCIAS IMPORTANTES DO DIA 07/04

PRÉ-WASDE: As estimativas do pré-relatório antes do WASDE de abril de terça-feira mostram que os traders estão estimando um milho de 19,7 mbu (500,4 mil tons) mais apertado em média. Isso seria um estoque final de 1,322 bbu (33,58 MT) se realizado. O mercado também espera que o USDA reduza a safra de milho da Argentina em mais 3 MMT para 29,2 MT.

EUA-VENDAS SEMANAIS MAIORES: A FAS reportou 1,247 MMT de vendas de milho safra velha na semana encerrada em 30/03, aumento de 20% na semana e 60% acima da mesma semana do ano passado e incluiu 630,8k MT de negócios anunciados anteriormente. O total de compromissos de safra antiga foi de 32,2 MMT ou 1,465 bbu da previsão de 1,850 bbu do USDA. A nova safra foi relatada com 2 MMT de vendas a prazo em 30/03, 22% abaixo do ritmo do ano passado.

EUA-EXPORTAÇÃO FEVEREIRO: Os dados mensais do Censo confirmaram 128,9 mbu (3,27 MT) de milho exportado para o mês de fevereiro. Isso representa um aumento de 3,3% em relação ao embarque de janeiro, mas ainda é metade do recorde mensal estabelecido no ano passado. As exportações do ano comercial ficaram 414 mbu no ano passado (10,52 MT), com 679,96 milhões embarcados até 1º de fevereiro.

ARGENTINA: A BBCA manteve sua produção de milho em 36 MMT para a Argentina em sua última previsão, contra 49,50 MT do ano passado.

B3 – MERCADO FUTURO DE MILHO NO BRASIL

Milho devolveu parte da alta do dia anterior, na véspera do feriado

CAUSAS DA OSCILAÇÃO: O movimento continuou sendo especulativo: como praticamente toda a safrinha de 2023 está plantada, entramos num mercado de clima no Brasil e, em três dias de feriado, o clima pode aprontar das suas. Também do lado financeiro e político internacional, há incertezas que podem mudar o rumo das coisas. Então, não é prudente ficar comprado a preços considerados, neste momento, elevados, razão pela qual foram colocados levemente abaixo do dia anterior.

OS FECHAMENTOS DO DIA 07/04: Diante deste quadro, as cotações futuras fecharam em baixa: o vencimento maio/23 fechou a R$ 79,79, baixa de R$ -0,23 no dia e baixa de R$ -1,27 na semana; julho/23 fechou a R$ 80,19,baixa de R$ -0,21 no dia e alta de R$ 0,11 na semana; o vencimento de setembro/23 foi de R$ 79,96, baixa de R$ -0,26 no dia e baixa de R$ -0,16 na semana.

Fonte: T&F Agroeconômica



 

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