O controle de plantas daninhas é indispensável para reduzir a matocompetição sobre culturas agrícolas. No entanto, com o crescente avanço dos casos de resistência de plantas daninhas a herbicidas, o controle efetivo de algumas populações dessas plantas tem se tornado cada vez mais difícil.
Casos de resistência
Diversas espécies tem apresentado resistência a herbicidas, dentre elas, plantas comuns em áreas agrícolas como o capim-amargosos (Digitaria insularis), espécies de buva (Conyza spp.) e de caruru (Amaranthus spp.). Essas plantas daninhas se destacam pela elevada habilidade competitiva, grande produção de sementes e dispersão facilitada delas, o que contribui para a presença dessas daninha, safra após safra.
Segundo Heap (2023), dentre as principais famílias de plantas daninhas com resistência a herbicidas (figura1), destacam-se a Poaceae, a Asteraceae e a Brassicaceae. Dentre os ingredientes ativos mais afetados pela resistência a herbicidas a nível global (figura 2), destacam-se a atrazina (FSII), o glifosato (EPSPs) e o tribenuron-methyl (ALS) e o imazethapyr (ALS).
Figura 1. Número de espécies resistentes aos herbicidas para as 10 principais famílias infestantes.
Figura 2. Número de espécies resistentes a herbicidas por ingrediente ativo (Top 15).
Falhas no controle
No entanto, nem sempre as “sobras” de plantas daninhas nas áreas de cultivo representam a ocorrência de casos de resistência delas a herbicidas. O processo de resistência depende da seleção de indivíduos resistentes a determinado herbicida, e as vezes, as plantas remanescentes nas áreas de cultivo podem ser oriundas de falhas de manejo e não da seleção dos biótipos resistentes. Christoffoleti & Nicolai (2016) destacam que, as falhas de controle de plantas daninhas nem sempre significam resistência, podendo estar relacionadas a tecnologia de aplicação, solo e/ou condições climáticas.
Com relação a tecnologia de aplicação, os autores destacam que, a dose inadequada, a baixa cobertura do alvo ou incorporação insuficiente, o momento de aplicação inadequado (estádio da planta daninha), a necessidade do adjuvante, o excesso de poeira na folha ou água de baixa qualidade usada na calda, assim como o efeito de cobertura “guarda-chuva” nas aplicações em pós-emergência e o antagonismo entre dois ou mais herbicidas no tanque de pulverização, podem ser fatores responsáveis por influenciar a eficiência e eficácia de controle das plantas daninhas, resultando em falhas de controle.
Além disso, vale destacar que alguns herbicidas necessitam de condições adequadas de umidade e luminosidade, e que as condições de ambiente podem interferir na eficácia dos produtos. Umidade excessiva ou solo seco, assim como as condições de preparo do solo no momento da aplicação, a adsorção dos herbicidas no solo e na matéria orgânica, condições de estresse (quente e seco), assim como a ocorrência de chuvas após as aplicações, podem influenciar na eficiência dos herbicidas no controle das plantas daninhas (Christoffoleti & Nicolai, 2016).
Logo, nem toda “sobra” de planta daninha é necessariamente um caso de resistência a herbicidas, podendo ser resultante da interferência de fatores relacionados a tecnologia de aplicação, solo, clima ou ambos, devendo-se analisar cuidadosamente os processos realizados a fim de identificar possíveis falhas no manejo.
Veja mais: Calcário e Gesso atuando em conjunto
Referências:
CHRISTOFFOLETI, P. J.; NICOLAI, M. ASPECTOS RESISTÊNTES DE PLANTAS DANINHAS A HERBICIDAS. HRAC-BR, 2016. Disponível em: < https://drive.google.com/file/d/1UQXUzwbobVl7R2GUHQ-PSWV7ykxypBvN/view >, acesso em: 27/05/2024.
HEAP, I. BANCO DE DADOS INTERNACIONAL DE ERVAS DANINHAS RESISTENTES A HERBICIDAS, 2024. Disponível em: < https://weedscience.org/Home.aspx >, acesso em: 27/05/2024.