Um dos principais fitonematoides que acometem a cultura da soja é o nematoide Heterodera glycines, popularmente conhecido como nematoide de cistos. Conforme destacado por Castro; Meyer; Seixas (2024), esse fitonematoide tem ocorrência registrada em 10 estados (MG, MT, MS, GO, SP, PR, RS, BA, TO e MA), mas não é de ocorrência generalizada, sendo possível encontrar lavouras isentas da praga, mesmo em municípios com registro de ocorrência.

O nematoide dos cistos, acomete as raízes das plantas infectadas, reduzindo a capacidade delas em absorver água e nutrientes do solo, restringindo o crescimento e desenvolvimento vegetal. Em consequência, as plantas afetadas apresentam porte reduzido e produtividade comprometida, podendo apresentar sintomas de parte aérea como clorose.

Os sintomas são observados normalmente em reboleiras. O sistema radicular infectado fica reduzido e, a partir dos 30 – 40 dias após a semeadura, apresenta minúsculas fêmeas do nematoide, com o formato de um limão levemente alongado e coloração branca (Castro; Meyer; Seixas, 2024).

Figura 1. Fêmeas de Heterodera glycines em raízes de soja.
Fonte: Fontanelle Hybrids (2023)

Com o envelhecimento, a coloração vai mudando para amarelo, marrom-claro e, finalmente, a fêmea morre e seu corpo se torna uma estrutura rígida de coloração marrom-escura (Castro; Meyer; Seixas, 2024).

Figura 2. Cistos marrons de Heterodera glycines.
Fonte: NDSU (2024)
Sobrevivência

Esse fitonematoide sobrevive principalmente na forma de cistos formados após a morte das fêmeas, contendo ovos no seu interior. Na ausência da soja, mantêm-se em plantas hospedeiras, como feijão comum, feijão-caupi, feijão-guandu, fava, ervilha, ervilhaca, crotalaria juncea e tremoço (Embrapa, 2023).


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Medidas de controle

A disseminação dos nematoides ocorre principalmente pela transferência de máquinas e equipamentos agrícolas contendo solo contaminado, de uma área para outra. Nesse sentido, a limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas é uma das principais medidas para reduzir a disseminação dos fitonematoides.

Além disso, deve-se atentar para o uso de sementes certificadas (livres de torrões de solo que possam contar cistos de nematoide), e para a rotação de culturas com plantas não hospedeiras e/ou espécies que possuam a capacidade de reduzir a reprodução dos nematoides, como  girassol, braquiária, mucuna, etc.

O uso de bioinsumos e de inseticidas registrados para a cultura contribui para a redução populacional dos fitonematoides. Além disso, medidas como a correção da acidez do solo podem atenuar os efeitos dos fitonematoides nas plantas, em função das melhores condições químicas do solo para o desenvolvimento radicular.

O uso de cultivares resistentes é uma das principais medidas de manejo do nematoide de cistos, contudo, as cultivares de soja com resistência a esse fitonematoides não são muito numerosas. Além disso, as que possuem essa característica não são precoces e isso pode dificultar a semeadura de culturas de segunda safra e o manejo da ferrugem-asiática (Castro; Meyer; Seixas, 2024).


Veja mais: Culturas de cobertura – Manejo de nematoides e ciclagem de nutrientes


Referências:

CASTRO, J. M. C.; MEYER, M. C.; SEIXAS, C. D. S. PRINCIPAIS NEMATOIDES EM ÁREAS PRODUTORAS DE SOJA NO BRASIL. Embrapa, Circular Técnica, n. 202, 2024. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1164703/1/Circ-Tec-202.pdf >, acesso em: 12/07/2024.

EMBRAPA. NEMATOIDE-DOS-CISTOS DA SOJA EVITE A CHEGADA DO NEMATOIDE EM SUA LAVOURA; OCORRENDO, PROCEDA AO MANEJO DA ÁREA. Embrapa, 2023. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1152487/1/NEMATOIDE-DOS-CISTOS-DA-SOJA-A4-versao-final.pdf >, acesso em: 12/07/2024.

Foto de capa: NDSU (2024)

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