Considerada por muitos a doença mais preocupante da soja, a ferrugem-asiática causada pelo fungo (Phakopsora pachyrhizi), pode acometer a soja em qualquer fase do seu desenvolvimento, causando perdas de produtividade que podem chegar a 90% (Godoy et al., 2024). Sobretudo, além da presença de inóculo do fungo, um fator decisivo para a ocorrência da doença é a condição ambiental, especialmente com relação a temperatura e umidade.

Para que ocorra a infecção da ferrugem asiática, além da presença de inóculo do fungo, é essencial a presença de água livre na folha (molhamento foliar). Em média, são necessários no mínimo seis horas de molhamento para que ocorra a infecção, sendo que, o máximo de infecção ocorre com 10 a 12 horas de molhamento foliar. Além disso, temperaturas amenas variando entre 18°C e 26,5°C favorecem o processo de infecção (Henning et al., 2014).

Considerando as condições favoráveis para o desenvolvimento da ferrugem-asiática, uma característica comum em muitas lavouras do Sul do Brasil tem preocupado agricultores. Trata-se da persistente presença de orvalho durante a as primeiras horas da manhã nas áreas de soja. O orvalho é a umidade do ar, condensada, resultando na deposição de gotas de água em superfícies resfriadas pela irradiação noturna (Fiorin & Ross, 2015).

Figura 1. Orvalho em folhas de soja.

A formação de orvalho é muito comum em noites de céu limpo (sem nebulosidade) e calmas (sem convecção). O que ocorre, é que, a energia absorvida pela planta durante o dia, é liberada durante a noite, sendo essa, maior que a energia recebida da atmosfera nesse período. Consequentemente, a superfície do objeto torna-se mais fria que o ar adjacente e resfria este ar. Com resfriamento suficiente, o ar adjacente torna-se saturado. Se o ar está acima do ponto de congelamento, o vapor d’água pode condensar-se sobre o objeto como orvalho; se a temperatura do ar está abaixo da temperatura de congelamento, o vapor d’água pode depositar-se como geada (Grimm, 1999, apud., . Cruz; Brotto; Goto, 2017).

A formação do orvalho também está condicionada pela temperatura do ponto de orvalho, que nada mais é do que a temperatura na qual inicia-se a condensação do vapor d’água contido no ar atmosférico. O ponto de orvalho é influenciado, principalmente pela temperatura do ar, sua umidade relativa e pela pressão de saturação, que é a pressão parcial de vapor de água que o ar pode conter quando está saturado a uma determinada temperatura.

Considerando o cenário em que temperaturas relativamente altas têm sido observadas durante o período diurno e relativamente menores durante a noite, sob condições de elevada umidade relativa do ar, é provável que ocorra a formação de orvalho, principalmente em noites sem nebulosidade e sem vento. Logo, tendo em vista as condições favoráveis ao desenvolvimento da ferrugem, deve-se redobrar os cuidados com a doença sob condições favoráveis a formação de orvalho, tendo em vista que o orvalho pode proporcionar condições favoráveis a infecção pelo fungo.

Referências:

AGROCLIMATOLOGIA. AGRICULTURA FAMILIAR E SUSTENTABILIDADE: AGROCLIMATOLOGIA. Universidade Federal de Santa Maria. Disponível em
: < https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/16158/Curso_Agric-Famil-Sustent_Agroclimatologia.pdf?sequence=1&isAllowed=y >, acesso em: 08/02/2024.

CONTROLE DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA, Phakopsora pachyrhizi, NA SAFRA 2022/2023: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica. n. 195, 2023. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1154837/1/Circ-Tec-195.pdf >, acesso em: 08/02/2024.

CRUZ, L. G.; BROTTO, L. C. M.; GOTO, M. T. S. DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE CONTROLE AUTOMÁTICO DE UM TERMONEBULIZADOR AGRÍCOLA PARA CONTROLE DE GEADAS EM PLANTAÇÕES. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Trabalho de Conclusão de Curso, 2017. Disponível em: < https://repositorio.u/tfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/9512/2/CT_COMET_2017_1_02.pdf >, acesso em:/ .

FIORIN, T. T.; ROSS, M. D.; CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA. Universidade Federal de Santa Maria, Colégio Politécnico, Rede e-Tec Brasil, 2015. Disponível em: < https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/413/2018/11/08_climatologia_agricola.pdf >, acesso em: 08/02/2024.

GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O

HENNING, A. A. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa, Documentos, n. 256, ed. 5, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105942/1/Doc256-OL.pdf >, acesso em: 08/02/2024.

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