A continuidade das condições climáticas de tempo predominante seco e de temperaturas elevadas ainda prejudica a soja. Na semana, a cultura alcança 32% de área na fase de enchimento de grãos.

Na região administrativa de Emater/RS-Ascar de Bagé, as perdas estimadas nas lavouras de soja se intensificam devido ao prolongamento do período sem chuvas associado ao efeito das altas temperaturas. A estiagem está refletindo em maiores impactos se comparada ao cenário dos meses de dezembro e janeiro, pois, no momento, mais de 60% das áreas já atingiram a fase de floração ou enchimento de grãos, quando a capacidade de tolerância da cultura ao estresse hídrico reduz significativamente. Na Campanha, embora o potencial produtivo nas áreas de várzeas seja superior, já se observam também prejuízos nesses locais devido à redução dos níveis de umidade no solo. Em Hulha Negra e Lavras do Sul, as perdas já alcançam 40%. Os produtores estão realizando pulverizações por conta da presença constante de ácaros e tripes.

Poucas aplicações de fungicidas foram realizadas devido ao clima seco e à expectativa de baixa produtividade das lavouras. A incidência de oídio, relatada no mês de janeiro, em algumas áreas, não evoluiu, dispensando, até o momento, a necessidade de adoção do controle químico. Na Fronteira Oeste, em São Borja, onde havia expectativa de plantio de 105.000 hectares, foram plantados apenas 96.600 hectares em função da falta de umidade no solo entre os meses de dezembro e janeiro. Da área implantada, 20.000 hectares são irrigados, porém muitos desses produtores já estão ficando sem água e podem sofrer perdas expressivas, caso não volte a chover nos próximos dias. Em Manoel Viana, as perdas já alcançam 40% e aumentam a cada dia. As lavouras estão sob intenso estresse, sofrendo abortamento de flores, vagens, queima e queda das folhas. As plantas já estabelecidas, há meses, estão morrendo. Em Quaraí, as perdas são estimadas em 50%.

Na de Caxias do Sul, a semana de clima seco agravou a situação das lavouras situadas na parte oeste da região. Já nos Campos de Cima da Serra, onde se cultiva cerca de 80% do total da área da região, o volume de chuvas, no período anterior, ainda garante um índice hídrico para o bom desenvolvimento da cultura.

Na de Erechim, 10% das lavouras estão em estado vegetativo, 80% em fase de floração/formação de vagem-cotonete e 10% em enchimento de grão.

Na de Frederico Westphalen, segue um cenário bastante indefinido quanto à produtividade final, pois as chuvas permanecem fracas e irregulares.

Na de Ijuí, o clima extremamente seco e quente acentuou expressivamente os sintomas de déficit hídrico na cultura. Nos horários mais quentes do dia, as plantas apresentaram folhas com forte murchamento e com a face inferior voltada para cima, morte de plantas nos locais de solo mais raso, queda acentuada de flores e de vagens e paralização do crescimento e da formação de grãos.

Na de Pelotas, as lavouras que apresentam estande de plantas com falhas e diferenças no desenvolvimento, decorrentes dos efeitos da estiagem, foram beneficiadas pelas chuvas ocorridas nos primeiros dias do mês e retorno da umidade nos solos, permitindo sua recuperação e desenvolvimento acelerado e ocupando os espaços abertos nas lavouras, através da emissão de ramificações ou de um maior engalhamento. As perdas de produtividade provocadas pela estiagem estão sendo reavaliadas devido ao retorno de chuvas durante essa semana, em muitos municípios da região. Há possibilidade de uma recuperação da produtividade e da produção dessas áreas, de acordo com a ocorrência de chuvas.

Na de Santa Rosa, devido ao quadro de estiagem, observa-se que as perdas estão se acumulando a cada semana. A condição ocasiona baixo crescimento e estatura das plantas de soja, reduzindo a capacidade de floração e, no momento, diminuindo a formação de vagens e o tamanho dos grãos, além da morte de um grande número de flores. Na região das Missões, em torno de São Luiz Gonzaga, as lavouras de soja apresentam as maiores perdas de produtividade em relação ao potencial inicial esperado, uma vez que, nessa região, os volumes de chuvas, desde novembro de 2022, são os menores da região.

Contudo, também há lavouras com boa capacidade produtiva, como nos municípios de Santa Rosa, Giruá, Três de Maio e Horizontina, devido à ocorrência de bons volumes de chuvas localizadas e esporádicas nas lavouras de solos profundos e semeadas em final de outubro, possibilitando desenvolvimento e potencial de produtividade da soja entre 2.400 a 2.700 kg/ha. Já há solicitação de Proagro, e estão sendo realizadas vistorias nas lavouras. Os tratamentos para o controle de ervas daninhas e para o controle de doenças fúngicas estavam sendo realizados conforme as condições de umidade do solo e do ar, mas em função do tempo seco, foram interrompidos. Porém, muitos produtores que tem bons equipamentos estão realizando essas pulverizações à noite, aproveitando a umidade noturna.

Na de Soledade, de maneira geral, o cenário da soja é crítico em toda a região. A exceção são os locais onde ocorreram melhores acumulados de chuvas nas últimas semanas, permitindo que as lavouras se desenvolvam normalmente. Porém, dias consecutivos de altas temperaturas e de baixa umidade relativa do ar aceleram a evapotranspiração, e o retorno de chuvas mais frequentes é necessário para manter o potencial produtivo dessas lavouras.

Comercialização (saca de 60 quilos)

Segundo o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, a cotação média da soja na semana foi de R$ 167,86/sc., representando uma elevação de 1,79% em relação a cotação da semana anterior.

Fonte: Informativo Conjuntural n° 1750- Emater/RS



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