Cada vez mais se busca a sustentabilidade dos cultivos agrícolas, aumentado a lucratividade, diminuindo os danos ambientais e proporcionando condições adequadas para a longevidade da atividade agrícola e uma das principais ferramentas para um manejo sustentável é a rotação de culturas.

A rotação de culturas contribui para a melhoria de aspectos físicos, biológicos, estruturais e químicos do solo, além de auxiliar no controle de plantas daninhas, servir como adubação verde entre outros benefícios. A rotação de culturas com leguminosas, proporciona o incremento de nitrogênio no solo, aumentando a disponibilidade do nutriente para as plantas. Já se tratando de gramíneas, o principal incremento é observado na forma de carbono e recobrimento do solo, pois devida a alta relação C/N das plantas, a decomposição dos resíduos culturais leva mais tempo quando comparado a leguminosas.

Mas quais os benefícios na produção de grãos?

Se tratando do cultivo de milho, tanto Silva et al. (2007) quanto Michelon et al. (2015) observaram que quando o milho e cultivado em sucessão a plantas de cobertura que contenham em seu consorcio uma leguminosa, ou apenas essa; são alcançadas maiores produtividades de milho, destacando assim a contribuição das leguminosas ao sistema de produção. Michelon et al. (2015) avaliaram o milho cultivado após Aveia preta + Ervilhaca; Ervilhaca; Aveia preta + Nabo + Ervilhaca; Tremoço Azul; Pousio; Aveia preta; Nabo Forrageiro; Aveia preta + Nabo; Azevém e Ervilha Forrageira.

Segundo Michelon et al. (2015) maiores produtividade de milho forma observadas nos tratamentos em que foram utilizadas as leguminosas ou consórcios, fato este que pode ter ocorrido em resposta a maior disponibilidade de nitrogênio do sistema em decorrência da fixação biológica de nitrogênio pelas leguminosas e pela alta resposta do milho ao nutriente.



Conforme demonstrado na figura 1, menores produtividade forma observadas pelos autores no ano agrícola de 2013/2014, fato que os autores atribuem a períodos de déficit hídrico. Entretanto, em ambos os anos de cultivo, é notória a contribuição das leguminosas e das brássicas no aumento da produtividade do milho.

Figura 1. Rendimento de grãos da cultura do milho, nos anos agrícolas de 2012/2013 (A) e 2013/2014 (B).

Onde: Av+Erv (Aveia+Ervilhaca); Erv (Ervilhaca); Av+Na+Erv (Aveia+Nabo+Ervilhaca); Tre (Tremoço Azul); Pou (Pousio); Av (Aveia); Na (Nabo Forrageiro); Av+Na (Aveia+Nabo); Az (Azevém); ErvF (Ervilha Forrageira). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Scott Knott a 5%.
Fonte: Michelon et al. (2015).

Silva et al. (2007) destacam que as maiores respostas da produtividade do milho em decorrência da sucessão à culturas de cobertura como gramíneas consorciadas com leguminosas ou apenas leguminosas são observadas quando há baixa disponibilidade de nitrogênio no sistema. Quando em níveis altos ou adequados, os autores destacam que as contribuições das leguminosas e/ou consórcios não são tão observados na produtividade do milho. Entretanto, as plantas mostram-se uma interessante alternativa para a rotação de culturas por apresentar boa produção de palhada, especialmente se tratando dos consórcios.

Já no que diz respeito a cultura a soja, Caetano et al. (2018) avaliando a produtividade da soja em sucessão a planta de cobertura, observaram que quando comparado a semeadura em sucessão ao pousio, com a semeadura da soja em sucessão a plantas de cobertura, maiores produtividade são observadas na soja semeada após plantas de cobertura, tanto em sistemas de consórcios quanto em sistemas de cultivos solteiro, o que demonstra o importante papel da rotação de culturas no cultivo da soja.

Tabela 1. Massa de 1000 grãos e produtividade de soja cultivada em sucessão a diferentes plantas de cobertura.

Adaptado: Caetano et al. (2018).

Quando comparada a testemunha com a soja cultivada após a ervilhaca ou o consorcio aveia + nabo, observa-se que na soja após as plantas de cobertura houve um incremento de produtividade de quase 600 kg.ha-1, ou seja, quase 10 sacos.ha-1. Embora não tão expressivas quanto as contribuições de produtividade para a cultura do milho, na cultura da soja também são observados incrementos de produtividade significativos no cultivo após plantas de cobertura de inverno. Além disso, a utilização de plantas de cobertura no período de inverno possibilita a cobertura do solo, diminuindo a incidência de plantas daninhas e proporcionando incremento de biomassa no sistema de produção.


Veja também: Plantas de cobertura e rotação de culturas melhoram o solo e auxiliam no controle de plantas daninhas


Referências:

CAETANO, J. H. S. et al. PRODUTIVIDADE DE SOJA EM SUCESSÃO A PLANTAS DE COBERTURA. XII REUNIÃO SUL BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO, 2018.

MICHELON, C. J. et al. PLANTAS DE COBERTURA E SEUS EFEITOS NA DENSIDADE DO SOLO E NO RENDIMENTO DE GRÃOS DA CULTURA DO MILHO. XXXV CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 2015.

SILVA, A. A. et al. SISTEMAS DE COBERTURA DE SOLO NO INVERNO E SEUS EFEITOS SOBRE O RENDIMENTO DE GRÃOS DO MILHO EM SUCESSÃO. Ciência Rural, v.37, n.4, jul-ago, 2007.

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