As doenças podem surgir ao longo do desenvolvimento da cultura e ocasionar perdas tanto em termos de quantidade como de qualidade dos grãos produzidos. Dentre os patógenos responsáveis por tais doenças, destacam-se os fungos Stenocarpella maydis [sinônimo de Diplodia maydis] e Stenocarpella macrospora [sinônimo de Diplodia macrospora], que possuem a capacidade de infectar os grãos de milho. Quando a infecção ocorre com alta frequência e severidade, manifesta-se a doença conhecida como “podridão branca da espiga”. Os grãos de milho afetados por esses fungos são denominados “grãos ardidos” (Pinto, 2006).
A podridão branca da espiga, popularmente conhecida como podridão de diplodia afeta diretamente a qualidade das sementes de milho. Além dos danos econômicos, a presença do fungo nas sementes representa uma preocupação devido aos riscos associados ao consumo das sementes infectadas e seus derivados (Fernandes & Guimarães, 2023).
Segundo Wordell Filho et al. (2016), a doença acomete a cultura do milho durante o período reprodutivo da planta, entre os estádios R5 e R6. Os sintomas da podridão branca, conforme destacado por Pinto (2006), manifestam-se através de grãos com coloração marrom, apresentando baixo peso. Sob condições de elevada umidade, pode ocorrer a formação do micélio branco entre as fileiras de grãos. O desenvolvimento da doença pode afetar parte ou toda a espiga, com o início da infecção ocorrendo tanto na base quanto na ponta da espiga. A presença de várias pequenas estruturas negras, conhecidas como picnídios, nos grãos da espiga e nas palhas, caracteriza a presença desses patógenos.
Caso a infecção ocorra até duas semanas após a polinização, pode ocorrer o apodrecimento dos grãos, com evidente crescimento do fungo sobre a espiga, que se apresenta sob a forma de uma massa de aspecto cotonoso com cores que variam de pardo-cinzenta a esbranquiçadas (Wordell Filho et al., 2016).
Figura 1. Micélio branco de Stenocarpella maydis crescendo inicialmente na base da espiga.
A incidência e severidade da doença aumentam significativamente em áreas onde os resíduos de cultura infectados permanecem no solo, especialmente em condições de monocultura e práticas de plantio direto (Pinto, 2006). As principais fontes de inóculo destes patógenos são as sementes infectadas e os restos culturais que permanecem no solo. Os esporos do fungo são originários de restos culturais do milho e das lesões foliares causadas por D. macrospora. Quando os resíduos de cultivo estão infectados e as condições climáticas são quentes e úmidas, ocorre a liberação do inóculo, que é então disperso até as espigas por meio de respingos de chuva, transporte pelo vento e até mesmo por insetos.
Além disso, os esporos podem ser transportados pela água até a bainha foliar, onde germinam, dando início à infecção na base da espiga. Posteriormente, os esporos germinam e penetram na palha da espiga. A infecção geralmente se desenvolve duas a três semanas após a polinização, sendo favorecida por condições de elevada umidade relativa do ar, acima de 90%, e temperatura entre 28 e 30°C (Wordell Filho et al., 2016).
A podridão branca da espiga pode ser causada por ambas as espécies S. maydis e S. macrospora. Costa et al. (2013) destacam que alguns trabalhos utilizando a inoculação artificial das espigas sob condições de campo, demostram que as infecções de S. maydis podem resultar em perdas superiores a 70% no peso das espigas, quando comparadas com espigas não inoculadas.
Figura 2. Comparação do peso médio de espigas sadias e inoculadas com Sternocarpella maydis.
Além dos danos diretos à produtividade, como a redução do peso dos grãos, redução da germinação e do vigor das sementes e redução da qualidade do produto pelo aumento da deterioração, Costa et al. (2013) ressaltam que esses fungos são conhecidos pela produção de micotoxinas, as quais causam danos à saúde humana e animal.
De acordo com Wordell Filho et al. (2016), não existem híbridos ou variedades de milho resistentes à diplodia. Nesse sentido, evitar a semeadura da cultura em áreas onde há a presença de restos culturais infectados, torna-se a principal medida de controle da doença. É importante o uso de sementes sadias ou tratadas com fungicidas pois pode reduzir ou eliminar o inóculo da semente.
Além disso, é recomendado manter a sanidade da cultura, com fornecimento de uma adubação adequada como estratégias para evitar a incidência da doença e, reduzir a irrigação durante o período que vai do florescimento ao enchimento dos grãos também pode contribuir para minimizar a infecção do fungo nas espigas.
Veja mais: Estria bacteriana na cultura do milho
Referências:
COSTA, R. V. et al. DOENÇAS CAUSADAS POR FUNGOS DO GÊNERO Stenocarpella spp. (Diplodia spp.) EM MILHO. Embrapa, circular técnica, 197. Sete Lagoas – MG, 2013. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/975588/1/circ197.pdf >, acesso em: 23/02/2024.
FERNANDES, J. S.; GUIMARÃES, R. M. PODRIDÃO DE DIPLODIA: O PERIGO INVISÍVEL. Revista Cultivar, 2023. Disponível em: < https://revistacultivar.com.br/artigos/podridao-de-diplodia-o-perigo-invisivel >, acesso em: 23/02/2024.
PINTO, N. F. J. A. PODRIDÃO BRANCA DA ESPIGA DE MILHO. Embrapa, Comunicado técnico, 141. Sete Lagoas – MG, 2006. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPMS/19644/1/Com_141.pdf >, acesso em:
WORDELL FILHO, J. A. et al. PRAGAS E DOENÇAS DO MILHO: DIAGNOSE, DANOS E ESTRATÉGIAS DE MANEJO. Epagri, Boletim técnico, n. 170. Florianopolis – SC, 2016. Disponível em: < https://ciram.epagri.sc.gov.br/ciram_arquivos/agroconnect/boletins/BT_PragasDoencasMilho.pdf >, acesso em: 23/02/2024.
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