Os fungos biotróficos são patógenos que necessitam de hospedeiros com tecido vivo para realizar a infecção por meio de uma estrutura especifica denominada de haustório, o fungo utiliza essa ferramenta para retirar das células do hospedeiro o seu alimento. Estes patógenos têm por característica não destruir as células do hospedeiro imediatamente para se nutrir, diferente dos patógenos necrotróficos que se mantêm de tecido necrosado.
As doenças dependem de alguns fatores para que ocorra o fechamento do triangulo da doença (patógeno, ambiente e hospedeiro). Estes patógenos após a safra sobrevivem essencialmente através de “ponte verde”, ou seja, hospedeiros alternativos responsáveis por garantir a sobrevivência e multiplicação de patógenos no período de entressafra e/ou de cultivos sucessivos.
Um dos grandes responsáveis pela decorrência da “ponte verde”, é a chamada soja espontânea (guaxa), que germina através de grãos perdidos da colheita anterior, seja na lavoura, beira de estradas e demais localidades (Figura 1 e 2). Entretanto, diversas espécies de plantas podem se caracterizar como hospedeiros alternativos para tais patógenos, sendo algumas delas: Pueraria lobata (kudzu) (Figura 3), Ipomea spp. (corda de viola), Euphorbia heterofila (leiteiro), Phaseolus vulgaris (feijoeiro comum), Indigofera sp., Crotalaria lanceolata, Neonotonia wightii (soja perene), bem como 35 espécies em 18 gêneros da família das Fabaceae (CABI, 2019).



Segundo Madalosso, M.G. (2019), a ocorrência da “ponte verde” é um dos principais responsáveis pelo inóculo inicial de patógenos biotróficos, pois dá continuidade à epidemia até que ocorra uma nova semeadura, tornando-a localizada. Desta forma, medidas estratégicas devem ser tomadas para a mitigação do avanço destes fungos, uma delas é vazio sanitário, que é responsável por reduzir a epidemia, bem como, a multiplicação dos patógenos.
O vazio sanitário é uma importante ferramenta para minimizar a proliferação da ferrugem da soja, diminuindo assim a proliferação para a safra subsequente. Durante 60 dias no mínimo, não é permitido qualquer cultura e/ou plantas voluntárias nas lavouras. O começo e o término do vazio sanitário variam de acordo com cada Estado no Brasil, o Paraguai também utiliza esta ferramenta. No Brasil 13 Estados mais o Distrito Federal adotam este parâmetro, o cumprimento deste, é fiscalizado pelos órgãos agropecuários de cada Estado (SEIXAS e GODOY, 2007) (QUADRO 1).
Quadro 1: Períodos de ocorência do vazio sanitário nos Estados, microregiões do Brasil e no Paraguai.

A região Sul do Brasil, onde predomina o clima subtropical, conta com um método natural importante no controle da ponte verde, a geada. Que na ocorrência de invernos rigorosos, tem a função de eliminar estas plantas espontâneas, que se apresentam expostas às intempéries do clima. Todavia, na ausência de invernos rigorosos não há o controle efetivo destas plantas.
Portanto é fundamental que ocorra a eliminação das plantas voluntarias e que seja respeitado a período de vazio sanitário. No Rio Grande do Sul, é importante salientar a importância do manejo de dessecação da chamada “soja guaxa” no manejo pós-safra para evitar evolução dos fungos biotróficos. Ainda assim, plantas hospedeiras nas beiras das estradas e rodovias são de difícil controle, o que pode dificultar o manejo principalmente da P. pachyrhizi.
Referências Bibliográficas:
CABI, 2021. Link: ( https://www.cabi.org/isc/datasheet/40019). Acessado 17/04/2021.
MADALOSSO, M.G. Soja GUAXA – ponte verde para patógenos. Link: https://www.youtube.com/watch?v=e-UAfyi6PU4&t=4s. Acessado 17/04/2021.
SEIXAS, Claudine Dinali Santos; GODOY, Cláudia Vieira. Vazio sanitário: panorama nacional e medidas de monitoramento. Anais do simpósio brasileiro de ferrugem asiática da soja, p. 23, 2007.
Autores: Eduardo Argenta Steinhaus¹, Eduarda Casarin¹, Luiz Eduardo Braga¹ e Marcelo Gripa Madalosso².
- ¹ = Estudante do curso de agronomia URI Campus Santo Ângelo e membro do Grupo de Proteção de Plantas URI Santo Ângelo.
- ² = Professor Dr. da URI Campus Santo Ângelo e Santiago e coordenador do grupo de proteção de plantas URI Santo Ângelo e Santiago.
Foto de capa: Marcelo Gripa Madalosso