Um dos nutrientes mais requeridos pela soja é o potássio (K). Em média, são extraídos cerca de 38 kg K2O para cada tonelada de soja produzida (Embrapa Soja, 2008). Considerando que 20 kg k2O são extraídos pelos grãos e 18 kg k2O pelos resíduos culturais, realizar o aporte nutricional via adubação com fertilizantes potássicos é essencial para assegurar a manutenção da produtividade da soja.
A deficiência de potássio, assim como de qualquer outro nutriente, pode limitar a produtividade da soja, mesmo com teores elevados de outros nutrientes no solo. Considerando que é necessário realizar a adubação potássica para suprir a demanda do nutriente pela soja, dúvidas quando a forma de aplicação do nutriente e fertilizantes mais adequados são frequentes nos sistemas de produção grãos.
Dentre os fertilizantes potássicos mais utilizados com esse intuito, podemos destacar o cloreto de potássio (KCl), cuja concentração média de k2O varia entre 60 a 63%, seguido pelo sulfato de potássio, o qual apresenta em média 50% de k2O e 17% de Enxofre (S) (IPNI). Por ser considerado um nutriente com maior mobilidade no solo, quando comparado ao fósforo, o potássio apresenta maior versatilidade de formas de aplicação, podendo ser aplicado via sulco, via lanço (em cobertura), ou de ambas as formas.
Por se tratar de um nutriente que apresenta certo efeito salino, a adição de elevadas doses de potássio no sulco, no momento da semeadura da soja, pode resultar em danos às sementes, afetando sua capacidade germinativa (efeito salino), além de reduzir o rendimento operacional da atividade. Considerando que o potássio pode ser aplicado em superfície sem maiores danos à produtividade, o particionamento da adubação potássica pode ser uma interessante alternativa em algumas situações, conduto, é preciso definir o melhor momento de aplicação do potássio em cobertura.
Avaliando o efeito da adubação potássica, em diferentes épocas de aplicação em cobertura, na cultura da soja, Cavalini et al. (2018) observaram que a adição potássica em superfície a lanço 50% da dose 15 dias após a semeadura + 50% da dose 30 dias após a semeadura aumentou em 575 kg ha–1 a produtividade da soja, em comparação ao controle (testemunha).
Os tratamentos analisados pelos autores consistiam na aplicação de cloreto de potássio em: T1: 174,56 kg K2O a lanço 15 dias após a semeadura (100%); T2: 174,56 kg K2O a lanço na semeadura (100%); T3: 174,56 kg K2O a lanço 30 dias após a semeadura (100%); T4: 50% da dose (87,28 kg K2O) a lanço aos 15 dias após a semeadura + 50% aos 30 dias após a semeadura; T5: 50 % da dose (87,28 kg K2O) a lanço na semeadura + 25% da dose (43,64 kg K2O) aos 15 dias após a semeadura+ 25% da dose (43,64 kg K2O) aos 30 dias após a semeadura e T6: Controle, somente adubação de base (00-28-00) (Cavalini et al., 2018).
Tabela 1. Altura da planta em cm planta-1 (AP), massa de mil grãos em kg (MMG) e produtividade (kg ha-1), da soja em resposta da aplicação de potássio em diferentes épocas de cultivo.

Mesmo que os resultados obtidos pelos autores não tenham diferido estatisticamente pelo teste de Duncan, os maiores resultados de produtividade formam observados com a aplicação de 50% da dose aos 15 dias após a semeadura +50% da dose aos 30 dias após a semeadura, seguida pela aplicação da dose total aos 15 dias após a semeadura da soja, demonstrando que a época de aplicação do fertilizante pode influenciar a produtividade da cultura.
Contudo, cabe destacar que além da época, a dose é extremamente importante do ponto de vista produtivo, sendo essencial fornecer a dose correta de potássio, com base nos níveis de fertilidade do solo e expectativas de produtividade da cultura. Além disso, considerando que mais de 80% do K contido nos resíduos culturais de algumas espécies é liberado em menos de 30 dias, a inclusão de culturas intercalares está aumentando (Pereira, 2009).
Espécies de cobertura e/ou forrageiras com capacidade tem ciclar nutrientes do solo, bem como proporcionar boa cobertura residual, tem se tornado importantes ferramentas para o manejo da fertilidade e sustentabilidade dos sistemas de produção agrícola.
Veja mais: Encaixe de plantas de cobertura – quais critérios deve-se levar em consideração?
Referências:
CAVALINI, P. F. et al. RESPOSTA DA SOJA À ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DE POTÁSSIO EM COBERTURA. Arq. Ciênc. Vet. Zool. UNIPAR, Umuarama, v. 21, n. 1, 23-28, jan./mar. 2018. Disponível em: < https://www.revistas.unipar.br/index.php/veterinaria/article/download/6953/3663#:~:text=Com%20aduba%C3%A7%C3%A3o%20pot%C3%A1ssica%20aumentou%20o,vagem%20e%20altura%20de%20planta. >, acesso em: 15/06/2023.
EMBRAPA SOJA. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE SOJA – REGIÃO CENTRAL DO BRASIL 2009 E 2010. Embrapa Soja, Sistemas de Produção, 13, 2008. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/471536/1/Tecnol2009.pdf >, acesso em: 15/06/2023.
IPNI. NUTRI-FATOS: INFORMAÇÃO AGRONÔMICA SOBRE NUTRIENTES PARA AS PLANTAS. IPNI. Disponível em: < http://www.ipni.net/publication/nutrifacts-brasil.nsf/0/41E6F19480F54DE38325818600431B1F/$FILE/NutriFacts-BRASIL-3.pdf >, acesso em: 15/06/2023.
PEREIRA, H. S. FÓSFORO E POTÁSSIO EXIGEM MANEJOS DIFERENCIADOS. Visão Agrícola, n. 9, 2009. Disponível em: < https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/VA9-Fertilidade04.pdf >, acesso em: 15/06/2023.