Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.

As cotações do milho em Chicago voltaram a subir nesta semana, se aproximando dos US$ 6,00/bushel, algo que não é visto desde julho de 2013. O fechamento desta quinta-feira (15), para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 5,90/bushel, contra US$ 5,79 uma semana antes.

O relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no dia 09/04, pouco trouxe de novidades. O mesmo apontou um aumento de um milhão de toneladas na produção mundial, trazendo a mesma para 1,137 bilhão de toneladas, porém, reduziu os estoques finais mundiais em praticamente quatro milhões de toneladas, a 283,8 milhões de toneladas. A safra brasileira permaneceu estimada em 109 milhões de toneladas, enquanto a da Argentina recuou para 47 milhões. Houve, igualmente, redução nos estoques finais dos EUA, com os mesmos caindo quase quatro milhões de toneladas para ficarem em 34,3 milhões de toneladas no final de 2020/21.

Em paralelo, o plantio da nova safra de milho nos EUA, até o dia 11/04, atingia a 4% da área esperada, contra 3% na média histórica. Todavia, o mercado esperava um total de 6% semeado.

Quanto às exportações de milho, os EUA atingiram a 1,6 milhão de toneladas na semana anterior, ficando dentro das expectativas do mercado. Assim, o total exportado no atual ano comercial é de 37,6 milhões de toneladas, superando em muito as 20,6 milhões embarcadas em igual momento do ano anterior.

Já no Brasil, os preços do milho continuaram a subir, atingindo a R$ 81,35/saco na média gaúcha nesta semana. Nas demais praças nacionais os preços giraram entre R$ 73,00 e R$ 95,00/saco, sendo que no Paraná os preços bateram em R$ 90,00. Enquanto isso, na B3, pela primeira vez na história, o preço ultrapassou a R$ 100,00/saco em valores nominais. No fechamento da quarta-feira (14) o contrato maio atingiu a R$ 100,50, após ter se aproximado de R$ 105,00 nos dias anteriores. Já o contrato julho fechou o dia em R$ 96,01/saco, enquanto setembro ficou em R$ 92,90 e novembro em R$ 93,80/saco. Estes patamares são alcançados porque são poucos os que possuem milho para vender e, por enquanto, não demonstram interesse em fazê-lo.

Neste contexto, os preços do milho continuam batendo recordes, atingindo o dobro do valor de um ano atrás em muitas praças nacionais. Quem tem milho, diante dos problemas climáticos que continuam atrapalhando a safrinha, segura o produto disponível. Com isso, o custo de produção do setor das carnes, ovos e leite dispara.

Em termos de colheita da safra de verão, a região Centro-Sul do Brasil atingia a 76% da área na semana anterior, contra 82% na média histórica. No Paraná a mesma atingia a 98% da área, em Santa Catarina 91% e no Rio Grande do Sul 84%. Já a safrinha está com seu plantio praticamente encerrado na região. (cf. Datagro) O clima agora será decisivo para definir o volume que teremos nesta safrinha, havendo já redução do mesmo em relação às projeções iniciais.



Dito isso, do Mato Grosso do Sul chega uma informação importante. Segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho daquele Estado, enquanto atualmente o preço do milho supera os R$ 80,00/saco, a média ponderada efetivamente alcançada pelos produtores, no período de junho/20 a abril/21, chega a apenas R$ 44,20/saco. A safra do cereal 2020/21 começou a ser comercializada em junho do ano passado, a um preço de R$ 36,25/saco. Geralmente os produtores daquele Estado comercializam 50% de sua safra de forma antecipada.

Já no Mato Grosso, a expectativa de produtividade da safrinha foi reduzida em 3,6%, ficando em 102,5 sacos/hectare. Com isso a produção final do Estado recuaria para 34,97 milhões de toneladas de milho, ficando 1,33% abaixo do registrado no ano anterior. O atraso no plantio, quando 45% da área ficou fora da janela ideal de semeadura, explica este recuo previsto na produtividade. A janela ideal matogrossense para o milho safrinha vai até o dia 28/02.

Por sua vez, no Paraná 92% das lavouras de verão foram colhidas até a semana passada. Já a safrinha atingia a 99% da área plantada, sendo que 76% das mesmas estavam em boas condições. No oeste do Paraná entre 30% e 40% das lavouras ficaram fora da janela ideal de plantio. A produção final da safrinha deve ficar ao redor de 13 milhões de toneladas, porém, os problemas climáticos existentes permitem esperar menos do que esse volume. (cf. Imea)

De fato, haveria estresse hídrico em parte do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Assim, não se descarta que a produção final da safrinha brasileira fique entre 75 e 80 milhões de toneladas.

Enfim, em termos de clima, segundo previsões do Instituto Nacional de Meteorologia, há 60% de chances de termos chuvas abaixo do normal no Centro-Sul brasileiro em abril, maio e junho. Já no Centro-Oeste as chuvas devem ficar dentro da normalidade no Mato Grosso do Sul e abaixo disso em Goiás e Mato Grosso. No Sudeste igualmente há 60% de chances de as mesmas ficarem abaixo do normal. Enfim, a maior parte da Região Sul brasileira pode receber até 100 mm de chuva a menos do que a média normal dos últimos anos.


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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ

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