A forte alta de 4,39% nas cotações do milho em Chicago suplantou a queda de 0,68% do dólar no dia, valorizando os preços da exportação e puxando os preços do mercado interno. O sentimento geral entre os compradores é que, mesmo com uma produção de mais de 100 milhões de toneladas na temporada 2018/19, a disponibilidade é apertada e poderá faltar produto a partir de janeiro. Isto faz os compradores domésticos reagirem a cada alta nos preços de exportação.
No mercado físico do Paraná, os preços do milho se elevaram cerca de 0,50 centavos a 1 real/saca a R$ 37,00 (36,50) no Oeste, R$ 36,00 no Norte do estado, R$ 38,00 (37,00 anterior)/saca, posto fábricas, em Ponta Grossa, R$ 38,00 futuro e R$ 39,00 (40,50 anterior)/saca no porto, nesta sexta-feira.
No Rio Grande do Sul o preço do milho spot continuou com preços inalterados a R$ 41,30 (contra 41,00 anterior) em Santa Rosa, R$ 40,50 em Marau e R$ 41,00 em Arroio do Meio, o que liquidaria entre R$ 38,0 a R$ 39,0 FOB. No porto o preço subiu para R$ 40,00(39,00 anterior), só que para pagamento em janeiro, o que desestimula a venda para exportação, no estado, neste momento.
Em Santa Catarina, os preços subiram entre 1,22% (Canoinhas, para R$ 41,50) e 3,25% (Campos Novos, para R$ 41,30). As indústrias estão recebendo milho do Centro-Oeste e do Paraguai.
No Mato Grosso do Sul negociou 50.000 toneladas da safra 2018/19 a preços ao redor de R$ 32,00 em Dourados e R$ 31,00 Maracaju Para a safra 2019/20 foram negociadas 30.000 toneladas, a maioria por barter, com preço base ao redor de R$ 29,0 em Dourados.
No Mato Grosso foram negociadas 80.000 toneladas da safra 2018/2019, vendas firmes a maioria para o mercado interno com preços entre R$ 25,00 a R$ 30,00. Para a safra 2019/2020 foram feitas vendas pontuais que totalizaram cerca de 30.000 toneladas, também distribuídas entre mercado interno e exportação, com preços entre R$ 23,50 e R$ 28,50, dependendo da localização.
Em Goiás foram negociadas 35.000 toneladas para a safra 2028/29 a preços ao redor de R$ 32,00 em Brasília e Cristalina e R$ 32,50 em Rio Verde. Para a safra 2019/20 foi negociado o dobro do volume, 76.000 toneladas.
Na Bahia, os negócios aconteceram ao redor de R$ 33,00/saca, inalterado durante toda a semana. Os preços oferecidos pela exportação, para vendedores distantes 600 km do porto, subiu para R$ 35,67 (34,29 do dia anterior) para dezembro, R$ 36,71 (35,50) para março e R$ 34,13 (32,99) para maio de 2020.
Já os milhos importados do Paraguai chegariam ao Oeste do Paraná ao redor de R$ 31,45 (R$ 31,66 anterior); ao Oeste de Santa Catarina ao redor de R$ 34,90 (35,14) e ao Extremo Oeste de SC ao redor de R$ 34,41 (34,64) /saca. O milho argentino a R$ 51,59 (52,89) e o americano a R$ 59,91 (58,82) no oeste de SC.
Com relação aos preços dos principais consumidores de milho, os preços do frango resfriado para o consumidor em São Paulo permaneceram inalterados, mantendo os ganhos do mês em 3,12%.
Os preços dos suínos no Paraná fecharam também em alta de 0,22%, elevando o acumulado do mês para 4,29%. Os preços do boi gordo em São Paulo fecharam em forte queda de 1,69%, devolvendo toda a alta do dia anterior, com o acumulado voltando ao território negativo de outubro em a 1,39%.
Clima nos EUA e no Brasil podem dar suporte aos preços do milho daqui para frente
O mercado do milho pareceu estar buscando um novo equilíbrio, reajustar-se ao cenário de suprimento, principalmente na América do Norte. Deve-se notar que a safra está em sua fase inicial, com 15% da área colhida.
Semelhante à soja, o novo relatório mensal do USDA chamou a atenção no pré e pós-publicação. Nesse sentido, os aumentos de preços foram validados, descontando a possibilidade da Agência fazer um ajuste em sua projeção de colheita para a safra atual. Além disso, o medo dos acontecimentos climáticos acrescentou impulso aos valores. Eventos climáticos desfavoráveis afetam a região das Dakotas, Minnesota e norte de Iowa. Tormentas de neve e baixas temperaturas poderiam reduzir os rendimentos e a produção nestas regiões.
Finalmente, os novos dados do USDA acabaram por ser nitidamente baixistas para os preços. O USDA manteve a estimativa de colheita para a safra atual virtualmente inalterada em 350 milhões toneladas (contra 347,5 milhões tons esperadas pelo mercado).
Também a projeção dos estoques finais ficou em torno de 49 milhões, quando o consenso dos analistas estava apostando em um número menor (45,38 MT). Os preços se recuperaram fortemente após a queda pós-USDA e recebeu apoio adicional com a questão climática e contexto otimista em torno das relações comerciais EUA-China. Além disso, os preços do petróleo apontavam para aumentos e proporcionaram impulso ao cereal no lado da demanda para a produção de etanol (como substituto energético).
Outro elemento que deve ser considerado é a perspectiva da safra brasileira. No Brasil o início do plantio de soja está com algum atraso, devido à baixa pluviosidade e à falta de umidade nos solos. Isto transmite a incerteza que, após a colheita da soja, esta área, que é freqüentemente utilizada para o milho de segunda safra (70-75% da produção total de milho aprox.). Portanto, teme-se que a janela de plantio ideal para safrinha não poderá ser usada em tempo hábil.
Fonte: T&F Agroeconômica