Da safra 2010/2011 a 2019/2020 a área destinada a produção da soja aumentou de 24,18 para 36,95 milhões de hectares, incremento de 34,56 % (Hirakuri, 2021). Em relação a produção, os incrementos foram de 39,44 % e em relação à safra 2021/2022 e 49,44% em comparação a safra 2021/2022.

Com expectativas para que a produção do grão seja de 70% de incremento até 2050, e as perspectivas de aumento de áreas não serem correspondentes, os ajustes terão de ocorrer através do melhoramento genético e do manejo, que inclui principalmente o controle de doenças.

Os fatores limitantes à produção são os estresses abióticos e bióticos que podem interferir negativamente na produção e produtividade da cultura.

Os estresses abióticos são aqueles provocados por condições ambientais desfavoráveis, mas também pela disponibilidade nutricional inadequada para as culturas, inclusive em excesso, como o caso clássico do nitrogênio. Já os estresses bióticos são causados por organismos vivos, dos quais, destacam-se para a cultura da soja, fungos, bactérias, nematóides e vírus.

Como mencionado anteriormente, os estresses abióticos podem favorecer inclusive, os microrganismos causadores de doenças na cultura da soja, como é o caso do Oídio (Microsphaerea diffusa) em anos de temperaturas amenas (18 a 24ºC) e ausência de chuvas, ou do contrário, em anos úmidos, de temperaturas amenas (20 a 24ºC), a ocorrência de míldio, e até mesmo das podridões radiculares e damping-off, causados por diferentes patógenos fúngicos no início do desenvolvimento da cultura e favorecidas por umidade no solo.

No Brasil, 46 patógenos são relatados causando doenças na cultura da soja, sendo 33 destas causadas por fungos.

A identificação correta e o conhecimento sobre as condições ambientais favoráveis, sintomas, perdas potenciais e fases de desenvolvimento em que a cultura é mais suscetível aos patógenos é essencial para que o controle mais adequado seja realizado no período correto.

É importante lembrar que a maioria destes patógenos, principalmente os fungos, são necrotróficos, ou seja, capazes de sobreviver nos restos culturais da cultura, e podem ainda, sobreviver associados a outras culturas, como plantas daninhas ou em sementes, caso das manchas foliares em geral e doenças de final de ciclo (DFCs).

Por outro lado, alguns são biotróficos, capazes de sobreviver e se reproduzir somente em hospedeiros vivos, como é o caso da ferrugem-asiática, motivo pelo qual o vazio sanitário é realizado nas regiões produtoras. Por isto, este conhecimento é indispensável.

As principais doenças causadas por fungos habitantes de solo incluem a podridão da raiz ou prodridão do carvão (Macrophomina phaseolina), a podridão de fitoftora (Phytophthora sojae) e damping-off (Rhizoctonia solani). Há ainda a ocorrência de nematoides, associados ao solo, como Meloidogyne spp. (nematoide das galhas) e Heterodera glycines (nematoide do cisto – mais importante no cerrado).

Já as principais doenças da parte aérea, incluem a mancha alvo (Corynespora cassicola), antracnose (Colletotrichum truncatum), oídio (Microsphaera diffusa), ferrugem asiática (Phakopsora  pachyrhizi) e as DFCs mancha purpura (Cercospora kikuchii) e mancha parda (Septoria glycines).

É importante lembrar que não há tempo hábil entre uma safra de soja e outra, para que os restos vegetais da cultura sejam totalmente decompostos no solo, especialmente em regiões mais frias e/ou com baixa presença de microrganismos decompositores. Por isso, os patógenos que sobrevivem em restos culturais permanecem e infectam a cultura desde o início do desenvolvimento e assim que as condições ambientais a eles se tornam favoráveis.

Diante deste cenário de maiores desafios em relação ao manejo de doenças em soja, é necessário reforçar as ações e conhecer mais sobre o controle, adotando práticas mais corretas e desenvolver tecnologias cada vez mais eficazes no combate contra estes patógenos.

Pensando nisso, a BASF consolida a sua posição como empresa parceira do produtor, e apresenta o fungicida BLAVITY®, que reúne mecanismos de ação altamente eficiente contra as doenças e oferece aos produtores uma opção prática, eficaz, segura e ampla, com proteção das lavouras desde a fase inicial até a fase final do desenvolvimento da lavoura.

A seguir, conheça cada uma das principais doenças da cultura da soja, suas características, condições ambientais favoráveis e perdas potenciais de produtividade!

Podridão de carvão ou podridão da raiz

A podridão de carvão é causada pelo fungo necrotrófico Macrophomina phaseolina, polífago, tendo como hospedeiras mais de 500 espécies de plantas, como soja, sorgo, amendoim, feijão, milho, algodão, dentre outras.

Este patógeno ocorre principalmente em anos com altas temperaturas (30-35ºC) e baixa umidade no solo (inferior a 60%), podendo afetar desde os estádios de plântula até a fase adulta. Sobrevive em forma de microescleródios no solo, permanecendo de uma cultura hospedeira para outra e de um ano agrícola para outro.

Em estresses hídricos acentuados associados a altas temperaturas as perdas podem ultrapassar os 50% chegando a 100% (Almeida et al., 2014).

Podridão radicular de Phytophthora (Phytophthora sojae)

A podridão radicular de Phytophthora pode ocorrer em todas as fases de desenvolvimento da cultura, e distingue da podridão do carvão não só pela diferença nos sintomas, como também pelas condições ambientais favoráveis. Além disso, o fungo é biotrófico. Temperaturas em torno de 25ºC e elevada umidade no solo durante a semeadura e/ou emergência são favoráveis ao fungo, que produz estruturas de resistência que permanecem viáveis no solo associadas a restos culturais por muitos anos, chamadas de oosporos.

Para este patógeno, em safras chuvosas e quentes, em locais com histórico da doença e solos compactados as perdas podem chegar a 100%.

Mancha alvo

Corynespora cassicola é um fungo polífago e necrotrófico, capaz de infectar mais de 408 espécies de plantas, incluindo algodão, tomate, tabaco, pepino e soja. Tem importância maior na região do cerrado, devido as condições climáticas.

As condições climáticas favoráveis a doença são essenciais para a sua ocorrência e severidade, sendo necessário molhamento foliar de 48 h e temperaturas entre 18 e 32ºC. Posteriormente pode permanecer de forma latente (sem apresentar sintomas) durante 5 a 7 dias, em temperaturas de 20 a 30ºC e UR acima de 80% (Costa, 2020).

Antes considerada um problema de baixo impacto, com as entradas de novas cultivares, mais suscetíveis, passou a ganhar uma maior importância, apresentando perdas potenciais, variáveis a depender da suscetibilidade da cultivar, que podem chegar a 40% (Molina et al., 2019).

Antracnose

Com maior ocorrência na região do cerrado, a antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum truncatum, considerado hemibiotrófico (início da infecção atua como biotrófico e posteriormente como necrotrófico) reduz não somente a produtividade da cultura, como também o estande de planta, número de plantas com cotilédones e a qualidade das sementes produzidas, permanecendo na área de cultivo de uma safra para a outro, nos restos culturais (Oliveira et al., 2020).

Temperaturas elevadas associadas a ocorrência frequente de chuvas favorecem a doença, podendo causar perdas de até 100% da produtividade.

Oídio

O oídio (Microsphaera diffusa) é um fungo biotrófico, ou seja, necessita de um hospedeiro vivo para que possa sobreviver e se reproduzir na área de cultivo ou proximidades.

Temperaturas amenas entre 18 e 24ºC e baixa umidade relativa do ar (seco), favorecem a sua ocorrência, por tanto, em anos com ausência de chuvas, ou precipitações esparsas requer atenção quanto ao controle, devido ao risco alto de ocorrência. Temperaturas acima dos 30ºC e molhamento foliar intenso, inibem o desenvolvimento do fungo, sendo mais comum que a doença ocorra nos estádios vegetativos.

Os resultados de pesquisa registram percentuais entre 20 a 50% (Igarashi et al., 2010), a depender do estádio de desenvolvimento em que ocorreu e das condições climáticas.

Ferrugem-asiática

A ferrugem-asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi é um fungo biotrófico. É Considerada a principal doença de ocorrência na cultura da soja no Brasil, independentemente da região produtora. Isto por quê, os uredósporos são carregados pelo vento, e podem percorrer 96 km por semana e 3,0 metros por dia.

A doença está correlacionada fortemente com a precipitação e de forma fraca com a temperatura, justamente porque inicia no terço inferior da cultura, permanecendo protegida da radiação solar e em ambiente mais úmido, favorável ao fungo.

Para a ocorrência da doença são necessárias de 10 a 12 horas de molhamento foliar (sendo o orvalho suficiente, por isso a importância do ajuste da densidade da cultura), e temperaturas entre 18 e 26,5ºC. Os impactos na produtividade são relacionados ao período em que a doença teve início, quanto antes ocorrer, mais cedo será a desfolha da cultura impactando no tamanho dos grãos e na sua qualidade (alta incidência ainda de grãos verdes).

As perdas potenciais no Brasil foram estudadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA – ESALQ/USP), na safra 2016/2017. Os pesquisadores observaram que o não controle da doença impactaria não somente na oferta do produto, mas também no preço, com aumento de 22,9%, impactando ainda 30% no volume exportado. Nesta mesma safra, foram gastos 8,3 bilhões de reais para o controle de doenças na cultura da soja (96% para o controle da ferrugem).

Na lavoura, as perdas variam de intensidade a depender das condições climáticas, do controle utilizado (combinação e rotação adequada de fungicidas de modos de ação diferentes), e do período de entrada na lavoura para a aplicação, podendo chegar a 90% (Hartman et al., 2015).

Mancha púrpura ou Crestamento foliar de Cercospora

A mancha púrpura (Cercospora kikuchii), um fungo necrotrófico, embora seja considerada uma DFC, não ocorre somente no final do ciclo da cultura da soja. Pelo contrário, o início da doença ocorre ainda no período vegetativo, no entanto, nesta fase, não é capaz de causar danos tão expressivos, pois a cultura consegue compensar no estádio reprodutivo.

O problema está na ausência ou controle inadequado, fazendo com que a doença progrida e “exploda” no período reprodutivo, afetando drasticamente a qualidade e produtividade da cultura.

Temperaturas entre 23 e 27ºC acompanhadas de umidade relativa do ar alta são favoráveis a ocorrência da doença, que assume importância principalmente em regiões e anos quentes e com volume alto de chuvas.

Mancha parda

Da mesma forma como o Crestamento foliar de Cercospora, a mancha parda, causada pelo fungo Septoria glycines é um fungo necrotrófico, e assume papel importante no final do ciclo, por isso é considerada uma DFC. No entanto, a infecção da cultura ocorre ainda no estádio vegetativo, isto porque, ambos são patógenos que sobrevivem em restos culturais, e estão presentes em todas as regiões de cultivo.

Temperaturas entre 15 e 30ºC acompanhadas de molhamento foliar de 6 horas são favoráveis a ocorrência da doença.

Perdas potenciais das principais doenças da cultura da soja

As perdas potenciais são variáveis e dependentes das condições climáticas, das quais temperatura e umidade relativa do ar são as mais importantes, podendo ser de 20 a 100%.

Na figura abaixo é possível observar as perdas potenciais das principais doenças da cultura da soja em sacos por hectare e porcentagem (%) relatadas na literatura brasileira, considerando uma produtividade média de 3550 kg/ha e condições ambientais favoráveis.

Figura 1. Perdas potenciais com ocorrência de condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento de doenças na cultura da soja, em sacos por hectare (sc/ha) e porcentagem (%) baseado em diferentes resultados de pesquisa.

Fonte: Elaborada pela autora, 2022.

Dados baseados nos seguintes autores: Igarashi et al., 2010; Almeida et al., 2014; Hartman et al., 2015; Soares et al., 2015; CEPEA, 2019; Godoy et al., 2019; Molina et al., 2019.

Para evitar que perdas significativas ocorram nas lavouras de soja, o monitoramento da lavoura em todas as fases de desenvolvimento é indispensável. É preciso lembrar que o controle de doenças inicia antes mesmo da semeadura, e que a associação de diferentes métodos de controle é indispensável para um controle efetivo.

Além disso, a aplicação do controle químico, no período correto em relação a doença e ao ciclo fenológico da cultura, aliado a rotação de ingredientes ativos e o conhecimento como estes produtos se comportam perante a cultura e perante os patógenos (mecanismos de ação) são essenciais.

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Autor: Bruna Rhorig. Agrônoma pela Universidade Federal da Fronteira Sul, mestra em fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas e doutoranda em fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área de pós-colheita e sanidade vegetal.

ATENÇÃO:

ESTE PRODUTO É PERIGOSO À SAÚDE HUMANA, ANIMAL E AO MEIO AMBIENTE. USO AGRÍCOLA. VENDA SOB RECEITUÁRIO AGRONÔMICO. CONSULTE SEMPRE UM AGRÔNOMO. INFORME-SE E REALIZE O MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS. DESCARTE CORRETAMENTE AS EMBALAGENS E OS RESTOS DOS PRODUTOS. LEIA ATENTAMENTE E SIGA AS INSTRUÇÕES CONTIDAS NO RÓTULO, NA BULA E NA RECEITA. UTILIZE OS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL. REGISTRO MAPA: BLAVITY® Nº 10820.

Referências

 ALMEIDA, A. M. R.  et al. Macrophomina phaseolina em soja. Londrina: Embrapa soja, 2014. Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/989352/1/Doc.346OL.pdf>, acesso em 19/09/2022.

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA AGRÍCOLA (CEPEA). Efeito do não tratamento de prags e doenças sobre preços ao consumidor de produtos da cadeia produtiva da soja. Parte 3, 2019. Disponível em: <https://www.cepea.esalq.usp.br/upload/kceditor/files/Cepea_EstudoPragaseDoencas_Parte%203.pdf>, acesso em: 20/09/2022.

CONAB, 2022. <Disponível em: https://www.conab.gov.br/component/k2/item/download/44171_1d9f893d78f593b07d41887104acc43f >, acesso em: 14/09/2022.

COSTA, E, C. Epidemiologia comparativa de mancha alvo da soja no cerrado brasileiro. Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília, Dissertação de Mestrado, 2020. Disponível em: <https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/40517/1/2020_%C3%89ricadeCastroCosta.pdf >, acesso em: 20/09/2022.

GODOY, C. V. et al. Eficiência de fungicidas para o controle da mancha-alvo, Corynespora cassicola, na cultura da soja, na safra 2019/2020: resultados sumarizados dos ensaios coperativos. Londrina: Embrapa Soja, 2020. Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1123555>, acesso em: 20/09/2022.

HARTMAN, G. L. et al. Compendium of soybean diseases and pests. 5 ed. St. Paul, Minnesota: APS Press, 2015. p. 56-59.

HENNING, A, A et al. Manual de identificação de doenças de soja. 5ªed. Londrina: Embrapa Soja, 2014. Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/991687 >, acesso em 18/09/2022.

HIRAKURI, M. H. Perdas econômicas geradas por estresses bióticos e abióticos na produção brasileira de soja no período de 2016-2020. Embrapa, Circular Técnica nº169, 2021. Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223151/1/Circ-Tec-169.pdf>, acesso em: 15/09/2022.

IGARASHI, S. et al. Danos causados pela infecção de oídio em diferentes estádios fenológicos da soja. Arquivos do Instituto Biológico, v.77, 2010. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/aib/a/wVGKLGVN9mt3t47xWYhQGjc/abstract/?lang=pt>, acesso em: 20/09/2022.

MOLINA, J. P. E. et al. Meta‐analysis of fungicide efficacy on soybean target spot and cost–benefit assessment. Plant Pathology, v. 68, n. 1, p. 94-106, 2019.

OLIVEIRA, L. F. et al. Programas de fungicidas no controle de antracnose na cultura da soja. Tecno-Lógica, v.25, p.209-220, 2021. Disponível em: <https://online.unisc.br/seer/index.php/tecnologica/article/view/16652>, acesso em: 20/09/2022.

SOARES, A, G. et al. More cercospora species infect soybeans across the Americas than meets the eye. Plos One, v.10, n.8, 2015. Disponível em:  < https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0133495 >, acesso em: 20/09/2022.

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