Adubação foliar é um tipo de manejo utilizado que oferece nutrientes minerais via as folhas das plantas. Assim como todos os seres vivos, as plantas também precisam se alimentar e, no caso delas, o alimento é ofertado por meio da adubação. Adubar nada mais é do que repor nutrientes minerais que são necessários para o crescimento e desenvolvimento das plantas.
Durante o ciclo da cultura, o manejo da adubação (ou fertilização) ocorre de diferentes maneiras. Pode-se citar, por exemplo, a adubação de plantio, que é realizada no sulco ou cova de plantio. A adubação de cobertura, que é feita após o início do desenvolvimento das plantas e pode se estender por um maior período. E a adubação foliar, que é realizada em momentos críticos do ciclo produtivo.
A adubação foliar é utilizada como complemento da adubação via solo, de forma rápida e eficiente. Atualmente, a prática está no planejamento e manejo da produção de praticamente todas as espécies cultivadas. Com o alto potencial produtivo das cultivares utilizadas atualmente, adubar via foliar impulsiona a produtividade e proporciona resposta rápida das plantas cultivadas.
A recomendação de fertilizantes foliares deve seguir a necessidade nutricional das plantas na lavoura, que pode ser verificada com a diagnose foliar. A análise da folha é a maneira mais precisa para identificar falta de nutrientes.
Os nutrientes entram nas folhas pelos estômatos, devido à pressão negativa existente na evapotranspiração. Também entram pelas cutículas da vegetação, por meio de microcanais ou rupturas.
Cuidados necessários na adubação foliar
Para que a adubação foliar seja realmente eficiente, com absorção dos nutrientes, alguns fatores precisam ser atendidos. Eles incluem aspectos internos das plantas e externos a elas.
Podemos citar quatro fatores que, segundo a Embrapa, são essenciais para se ter em mente e alcançar o objetivo da adubação foliar.
- Fatores relacionados à folha ou à planta:
superfície foliar; composição química e permeabilidade da cutícula; idade da folha; estado iônico interno; crescimento e estádio fenológico da cultura. - Fatores relacionados aos nutrientes aplicados:
seletividade; absorção desigual de ânions e cátions; antagonismo; inibição competitiva e não competitiva e inibidores metabólicos. - Fatores relacionados às soluções nutritivas:
concentração e composição das soluções; pH e forma química dos nutrientes. - Fatores externos:
luz; temperatura; umidade do ar, horário e equipamento de aplicação e quantidade de água no solo.
Além disso, deve-se levar em conta a mobilidade dos nutrientes dentro da planta, pois alguns deles podem circular por toda a vegetação, enquanto outros possuem uma ação localizada.
Quelatização em nutrientes para a adubação foliar
A quelatização é um processo muito utilizado em nutrientes para a adubação foliar. Ela consiste na “junção” de um íon positivo – cátion (seja ele de cobre, zinco, ferro, cálcio, magnésio ou manganês), com uma molécula orgânica de carga negativa (agente quelatizador).
Essas moléculas queladas inibem a interação dos íons metais impedindo-os de formar compostos insolúveis e que não são disponíveis para as plantas.
A quelatização é realizada para facilitar a entrada dos nutrientes na planta, tornar as formulações mais estáveis na calda e também proteger os nutrientes que caem no solo. Os nutrientes quelados podem também ser misturados a defensivos agrícolas, sem que haja incompatibilidade.
Não são todos os elementos que podem ser quelatizados: o nitrogênio, fósforo, boro, molibdênio, enxofre e cloro não podem passar por esse processo.
Solução de nutrientes
A entrada de um íon ou molécula na superfície da folha é o princípio da adubação foliar. Além da pressão negativa no estômato e as injúrias nas cutículas das folhas, a entrada da solução requer outros cuidados, principalmente com relação aos nutrientes que serão disponibilizados na aplicação.
Os princípios para uma boa solução incluem formulação nutritiva, atomização e transporte das gotículas formadas até a parte externa da planta, molhamento e espalhamento da superfície da folha, retenção da solução e formação do depósito de pulverização na planta, penetração e distribuição dos nutrientes.
Em quase todos os casos, a água é a matriz mais usual das adubações foliares. Com isso, dependendo das características da superfície, o contato das gotas de água pode ser limitado. Isso ocorre devido à característica hidrofóbica da superfície foliar.
A solução de nutrientes não é só uma mistura de água e sais. A calda aplicada nas plantas, há também agentes que melhoram a permanência da calda na folha e sua absorção.
Umidade e temperatura do ar
O cuidado com o ambiente é imprescindível. Em geral, temperaturas mais altas facilitam a absorção da solução pela planta. Porém, elas podem causar a evaporação da solução nutritiva, o que aumenta a concentração dos sais nas folhas a níveis que podem ser tóxicos.
Umidade relativa do ar elevada é melhor para a absorção dos nutrientes, além de manter a cutícula hidratada e evitar a evaporação da solução de nutrientes, mantendo-os por mais tempo sobre a folha.
Agentes protetores
Uma forma de minimizar os efeitos tóxicos que os nutrientes podem causar nas folhas é utilizar agentes protetores feitos com base em açúcares e magnésio, por exemplo. Cabe testar um tipo de agente para cada cultura, após recomendação de um técnico especializado.
Agentes molhantes e espalhantes
Funcionam como detergentes, pois quebram a tensão superficial da gota da solução que está sobre a folha. Com a menor tensão superficial, a solução fica mais aderida à superfície da folha, permitindo o espalhamento da solução e o umedecimento da superfície foliar.
Além desses agentes, podemos citar vários outros, com diferentes funções e especificidades.
Exemplos de adjuvantes disponíveis no mercado, classificados de acordo com seu suposto modo de ação: | |
Nome do adjuvante no rótulo | Modo de ação proposto |
Surfactante | Quebrar a tensão superficial |
Agente molhante | Quebrar a tensão superficial |
Detergente | Quebrar a tensão superficial |
Espalhante | Quebrar a tensão superficial |
Adesivo | Aumentar a retenção da solução; resistência à chuva |
Auxiliar de retenção | Aumentar a retenção da solução; resistência à chuva |
Agente tamponante | Tamponador de pH |
Neutralizante | Tamponador de pH |
Acidificante | Abaixar o pH |
Penetrante | Aumentar a taxa de penetração foliar, ‘solubilizando’ componentes cuticulares |
Sinergista | Aumentar a taxa de penetração foliar |
Ativador | Aumentar a taxa de penetração foliar |
Agente de compatibilidade | Aumentar a compatibilidade da formulação |
Umectante | Retardar a secagem da solução pelo abaixamento do ponto de deliquescência da formulação na folha |
Retardante de deriva | Melhorar o direcionamento do pulverizado e a deposição no dossel |
Minimizador de respingo | Melhorar o direcionamento do pulverizado e a deposição no dossel |
Fernández V; Sotiropoulos T; Brown P; Adubação foliar: fundamentos científicos e técnicas de campo, 2015.
Vantagens e Desvantagens da Adubação Foliar
A adubação foliar pode ser utilizada com sucesso em agriculturas de baixa, média e alta tecnologias. Ela ajuda a estabelecer o equilíbrio nutricional das plantas na lavoura, ajustando os níveis foliares próximos ao ótimo. No entanto, como toda técnica, a adubação foliar possui vantagens e desvantagens.
Vantagens
- Menores doses, quando comparadas a aplicações via solo;
- Fácil uniformização e distribuição;
- Rápida resposta de absorção;
- Correção de deficiências nutricionais no mesmo ciclo da cultura.
Desvantagens
- Custo dos produtos e custo da aplicação extra pode ser mais elevado;
- Idade da folha: vegetações muito novas, que não estão totalmente desenvolvidas, não têm a capacidade de absorção dos nutrientes e podem sofrer danos;
- Menor poder residual da disponibilidade de nutrientes;
- Podem ocorrer incompatibilidades com outros produtos.
Mesmo sendo considerada por alguns autores como menos eficaz que a adubação via solo, a adubação foliar tem uma resposta mais imediata e mais direcionada ao objetivo. Os nutrientes podem ser fornecidos em fases críticas do crescimento das plantas e, teoricamente, são mais amigáveis ao meio ambiente.
Fonte: Portal Boas Práticas Agrícolas