Recentemente o MAPA divulgou uma portaria com 40 pragas eleitas como prioridades para registro e alteração de registro de agrotóxicos em 2019, e a mosca-branca (Bemisia tabaci) ocupa uma das posições de destaque nas culturas da soja e do feijão, juntamente com o percevejo-marrom-da-soja (Euschistus heros). Para acessar a portaria clique aqui.

A mosca-branca é considerada um vetor de vírus em importantes culturas econômicas, como o tomate e feijoeiro. No entanto, nos últimos anos houve surtos desta praga em quase todo o território brasileiro, e em diversas culturas, como a soja e o algodoeiro. O inseto foi a praga de maior crescimento no Brasil nos últimos anos, atacando as culturas da soja, algodão, feijão, tomate e batata.



No gráfico abaixo pode-se perceber o aumento significativo das áreas tratadas com inseticidas para o combate à mosca-branca de 2012 até o ano de 2016.

Fonte: Inteligência de mercado. IHARA

A matéria relacionada pode ser acessa clicando aqui.

Em entrevista ao Portal Mais Soja, o professor da UFSM, Jonas Arnemann destaca que a praga tem maior ocorrência no terço médio e inferior em uma lavoura de soja, o que dificulta o controle da mosca na fase ninfal, pois os produtos químicos não conseguem realizar uma cobertura tão eficiente no local em que se alojam. Já na fase adulta, o inseto se torna mais suscetível às pulverizações, pois se concentra mais na parte superior, estando mais exposto ao produto aplicado.

O professor também destacou que a mosca-branca suga a seiva da planta, transmite viroses e pode levar à formação de fumagina, que encobre as folhas da cultura, reduzindo a capacidade de realizar fotossíntese e consequentemente ocasionando perda de produtividade.

Entrevista completa: clique aqui.

Na figura 1 abaixo, tem-se as principais doenças que são desencadeadas pelo ataque da mosca-branca.

Fonte: Inteligência de mercado. IHARA


Saiba mais sobre a praga

Apesar de ser comumente chamada de mosca, o inseto na verdade trata-se de um sugador e deveria ser chamado de cigarrinha. Em plantas de soja, a mosca-branca é transmissora do vírus da “necrose-da-haste” (figura 2), do grupo dos carlavírus, que com a evolução dos sintomas, pode levar a planta à morte. No entanto, já existe fonte de resistência varietal para esse vírus.

Entretanto, mesmo eliminando-se o problema da virose, ainda persiste a preocupação com o inseto como praga que se alimenta dos nutrientes da planta, além dos danos indiretos que também podem ser observados. Ao se alimentar continuamente, a mosca-branca excreta nas folhas uma substância que favorece a formação de fumagina, causada pelo fungo Capnodium sp. sobre as folhas.

A fumagina apresenta coloração preta que dificulta a captação dos raios solares, reduzindo a taxa fotossintética das folhas e provocando a queima da planta pela radiação solar (Figura 3). Sendo assim, é de suma importância o reconhecimento da praga e adoção do manejo do inseto.

Figura 2. Planta de soja infectada pelo vírus da necrose-da-haste, Figura 3. Planta de soja com a presença da fumagina

Fonte : Adeney de Freitas Bueno, Agência Embrapa de Informação Tecnológica

O ciclo biológico da mosca-branca é dividido na fase de ovo, um primeiro instar da ninfa, no qual o inseto se locomove, por alguns minutos, até localizar o local mais adequado na planta para então se fixar. Posteriormente, as ninfas passam por três instares imóveis, sendo o último instar incorretamente denominado de “pupa” ou “pseudo-pupa” e, finalmente, os adultos (machos e fêmeas).



A fêmea tem a capacidade de postura que vai de 100 a 300 ovos, durante todo seu ciclo de vida, que é variável e dependente da alimentação e temperatura. Os ovos medem aproximadamente 0,2 mm e são colocados na face inferior das folhas jovens. Nas primeiras horas após a postura, os ovos possuem um formado alongado com um pedúnculo de cor branca amarelada, que se torna marrom escura no final. A fase de ovo dura cerca de 5 a 7 dias quando ocorre o início da eclosão das ninfas. Entretanto, esse tempo em geral, pode variar em função das condições climáticas e do hospedeiro.

Matéria relacionada: Agência Embrapa de Informação Tecnológica, para acessar o trabalho completo clique aqui.

Danos

Em entrevista ao Portal Mais Soja, o consultor e Engenheiro Agrônomo Guilherme Ohl destacou que atualmente em cerca de 14 % da área de produção de soja é realizado pelo menos uma aplicação específica para o controle de mosca-branca. Essa praga está presente tanto em lavouras de soja Bt como não Bt, por isso a preocupação com o inseto deve ser maior.

Destacou também que a praga não ocorre normalmente em toda a área da lavoura, o que dificulta o seu manejo, por concentrar-se em regiões e variar muito de acordo com o clima e a presença de hospedeiros na entressafra.

Guilherme também acrescentou que os prejuízos estão entre 12 e 30 sacas por hectare de perda da produtividade em uma lavoura de soja no estado do Mato Grosso, onde 12 sacas de perda seriam em uma área com a presença da mosca-branca e realizando seu controle após a ocorrência, e 30 sacas ou mais seria em uma lavoura com a ocorrência do inseto onde não se realizou nenhuma medida de controle.

A entrevista completa pode ser acessada aqui.

Em casos de altas densidades populacionais, podem ocorrer perdas de até 50% da produção. Infestações muito intensas ocasionam murcha, queda de folhas e perda de frutos. Em tomate para processamento industrial, ocorre o amadurecimento irregular dos frutos, provavelmente causado por uma toxina injetada pelo inseto. Isso dificulta o reconhecimento do ponto de colheita dos frutos e reduz a produção e a qualidade da pasta. (Embrapa).

Manejo e controle da mosca-branca

O sucesso do manejo da mosca-branca depende do reconhecimento da praga associado à adoção completa do manejo integrado de pragas (MIP). Recomenda-se o tratamento de sementes com inseticidas carbamatos sistêmicos ou sistêmico granulado no sulco de plantio ou, ainda, pulverizar com fosforados sistêmicos. Uso de armadilhas de cor amarela ajudam a diminuir número de adultos na área, evitar a proliferação da praga na entressafra com o controle das plantas hospedeiras, uso de controle químico com inseticidas juvenoides ou específicos para os adultos ou biológicos em todas as fases da praga  com predadores da mosca que podem ser das ordens Hemiptera, Neuroptera, Coleoptera e Diptera. Os parasitóides dos gêneros EncarsiaEretmocerus e Amitus são os mais comumente encontrados.

Hospedeiros preferenciais da mosca-branca: algodão, brássicas (brócolos, couve-flor, repolho), cucurbitáceas (abobrinha, melão, chuchu, melancia, pepino), leguminosas (feijão, feijão-de-vagem, soja), solanáceas (berinjela, fumo, pimenta, tomate, pimentão), uva e algumas plantas ornamentais como o bico-de-papagaio, picão, joá-de-capote, amendoim-bravo e datura.

Na tabela 1 temos os produtos registrados para o controle de mosca- branca na cultura da soja.

1/ Produto registrado para uso emergencial. Instrução Normativa nº 1, de 12 de janeiro de 1999. SDA, Ministério da Agricultura e do Abastecimento, Diário Oficial de 14 de janeiro de 1999.
2/ Informação sobre o inseticida indisponível no CAB Abstracts até 10/98.
Fonte: Embrapa,Agrofit.

Matéria completa : acesse aqui.

ATENÇÃO:

  • Períodos secos e quentes favorecem o desenvolvimento e a dispersão da praga, sendo, por isso, observados maiores picos populacionais na estação seca.

Redação: Andréia Procedi – Equipe Mais Soja.

Foto de capa: Professor Jonas Arnemann – UFSM

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