Uma das mais preocupantes pragas que acometem a cultura da soja são as lagartas do gênero Helicoverpa, cuja principal espécie que incide sobre a soja é a Helicoverpa armígera, também conhecida como lagarta-do-velho-mundo. Segundo Sosa-Gomez et al. (2014), a praga apresenta elevado potencial em causar danos, podendo atacar a soja tanto no período vegetativo, quanto reprodutivo da cultura.

As lagartas podem atacar plântulas pequenas, causando desfolha e em algumas oportunidades podem comer brotos apicais e cotilédones, que raspam e perfuram. Na fase reprodutiva da soja atacam os legumes, alimentando-se dos grãos, ocasionando injurias semelhantes àquelas causadas por lagartas do gênero Spodoptera (Sosa-Gómez et al., 2014).

Os danos causados pelas lagartas Helicoverpa podem resultar em significativas perdas produtivas, podendo inclusive comprometer a produção em casos de falha no manejo. Além disso, o controle de praga com inseticidas é complexo, uma vez que existem relatos de resistência da praga e inseticidas em diversas regiões do Planeta. Por ser considerada uma praga quarentenária no Brasil, ainda pouco se conhece sobre os casos de resistência da Helicoverpa em nosso território, sendo assim, para um controle eficiente da praga, não é aconselhado que o manejo se restrinja apenas ao emprego de inseticidas.

Como alternativa complementar, a conservação dos inimigos naturais da Helicoverpa em lavouras de soja constitui uma importante ferramenta de manejo, entretanto, para isso é necessário conhecer esses inimigos naturais, a fim de posicionar inseticidas seletivos no controle dessa lagarta.

Conforme resultados observados por Corrêa-Ferreira; Hoffmann-Campo; Sosa-Gómez (2014), as lagartas de Helicoverpa são parasitadas por várias espécies de moscas e vespas, que atacaram as diferentes fases de estágios imaturos, sendo que os principais inimigos naturais da Helicoverpa no Brasil, são caracterizados como parasitoides.



Quais os inimigos naturais da Helicoverpa?

Segundo Corrêa-Ferreira; Hoffmann-Campo; Sosa-Gómez (2014), na safra 2013/2014, os dípteros, representado por várias espécies da família Tachinidae representaram a maior parte dos parasitoides da lagarta Helicoverpa. Os autores observaram que alguns taquinídeos depositam seus ovos sobre o corpo da lagarta hospedeira, normalmente são ovos brancos bem colados sobre ou logo atrás da cabeça, após eclosão, a larva perfura o tegumento e penetra no corpo da lagarta alimentando-se do conteúdo interno.

Figura 1. Lagarta de Helicoverpa armigera com ovo de taquinídeo depositado próximo à cabeça.

Foto: B.S Corrêa-Ferreira

As duas espécies de taquinídeos mais abundantes observadas por Corrêa-Ferreira; Hoffmann-Campo; Sosa-Gómez (2014), foram moscas com cerca 10 a 15 mm (figura 2), que formaram suas pupas na pupa do hospedeiro, matando-o.

Figura 2. (A e B) – Adultos de duas espécies de moscas da família Tachinidae, parasitoides de lagartas de Helicoverpa armigera.

Fotos: J.J. da Silva

Para essas duas espécies de moscas, foi constatada a emergência de apenas um parasitoide por pupa hospedeira, e em apenas um caso de lagarta parasitada por esta segunda espécie emergiram duas moscas por pupa. Outra espécie de taquinídeo encontrada parasitando lagartas de Helicoverpa foram moscas menores que as espécies anteriores (6 a 8 mm), que mataram o hospedeiro na fase de pré-pupa (Corrêa-Ferreira; Hoffmann-Campo; Sosa-Gómez, 2014).

Outro grupo de parasitoides constatados em lagartas de Helicoverpa foram as vespas, na maioria espécies de himenópteros da família Ichneumonidae. Embora esses parasitoides tenham preferência por lagartas grandes de quinto ou sexto ínstar (> 2cm), Corrêa-Ferreira; Hoffmann-Campo; Sosa-Gómez (2014) destacam que uma das espécies de vespa foi observada parasitando algumas lagartas de Helicoverpa a partir do terceiro ínstar (1 cm). A larva do himenóptero (Figura 3B) emerge do ovo e se desenvolve externamente, sugando os fluidos da lagarta hospedeira na região próxima à cabeça, como sanguessuga (Corrêa-Ferreira; Hoffmann-Campo; Sosa-Gómez, 2014).

Figura 3. Ovo (A) e larva (B) da vespa larva-sanguessuga parasitando lagartas de Helicoverpa armigera.

Em menor expressão, mas também observados, há relatos da ocorrência de espécies de nematoides parasitando a lagarta Helicoverpa. Esses nematoides matam lagarta sem sair do corpo do hospedeiro. Embora pouco ainda se conheça sobre inimigos naturais das lagartas Helicoverpa, principalmente se tratando de espécies em específico, visando o melhor manejo e controle da lagarta, deve-se considerar a hipótese da manutenção dos inimigos naturais.

Nesse contexto, preferencialmente, devem ser usados inseticidas seletivos a inimigos naturais como o baculovírus e o Bacillus thuringiensis, que são formulações biológicas que controlam a praga e não afetam os inimigos naturais (Corrêa-Ferreira; Hoffmann-Campo; Sosa-Gómez, 2014). Sobretudo, é preciso destacar que o monitoramento e acompanhamento das áreas de produção é de suma importância para a assertividade do momento de realização de práticas de manejo.

Confira o estudo completo desenvolvido por Corrêa-Ferreira e colaboradores (2014) clicando aqui!

Referências:

SOSA-GÓMEZ, B. S.; HOFFMANN-CAMPO, C. B.; SOSA-GÓMEZ, D. R. INIMIGOS NATURAIS DE Helicoverpa armigera EM SOJA. Embrapa, Comunicado Técnico, n. 80, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/107296/1/Inimigos-naturais-de-Helicoverpa-armigera-em-soja.pdf >, acesso em: 28/09/2022.

SOSA-GÓMEZ, D. R. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE INSETOS E OUTROS INVERTEBRADOS DA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Documentos, n, 269, ed. 3, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105924/1/Doc269-OL.pdf >, acesso em: 28/09/2022.

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