Embora não muito discutido, o Cobalto (Co) é um dos micronutrientes essenciais para a cultura da soja, estando fortemente relacionado com a fixação biológica de Nitrogênio (FBN). Levando em consideração que o Nitrogênio (N) é o nutriente mais requerido pela cultura, sendo necessários cerca de 80 kg de N por tonelada de grãos produzidos (Hungria & Nogueira, 2020), a FBN desempenha importante papel econômico e sustentável na produção de soja.
Segundo Gitti (2016) felizmente a fixação biológica de nitrogênio é capaz de fornecer todo o N necessário para produtividades médias de até 3600 kg ha-1, não sendo necessário realizar qualquer aporte com fertilizantes nitrogenados. A fixação biológica de Nitrogênio consiste na simbiose entre a planta de soja e bactérias fixadoras de nitrogênio, normalmente do gênero Bradyrhizobium, capazes de captar o Nitrogênio atmosférico e disponibiliza-lo em formas assimiláveis para a soja.
Contudo, além de uma boa interação entre planta e bactérias, é essencial uma nutrição adequada, visando assegurar a demanda nutritiva da planta para um eficiente processo de FBN. Dentre os nutrientes com maior envolvimento no processo de FBN, destacam-se o Molibdênio e o Cobalto. Ainda que pouco discutido em relação aos demais nutrientes, o Cobalto é indispensável para o processo de fixação biológica de Nitrogênio, o qual irá assegurar o fornecimento de N para a soja.
O Co é essencial para a fixação do N2, pois participa na síntese de cobamida e da leghemoglobina nos nódulos. Por consequência, sua deficiência pode resultar na deficiência de Nitrogênio, em razão da baixa FBN, refletindo em baixas produtividades de soja (Sfredo & oliveira, 2010).
Segundo Sfredo & Oliveira (2010), a deficiência de Co em soja é observada pela ocorrência de clorose nas folhas, seguida pela necrose das folhas mais velhas, devido principalmente a deficiência de N. Embora possa ser considerável móvel no floema, o Co é absorvido pelas raízes na forma de Co2+, e quando fornecido via foliar, assume o papel de parcialmente móvel na planta (floema).
Figura 1. Sintomas iniciais de deficiência de Cobalto em plântulas de soja.
Ainda que resultados positivos tenham sido observados em função da adubação da soja com Cobalto, Sfredo & Oliveira (2010) destacam que o excesso desse micronutriente diminui a absorção de ferro (Fe), motivo pelo qual os sintomas de toxicidade de Co são semelhantes aos de deficiência de ferro, com folhas cloróticas na parte superior das plantas e atrofiamento das plantas (Figura 2).
Figura 2. Deficiência de Ferro pelo excesso de Cobalto.
Com isso em vista, é necessário atentar para a dose de Co aplicada na soja. Conforme recomendações de manejo, a adubação com Co em soja varia de 2 a 3 g ha-1 de Co via sementes (tratamento de sementes) e a mesma dose para a aplicação via foliar (Sfredo & Oliveira, 2010).
Veja mais: Quando e por quanto tempo ocorre a fixação biológica de nitrogênio na soja?
Referências:
GITTI, D. C. INOCULAÇÕA E COINOCULAÇÃO NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja, 2015/2016, 2016. Disponível em: < https://diadecampococamar.com.br/Inoculacao-ecoinoculacao-Fundacao-MS.pdf >, acesso em: 10/01/2023.
HANSEL, F. D.; OLIVEIRA, M. L. IMPORTÂNCIA DOS MICRONUTRIENTES NA CULTURA DA SOJA NO BRASIL. IPNI-BRASIL, Informações Agronômicas, n. 153, 2016. Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication/305659319_Importancia_dos_Micronutrientes_na_Cultura_da_Soja_no_Brasil >, acesso em: 10/01/2023.
HUNGRIA, M.; NOGUEIRA, M. A. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO. Tecnologias de Produção de Soja, Embrapa, Sistemas de Produção, n. 17, cap. 8, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 25/07/2023.
SFREDO, G. J.; OLIVEIRA, M. C. N. SOJA: MOLIBDÊNIO E COBALTO. Embrapa, Documentos, n. 322, 2010. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/18872/1/Doc_322_online1.pdf >, acesso em: 10/01/2023.
Acompanhe nosso site, siga nossas mídias sociais (Site, Facebook, Instagram, Linkedin, Canal no YouTube)
