A colheita é um dos momentos mais esperados no cultivo da soja, “o fim de um ciclo”, entretanto, em virtude de condições ambientais e genéticas, em algumas situações é possível observar desuniformidade das plantas no momento da colheita, implicando em menor qualidade da produção e valor comercial dos grãos ou sementes.
Uma das alternativas para contornar esse problema é a dessecação em pré-colheita da soja, prática essa, muito utilizada principalmente quando o objetivo do cultivo é a produção de sementes, conferindo-lhes assim, maior uniformidade. Aliando a isso, a dessecação em pré-colheita possibilita o controle de plantas daninhas e a antecipação da colheita da soja, sendo uma interessante ferramenta para o manejo de sistema.
Entretanto, com o banimento do Paraquat, o qual era comumente utilizado para a dessecação em pré-colheita, tornou-se necessário a busca por produtos que possam substitui-lo nessa tarefa. Dentre as opções registradas para a dessecação da cultura da soja, temos o Diquat e o Glufosinato de amônio, ambos herbicidas não seletivos que podem ser utilizados para essa finalidade.
Contudo, além da escolha do produto a ser utilizado para a dessecação da soja, é necessário definir o momento de dessecação para evitar reduções na produtividade e especialmente se tratando da produção de sementes, reduções da qualidade, alterando atributos fisiológicos das sementes como germinação e vigor. Segundo Lamego et al. (2013), a dessecação em pré-colheita da soja quando realizada em estádios inadequados pode resultar em reduções da produtividade de até 35% em comparação a soja não dessecada. Com isso em vista, fica evidente a importância da definição do momento de dessecação da soja para evitar perdas produtivas e qualitativas.
Mas quando dessecar a soja?
Tecnicamente, no estádio R7, conforme a escala fenológica de Fehr & Caviness (1977), a soja atinge o início da maturação fisiológica, estádio popularmente conhecido como maturação fisiológica da soja. Segundo Zanon et al. (2018), nesse estádio a soja apresenta legumes de coloração madura na haste principal.
Figura 1. Soja em R7.
Figura 2. Ilustração planta de soja em R7.
Nesse período ocorre o máximo acúmulo de matéria seca nos grãos, sendo assim, a planta não absorve mais água e nutrientes (Zanon et al., 2018). Na maturação fisiológica os grãos ou sementes já não apresentam ligação com a planta mãe, dessa forma, não ocorre a translocação de água, fotoassimilados e /ou defensivos para eles. Sendo assim, há uma redução de riscos possibilitando com que não haja perdas quantitativas e qualitativas significativas, portanto, R7 é o estádio indicado para dessecação em pré-colheita da soja.
Cabe destacar que independente do produto utilizado, quando realizada antes de R7, a dessecação em pré-colheita da soja pode resultar em danos á produção. Tanto o Diquat quanto o Glufosinato de amônio são ótimas alternativas para substituir o paraquat nessa tarefa, entretanto, ambos apresentam suas características e particularidades, sendo assim, deve-se analisar a lavoura de forma técnica para definir a melhor opção, uma vez que além de antecipar o ciclo da soja e uniformizar a lavoura, a dessecação em pré-semeadura permite o controle de plantas daninhas.
Em um vídeo postado no canal Radar da tecnologia, da Embrapa no Youtube, o pesquisador pesquisador José de Barros França Neto aborda também o tema, destacando as opções de produtos e o que utilizar após o banimento do paraquat.
Confira clicando aqui.
Referências:
FEHR, W.R.; CAVINESS, C.E. STAGES OF SOYBEAN DEVELOPMENT. Ames: Iowa State University, (Special Report, 80), 12p. 1977.
LAMEGO, F. P. et al. DESSECAÇÃO PRÉ-COLHEITA E EFEITOS SOBRE A PRODUTIVIDADE E QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 31, n. 4, p. 929-938, 2013. Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/pd/v31n4/19.pdf >, acesso em: 08/02/2021.
ZANON, A. J. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, 2018.