A giberela (Gibberella zeae/Fusarium graminearum) é uma das principais doenças fungicas que acometem a cultura do trigo, causando perdas significativas de produtividade qualidade dos grãos eu sementes produzidas. Segundo Santana et al. (2016), a giberela pode causar reduções de produtividade do trigo variando entre 20% e 50%, além de descoloração, má formação dos grãos e acúmulo de micotoxinas.

A doença se desenvolve melhor em anos chuvosos, com temperaturas não muito baixas (entre 20°C e 25°C), o patógeno necessita de água livre para infectar a planta (Santana, 2012). Dentre as principais medidas de manejo e controle da giberela, podemos destacar o uso de cultivares com maior tolerância/resistência a doença e o controle químico com o emprego de fungicidas.

Entretanto, cabe destacar que em comparação ao controle de doenças foliares utilizando fungicidas, o controle da giberela é relativamente inferior, estando sua eficiência condicionada não só ao fungicida empregado, como ao momento de aplicação do defensivo. A tomada de decisão sobre o uso de fungicidas deve se basear no monitoramento da lavoura e em sistema de previsão de risco de doenças (Santana et al., 2012).



Quando monitorar e controlar a giberela?

Levando em consideração que a giberela é uma doença que ocorre durante o florescimento do trigo, o período de predisposição à infecção estende-se do início da floração (presença de anteras soltas e presas) até o grão leitoso (presença de anteras presas), ou seja, do estádio 60 ao 75 de Zadoks et al. (1974) (Joris et al., 2022).  Segundo Del Ponte et al. (2004), a extrusão das anteras é o período mais suscetível do trigo ao desenvolvimento da giberela.

Figura 1. Extrusão das anteras do trigo, período mais suscetível a ocorrência de giberela.

Foto: CCGL TEC – Caroline Guterres

Em anos chuvosos e com predominância de temperaturas amenas, o monitoramento da giberela deve ser intensificado a fim de maior assertividade do momento de aplicação. Recomenda-se a realização de duas aplicações de fungicidas quando necessário para um adequado manejo da giberela, utilizando fungicidas registrados para a cultura (Tabela 1).

A primeira aplicação deve ocorrer somente quando houver, durante o período de predisposição, ambiente favorável à infecção. A aplicação deve ser feita antes da ocorrência de chuvas previstas no período de predisposição. Quando ocorrer a chuva, as espigas já devem estar protegidas. Para a segunda aplicação de fungicidas deve-se considerar um período de proteção das espigas de, no máximo, 7 dias. Portanto, se houver nova previsão de chuvas, reaplicar (Joris et al., 2022). A estratégia consiste no manejo preventivo da doença, sendo necessário para tanto, o adequado monitoramento não só da lavoura, como das condições climáticas.

Tabela 1. Fungicidas indicados para o controle da giberela (Fusarium graminearum).

Fonte: Joris et al. (2022)

Com base nos aspectos observados, fica evidente a necessidade da intensificação do monitoramento da doença no trigo especialmente durante o período de maior suscetibilidade da cultura à giberela, para o adequado manejo e posicionamento de fungicidas visando reduzir perdas produtivas e qualitativas.


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Referências:

DEL PONTE, E. M. et al. GIBERELA DO TRIGO – ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E MODELOS DE PREVISÃO. Fitopatol. bras. 29(6), 2004. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/fb/a/WHmhpn6NbZJDn49RvBqjQ7D/abstract/?lang=pt >, acesso em: 24/06/2022.

JORIS, H. A. W. et al. INFORMAÇÕES TÉCNICAS PARA TRIGO E TRITICALE: SAFRA 2022. 14° Reunião da Comissão Brasileira de pesquisado de Trigo e Triticale, Fundação ABC e Biotrigo Genética, 2022. Disponível em: < https://www.conferencebr.com/conteudo/arquivo/informacoes-tecnicas-para-trigo-e-triticale–safra-2022-1649081250.pdf >, acesso em: 24/06/2022.

SANTANA, F. M. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA CONTROLE DE Gibberella zeae EM TRIGO: RESULTADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS – SAFRA 2013. Embrapa, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/151662/1/ID43846-2016CTO362.pdf >, acesso em: 24/06/2022.

SANTANA, F. M. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE TRIGO. Embrapa, Documentos, n. 108, 2012. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/990828/manual-de-identificacao-de-doencas-de-trigo >, acesso em: 24/06/2022.

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