A mosca-branca (Bemisia tabaci MEAM1) é uma praga polífaga distribuída em todo o mundo em diversas culturas agrícolas, incluindo a soja. Esses insetos sugam a seiva do floema das plantas hospedeiras, tanto na fase imatura como na adulta, podendo causar danos diretos e indiretos, além de transmitir viroses.

O controle da mosca-branca tem sido realizado, principalmente, por meio do uso de inseticidas, que muitas vezes são empregados de forma indiscriminada, favorecendo o surgimento de populações da praga resistentes a esses compostos. Além disso, insetos dessa espécie possuem características biológicas e comportamentais como rápido desenvolvimento, alta fecundidade e grande capacidade de dispersão, sendo fatores que aumentam a probabilidade de surgimento da resistência a diferentes inseticidas (VALLE et al., 2002).

No mundo, B. tabaci é uma das espécies de insetos em que as maiores taxas de resistência são registradas. Populações da mosca-branca têm desenvolvido resistência a diversos ingredientes ativos comercializados em vários países, o que tem tornado seu controle cada vez mais difícil. Estudos já confirmaram o desenvolvimento de resistência de B. tabaci, em condições de campo ou de laboratório, a inseticidas de diversos grupos químicos, tais como: organofosforados, carbamatos, piretróides, ciclodienos, reguladores de crescimento e neonicotinóides (SILVA et al., 2009).

O desenvolvimento de resistência em populações de mosca-branca e outros insetos é resultado da pressão contínua de seleção, ou seja, o uso frequente de um determinado inseticida para obter o seu controle. Contudo, para a espécie B. tabaci, essa pressão contínua de seleção assume maior importância, uma vez que esta praga apresenta elevada capacidade em se adaptar a diferentes condições ambientais e em utilizar grande número de plantas como hospedeiras.

Figura 1. Representação esquemática do processo de desenvolvimento da resistência de mosca-branca a inseticidas.

Fonte: DE MOURA et al., (2013).

A mosca-branca expressa resistência a inseticidas por meio de certos mecanismos, tais como: aumento na degradação metabólica natural da molécula inseticida (resistência metabólica); modificação genética ou redução na sensibilidade do sítio de ação do composto (resistência de sítio); redução na absorção cuticular do composto (resistência na penetração); detecção ou reconhecimento da substância danosa, evitando o contato com a mesma (resistência comportamental); e sequestro do composto em certos tecidos do organismo. A praga pode utilizar um ou mais desses mecanismos simultaneamente para conferir sua resistência ao composto inseticida (DE MOURA et al., 2013).

Figura 2. Representação esquemática dos mecanismos envolvidos na resistência de mosca-branca a inseticidas.

Fonte: DE MOURA et al., (2013).

O manejo da resistência tem como finalidade retardar ou reverter a evolução da resistência em pragas. O sucesso de um programa de manejo da resistência está relacionado a meios rápidos e eficientes para detectar e monitorar a resistência em populações de campo. O produtor deve adotar uma abordagem integrada para o manejo da mosca-branca, utilizar os inseticidas no momento certo para o controle e realizar alternância entre diferentes classes e modos de ação de inseticidas no controle desta praga.

Revisão: Henrique Pozebon, Mestrando PPGAgro  e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM



REFERÊNCIAS:

DE MOURA, A. P.; MICHEREFF FILHO, M.; GUIMARAES, J. A. Manejo da resistência da mosca-branca Bemesia tabaci biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidae) a agrotóxicos utilizados em hortaliças. Embrapa Hortaliças-Circular Técnica (INFOTECA-E), 2013.

POLETTI, Marcelo; ALVES, E. B. Resistência de mosca-branca a inseticidas. Promip, Piracicaba–SP, p. 1-2, 2011.

SILVA, Leonardo D. et al. Monitoring the susceptibility to insecticides in Bemisia tabaci (Gennadius)(Hemiptera: Aleyrodidae) populations from Brazil. Neotropical Entomology, v. 38, n. 1, p. 116-125, 2009.

SOSA-GÓMEZ, Daniel Ricardo; OMOTO, Celso. Resistência a inseticidas e outros agentes de controle em artrópodes associados à cultura da soja. HOFFMANN-CAMPO CB et al. Soja–Manejo Integrado de Insetos e outros Artrópodes-Praga. Brasília: Embrapa, p. 673-723, 2012.

SOUZA, Débora Brenda da Silva; SANTOS, Loryene Botelho dos. Resistência de Cultivares de Soja a Mosca-Branca Bemisia tabaci (Genn., 1889)(Hemiptera: Aleyrodidae), em Condições de Campo, no Polo Paragominas de Grãos. 2017.

VALLE, GIULIANA ETORE; LOURENÇÃO, André L. Resistência de genótipos de soja a Bemisia tabaci (Genn.) biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidae). Neotropical Entomology, v. 31, n. 2, p. 285-295, 2002.

Foto de capa: Dr. Jonas Arnemann

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