A matocompetição imposta por plantas daninhas por água, radiação solar e nutrientes do solo é uma das principais causas da redução de produtividade de culturas agrícolas como a soja. Além disso, algumas espécies de plantas daninhas podem servir como ponte verde para a sobrevivência de pragas e doenças no período entressafra, resultando em maior incidência delas no período de safra.
Dessa forma, seja para reduzir a interferência na produtividade de culturas agrícolas ou reduzir a incidência de praga ou doenças no período de safra, o controle de plantas daninhas é indispensável. Contudo, nem sempre controlar plantas daninhas é uma tarefa fácil, além de fatores como estádio de desenvolvimento da daninha, o qual pode interferir na eficácia do controle com herbicidas, a resistência de plantas daninhas a herbicidas vem causando “dor de cabeça” para muitos produtores agrícolas.
O controle químico com o emprego de herbicidas é o mais usual a nível de campo para controlar plantas daninhas, sendo, o glifosato o herbicida mais utilizado a nível global. Entretanto, o elevado número de casos de resistência simples e múltipla a esse herbicida tem dificultado o controle de plantas daninhas por meio do glifosato.
Segundo o Pesquisador da Embrapa Soja Fernando Adegas, atualmente existem cerca de 54 casos relatados de resistência de plantas daninhas a herbicidas no Brasil, dos quais, cerca de 11 espécies apresentam resistência simples ao glifosato, resultando em 20 casos de resistência múltipla (glifosato e outro herbicida). Conforme destacado por Adegas, a resistência de plantas daninhas a herbicidas ocorre por que se tem o uso de mesmo herbicida ou herbicidas de mesmo mecanismo de ação por muito tempo na mesma área de produção. Logo, a troca/rotação de mecanismos de ação de herbicidas é uma das principais formas de prevenir a ocorrência dos casos de resistência.
Cabe destacar que os casos de resistência muitas vezes estão relacionados a espécies de planta daninha e manejo utilizado na área de produção, podendo algumas espécies apresentar genótipos com resistência a herbicidas em algumas áreas de produção e não expressar essa resistência em áreas distintas. Adegas explica que uma das melhores formas de controlas essas plantas daninhas é impedir a entrada delas nas lavouras, através da limpeza de colhedoras e equipamentos agrícolas, o uso de sementes certificadas e o controle cultural através da produção de palhada, fornecendo cobertura uniforme ao solo e impedindo assim o fluxo de emergência de plantas daninhas fotoblásticas positivas.
Ou seja, um controle de plantas daninhas eficiente não pode se restringir somente ao uso de herbicidas, sendo necessário um conjunto de práticas que quando utilizadas em conjunto auxiliam na redução dos fluxos de emergência de plantas daninhas. Quando optar pelo uso de herbicidas, deve-se ter atenção com os casos de resistência presentes na área de produção, fazendo a rotação sempre que possível de mecanismos de ação de herbicidas.
Veja mais: MISSÃO CARURU – Episódio 4 – O caruru é preocupante? Sua fisiologia explica a vantagem competitiva
Confira o vídeo abaixo com as dicas do Pesquisador da Embrapa Soja Fernando Adegas.