Esta é uma publicação da TF CONSULTORIA AGROECONÔMICA, Editor responsável: luiz.pach@hotmail.com.
Por T&F Agroeconômica
A divulgação do relatório do USDA há dez dias registrou um fato que poucos analistas destacaram: os estoques finais, tanto dos Estados Unidos, como do Mundo, ainda não retornaram aos seus níveis normais. O que isto significa?
Significa que os preços continuarão acima da média histórica por, pelo menos, mais 12 meses, supondo-se que a safra de 2022/23 seja farta em todos os principais países produtores (Brasil, EUA e Argentina). Depois de suas secas seguidas, é razoável esperar que a terceira seja uma produção normal. E o gráfico da soja em Chicago para maio22 mostra isto:
ANÁLISE TÉCNICA: Depois de atingiu $ 14,33 no último dia 10 de junho passado iniciou um processo de queda de 196 pontos que, em uma semana, caiu para $12,37, recuperando-se depois. Em 10 de agosto de 2021 fechou um triângulo equilátero que, na interpretação técnica, significa que ele irá novamente cair no tamanho da base deste triângulo.
Este processo foi atingido em 09 de novembro, quando Chicago voltou a atingir $12,08/bushel. Depois disto, voltou a iniciar um rápido processo de recuperação, suportado pelos problemas climáticos na América do Sul, que levaram as cotações de volta aos $ 14,23, bem próximo da máxima do ano, que foi $ 14,33. A pergunta é: os preços podem subir mais?
Para respondê-la precisamos fazer uma análise fundamental.
ANÁLISE FUNDAMENTAL: Nesta semana, porém, com a volta das chuvas nas regiões produtoras do Brasil e da Argentina. A análise dos relatórios oficiais e não-oficiais ainda suscitam muita incerteza sobre os dados reais de Oferta&Demanda tanto de soja em grão quanto dos subprodutos, como se pode ver abaixo, com números bem diferentes, dependendo da instituição que os analisa:
BRASIL: A colheita de soja 2021/22 estava 1,2% concluída em 13 de janeiro. Isso é superior aos 0,4% do ano passado e se compara a 1,1% em média. Em que pese que grande parte da safra dos estados do Sul brasileiro estejam grandemente comprometidas, nos estados do Centro-Oeste e do Norte do país elas foram benéficas, mantendo a produção em níveis elevados (138 MT), embora não no volume inicialmente previsto (144 MT).
ARGENTINA: A Bolsa de Cereais de Buenos Aires espera que a safra de soja da Argentina seja de 44 MT conforme sua previsão recente. O USDA tinha a Argentina em 46,5 MT em seu relatório WASDE de janeiro. A Bolsa de Comércio de Rosário estima uma safra de soja ainda menor, de 40 MT.
PRODUÇÃO AMERICANA: O relatório de produção da safra do NASS mostrou que o rendimento médio da soja ficou acima dos 51,2 bpa (3.440 kg/hectare) de dezembro, mas em linha com as estimativas com 51,4 bpa relatados. Com 0,1 milhão de acres a menos, isso teve uma produção total de 21/22 em 4,435 bilhões de bushels (120,7 MT). Calcular o cumprimento desse nível elevou os estoques em 10 mbu para 350 milhões de bushels (9,52 MT). Isso estava alinhado com as estimativas do pré-relatório, o número de dezembro de 340 mbu refletindo a oferta
ESTOQUE MUNDIAL: O estoque final global de soja ficou abaixo da estimativa pré-relatório a 95,2 MT, refletindo principalmente os maiores cortes de produção da América do Sul e do que o esperado. Como todos sabemos, o indicador de alta ou baixa nos preços é o estoque final. Esta indicação abaixo da expectativa do mercado impulsionou significativamente os preços depois do relatório do USDA.
ANÁLISE DOS PREÇOS & DA LUCRATIVIDADE: Com esta nova elevação em Chicago, os preços pagos aos produtores brasileiros voltaram a subir. No Rio Grande do Sul atingiram R$ 190,00/saca em Passo Fundo, maior preço do ano; em Cascavel chegaram a R$ 165,00/saca, levemente abaixo do maior preço do ano, mas mostrando uma forte recuperação em relação aos meses anteriores. Em Maracaju-MS, também superaram os melhores preços do ano.
A análise da lucratividade, que comprara os custos de produção com os preços oferecidos aos produtores, mostra que a lucratividade ainda é muito boa, mesmo depois da forte alta dos fertilizantes, segundo registro do Deral-PR, que aponta um custo de R$ 114,55/saca. Se aceitarmos este custo atualizado e o compararmos com os preços do mercado de balcão, teremos lucros de 65,87% no Rio Grande do Sul, 43,16% no Paraná e 47,10% no Mato Grosso do Sul.
E a tendência, segundo as projeções da TF Agroeconômica, é este lucro se manter durante toda a safra 2021/22. Ele só cairá a partir de setembro22, quando começarem os primeiros anúncios da nova safra americana de 2022/23 SE houver aumento de área.
Fonte: T&F Agroeconômica