Seletividade de herbicidas: saiba o que é e porque você deve entender sobre este assunto.
Hoje vamos falar sobre seletividade de herbicidas.
Vamos entender quais os tipos de seletividade e porque é importante entender sobre este assunto para posicionar corretamente os produtos no campo.
Parece um assunto muito difícil não é mesmo? Mas vamos passar para você os principais conceitos, para que você possa aproveitar ao máximo cada dica!
Primeiramente, temos que lembrar que quem é seletivo é o herbicida, as plantas sejam elas a cultura ou as daninhas, serão suscetíveis, tolerantes ou resistentes em alguns casos.
Mas afinal o que é seletividade?
A seletividade pode ser definida como a capacidade daquela molécula de herbicida em matar ou retardar o crescimento de uma planta daninha, mas sem prejudicar a cultura de interesse econômico.
Assim, podemos dividir os herbicidas em seletivos e não-seletivos.
Os herbicidas seletivos são aqueles que ao serem aplicados, não causam injúrias severas à cultura.
Exemplos:
- 2,4-D para a cana-de-açúcar;
- atrazine para o milho;
- fomesafen para o feijão;
- imazethapyr para a soja.
Já, os não-seletivos são aqueles que afetam tanto a cultura, como as plantas daninhas. Geralmente, são recomendados para dessecação antes do plantio, dessecação da cultura ou ainda em jato dirigido (sem contato com a cultura).
Exemplos: diquat, paraquat, glyphosate.
Entretanto, a seletividade depende de alguns fatores como a dose utilizada, as condições ambientais e o modo de aplicação.
Alguns erros comuns podem afetar a seletividade do herbicida à cultura como: usar uma dose inadequada, usar um produto não registrado para aquela cultura ou modalidade de aplicação ou aplicar quando as condições ambientais não forem as ideias.
Lembre-se das condições ideias de aplicação:
- temperatura abaixo de 30°C;
- umidade relativa do ar acima de 50%;
- velocidade do vento entre 3 e 10 km/h.
Vamos entender agora quais os tipos de seletividade, assim você conseguirá entender o que faz uma molécula ser seletiva ou não-seletiva para uma determinada cultura.
Tipos de seletividade
Para facilitar o entendimento, vamos dividir os tipos de seletividade em fatores relacionados à planta, ao herbicida e ao ambiente.
Os fatores relacionados à planta podem ser:
- Estágio de desenvolvimento;
- Mecanismos de absorção diferencial;
- Mecanismos de translocação diferencial;
- Metabolismo diferencial.
No geral, quanto mais jovem for a planta, mais suscetível ela é ao herbicida, pois menor será a quantidade de tecidos especializados.
A seletividade de imazethapyr em soja por exemplo, é devido a sua rápida metabolização e degradação pela soja, que o transforma em compostos inativos, o que não ocorre com as plantas daninhas suscetíveis.
O chlorimuron também é rapidamente metabolizado pela soja.
Quando a aplicação tem como alvo as folhas, as seletividade pode ser atribuída à menor retenção foliar, menor absorção, translocação diferencial, a metabolização a compostos não tóxicos para a planta ou ainda pode ser obtida pela aplicação em jato dirigido.
Pulverização em jato dirigido nas entrelinhas.
Fonte: Kasuya. Retirado de Oliveira Jr. e Inoue (2011).
Fatores relacionados ao herbicida:
- Seletividade e a estrutura molecular;
- Seletividade com referência à dose;
- Seletividade e as formulações;
- Seletividade e o modo de aplicação (posicionamento no tempo e espaço).
Quando a aplicação de um herbicida tem como alvo o solo, ou seja, o banco de propágulos, a seletividade pode ocorrer por meio do posicionamento.
Neste caso a semente da cultura não fica na mesma camada onde o produto está agindo.
Ou ainda, o herbicida é posicionado de acordo com o tempo, por exemplo no caso de herbicidas utilizados na dessecação das plantas daninhas antes do plantio.
Alguns destes herbicidas precisam de um tempo entre a aplicação e o plantio da soja, como no caso do 2,4-D e do dicamba.
Fonte: Leonardo Bianco de Carvalho, UNESP.
Fatores relacionados ao ambiente:
- Seletividade e a textura do solo;
- Seletividade e a água disponível no solo;
- Seletividade e as condições ambientais.
Vamos ver agora quais os herbicidas registrados para a cultura da soja e qual a modalidade de aplicação de cada um deles.
Tabela 1. Herbicidas registrados para a cultura da soja e sua modalidade de aplicação.
Herbicida | Modo de aplicação |
2,4-D | 7 a 15 dias antes da semeadura da soja |
acifluorfen + bentazon | pós-emergência da soja com primeiro trifólio formado |
carfentrazone | pré-plantio |
carfentrazone + clomazone | pré-plantio ou pré-emergência |
clethodim | pré-plantio, pós-emergência |
clomazone | pré-emergência |
cloransulam | pós-emergência |
chlorimuron | pré-plantio ou pós-emergência |
dicamba | 30 dias antes da semeadura da soja, dessecação pré-colheita |
diclosulam | pré-plantio |
diquat | pré-plantio, dessecação pré-colheita |
fenoxaprop | pós-emergência |
fluazifop | pré-plantio, pós-emergência |
fluazifop + fomesafen | pós-emergência |
flumetsulam | pré-plantio incorporado ou pré-emergência |
flumiclorac | pós-emergência |
flumioxazin | pré-plantio, dessecação pré-colheita |
flumioxazin + imazethapyr | pré-plantio |
fomesafen | pós-emergência |
glyphosate | pré-plantio ou pós-emergência em soja tolerante à glyphosate |
glyphosate + imazethapyr | pré-plantio ou pós-emergência em soja tolerante à glyphosate |
glyphosate + s-metolachlor | pré-plantio ou pós-emergência em soja tolerante à glyphosate |
glufosinate | pré-plantio ou jato dirigido, dessecação pré-colheita |
haloxyfop | pré-plantio, pós-emergência |
imazamox | pós-emergência |
imazaquin | pré-emergência |
imazethapyr | pós-emergência |
lactofen | pós-emergência |
metribuzin | pré-emergência |
paraquat | pré-plantio, dessecação pré-colheita |
propaquizafop | pós-emergência |
quizalofop | pós-emergência |
saflufenacil | pré-plantio, dessecação pré-colheita |
sethoxydim | pós-emergência |
s-metolachlor | pré-emergência |
sulfentrazone | pré-emergência |
tepraloxydim | pós-emergência |
trifluralin | pré-plantio, pré-plantio incorporado ou pré-emergência |
Herbicidas registrados para a cultura da soja de acordo com o Guia de Herbicidas (2018).
Conclusão
É muito importante conhecer sobre a seletividade dos herbicidas, pois ela depende de fatores relacionado à planta, ao herbicida e às condições ambientais.
Neste artigo vimos exemplos sobre a seletividade de moléculas de herbicidas e quais são registradas para a cultura da soja.
Também vimos qual a modalidade de aplicação dos herbicidas registrados para a soja e os principais conceitos relacionados ao tema de seletividade.
Sobre a Autora: Ana Ligia Girardeli, Sou Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar) e Doutora em Fitotecnia (USP/ESALQ). Atualmente, estou cursando MBA em Agronegócios.
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Diferentes formas em que se pode observar a perda de seletividade de um herbicida?
Ótimo conteúdo, parabéns!