No final de agosto último analisamos aqui o mesmo gráfico da cotação de MAIO22 da soja em Chicago, principal marco para a soja brasileira, que estava formando um triângulo equilátero e, seguindo as regras que aprendemos com especialistas citados para o mercado futuro, projetamos naquela ocasião que a cotação uma queda equivalente à base do triângulo.

Segundo estas regras, a queda deveria (deverá) ser de 369 cents/bushel, do máximo atingido que foi $ 1425,50 para $ 1056,0 nos próximos doze meses. Pois bem, de lá para cá a cotação de Maio22 já recuou, em apenas um mês, 153cents/bushel, quase metade da queda que tínhamos previsto para 12 meses.

As razões fundamentais que embasaram as conclusões da análise técnica foram os aumentos nos estoques finais das safras americanas de soja para 2021/22 e 2022/23. Tínhamos dito que, à medida que os estoques finais da soja americana forem se recompondo (estava, em 4,76 MT e o seu normal é de algo ao redor de 10,5 MT), as cotações iriam cair.

E, para isso, os altos preços da soja iriam contribuir para aumentar a área e chuvas regulares iriam manter ou até ampliar a produtividade, aumentando a produção e, por consequência, os estoques finais. Nesta semana, o Relatório Trimestral de Estoques, divulgado pelo USDA no último dia 30 de setembro, surpreendeu o mercado e nos deu plena razão.

O USDA informou uma contagem de estoque físico em 01/09 em 6,9 milhões de toneladas, sendo muito superior ao que o mercado esperava. Assim, a safra atual teria estoques iniciais mais elevados e os preços reagiram com fortes quedas. A partir de agora, o ritmo de avanço da colheita e a evolução da demanda serão decisivos.

Quais foram estes números? NASS viu um grande estoque de soja em 1o de setembro de 256 mbu (6,97MT), contra a previsão WASDE de setembro do USDA de 175 (4,76 MT) e a estimativa mais alta do mercado que era de 202 mbu (5,49 MT). O USDA aumentou a produção de soja em 80,8 mbu (2,2 MT) em 2020/21 para 4,216 bbu (114,74 MT), mas cortou os estoques de junho em 2,4 mbu (64,316 mil t), implicando no uso de 513 mbu (13,96 MT) no quarto trimestre.

Como tirar vantagem desta situação?

Não é apenas a nossa visão a de um mercado em queda para os próximos dois anos, mas a de qualquer analista experiente do mercado. Com preços e lucratividade elevada, os agricultores dos Estados Unidos, Brasil e Argentina, principais produtores mundiais, já estão plantando uma safra 2021/22 maior do que a anterior. Esta percepção foi confirmada pelo USDA no seu relatório de setembro, quando aumentou a produção mundial de 363,27 milhões de toneladas da safra 2020/21, para 384,43 MT da safra 2021/22, aumento de 21,16 milhões de toneladas ou 5,82%.

Além disso tivemos outros dois fatores adversos importantes: a economia chinesa está sofrendo retração importante, com problema grave de energia. Nesta semana, o ritmo de esmagamento da soja doméstica da China estava no seu nível mais baixo em 5 meses, já que vários processadores desligaram as máquinas durante a crise de energia. Já o dólar, passou de R$ 5,42 em 3 de maio último para R$ 5,36 nesta sexta-feira, isto é, não subiu, mas caiu 1,10% no período.

Embora o dólar no Brasil tenha uma leve tendência de alta nos próximos 12 meses, diante dos ruídos políticos e provável aumento dos gastos públicos da disputa eleitoral, estes aumentos serão compensados com as quedas em Chicago, não devendo elevar significativamente os preços daqui para frente.

CONCLUSÕES

Com isto, as recomendações da T&F Agroeconômica aos agricultores brasileiros seriam as seguintes:

  • a) Feche agora todo o custo que puder para a safra 22/23, via barter, que será a melhor maneira, porque gastará um número menor de sacas do que se esperar para fazer a mesma operação dentro de um ano;
  • b) Feche agora a quantidade de soja necessária para garantir o retorno dos seus investimentos e especule apenas com não mais do que 15% do seu volume colhido.
  • c) O melhor de tudo seria a sua cooperativa ou a sua cerealista fixarem preços no mercado futuro nos preços atuais (se tivessem feito em maio passado já teriam garantido algo como US$ 24,98/tonelada ou R$ 134,88/t ou, ainda R$ 8,10/saca de lucro extra sobre o que você está recebendo hoje). E, segundo nossa projeção, este lucro vai dobrar ainda daqui para frente, mas é preciso fazer a operação no mercado futuro. Estamos aqui para ajudá-los neste processo.


Fonte: T&F Agroeconômica

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