Deixando propositadamente de lado grandes teorias econômicas, podemos explicar os efeitos da atual situação econômica brasileira e mundial da seguinte forma:

  1. A pandemia já havia trazido retração do consumo mundial geral, por reclusão (lockout) em quase todos os países. Isto reduziu o consumo de quase tudo, mas, em especial, de combustíveis, de refeições ao vivo em restaurantes (mas aumentou o de entregas) e de compras em geral, porque as pessoas não saíam mais de casa. O consumo mundial é importante para o Brasil, porque exportamos matérias-primas para mais de 170 países;
  2. Nem bem amenizou o efeito da pandemia, surge a guerra na Ucrânia. Putin aproveitou para fazer suas reclamações depois do estabelecimento de um governo fraco nos EUA (se Trump estivesse ainda lá, não haveria guerra, com certeza). A guerra, qualquer guerra, afeta diretamente os preços do petróleo e dos fretes em todo mundo e, com eles, eleva os preços de todas as mercadorias, porque o preço do transporte (agora elevado) faz parte importante do custo de todas elas. Isto aumenta a inflação em todos os países do mundo.
  3. Esta guerra, em especial, trouxe um agravante: a Rússia é a segunda maior exportadora de petróleo e a maior de gás no mundo e a Europa é enormemente dependente dos insumos energéticos russos para sobreviver e pode entrar em estagflação, um estágio agudo de inflação.
  4. Com a elevação do custo das coisas, as pessoas compras menos (menos carro, menos geladeira, menos roupas, até menos comida, menos tudo).
  5. Esta retração geral de consumo em todo mundo faz as empresas venderem menos e encomendarem menos matéria-prima (commodities) necessárias para a fabricação dos seus produtos. Com isto, as ações destas
    empresas caem nas Bolsas de Ações e os preços das commodities caem nas Bolsas de Mercadorias (que é o que está acontecendo com soja, milho, trigo, minério de ferro, cobre, tudo).

Tudo isto é uma espiral para baixo, que não acontece só no Brasil, mas em todo Mundo. Os maiores atingidos, até o momento, são, pela ordem, Europa, China e (menos) Estados Unidos. O Brasil também está sendo atingido, mas grau bem menor do que os outros países, porque temos quase tudo o que necessitamos internamente (poderíamos ter também combustível se as refinarias contratadas pelo governo anterior tivessem sido terminadas, o que eliminaria a correspondência do preço da gasolina ao mercado internacional), especialmente os outros países da América do Sul, quase todos socialistas.

Efeitos específicos sobre o mercado de soja:

Tão logo a guerra eclodiu, as cotações da soja em Chicago subiram 228 cents/bushel ou US$ 76/tonelada ou algo ao redor de R$ 24,62/saca, em 15 dias. O principal driver desta alta foi o óleo de soja, porque a guerra estancou o fornecimento de óleo de girassol, do qual a Ucrânia é um grande fornecedor mundial e porque o óleo de soja é usado na fabricação de biocombustível, que poderia eventualmente substituir parte do petróleo na fabricação de combustíveis, embora seja mais caro do que ele.

Mas, neste meio tempo, em abril, a Indonésia derramou 1,0 milhão de toneladas de óleo de palma no mercado, pressionando os preços dos óleos vegetais em todo mundo, eliminando este componente altista do mercado de soja.

De lá para cá, as cotações da soja recuaram 241 cents/bushel, nos gráficos da Bolsa de Chicago, 13 cents/bushel a mais do que tinham subido no início da guerra (você aproveitou para fixar preços em Chicago?). Mesmo assim, as cotações ainda estão elevadas, garantindo um lucro aproximado de 45% aos sojicultores brasileiros e tende a continuar assim até o final desta safra, pelo menos, a depender da duração e dos efeitos colaterais desta guerra, que promete ser longa.

GIRO PELOS ESTADOS

  • RIO GRANDE DO SUL: Preços de balcão recuaram R$ 2,00saca, mas inalterados no mercado de lotes

Mais um dia de muita lentidão, com o produtor fixando apenas o estritamente necessário para a manutenção das despesas de suas propriedades, volumes que normalmente não passam de 3.000 toneladas. A CBOT subiu 0,99%, o dólar por outro lado acabou se valorizando em inexpressivos 0,04%, não de fato afetando as cotações.

PREÇOS DE PEDRA: caiu para R$ 170,00, marcando perda de R$ 2,00/saca para hoje. PREÇOS NO PORTO: Rio Grande não passa por mudanças, com os preços para final de agosto seguindo a R$ 190,00.

PREÇOS NO INTERIOR: assim como no porto, marcou dia de manutenção para todas as posições, com Ijuí a R$ 186,00, Cruz Alta a R$ 186,50, Passo Fundo a R$ 186,00 e Santa Rosa a R$ 185,00.

  • SANTA CATARINA: Preços estáveis, nada de negócios

Santa Catarina marcou um dia sem variações, travando nos mesmos níveis de ontem pela
segunda sessão consecutiva. Além disso, os negócios seguiram parados por mais outro dia, com a semana se fechando com apenas 600 toneladas negociadas. Preço mantido a R$ 190,00 para 05/09.

  • PARANÁ: Quedas de R$ 2,00/saca no porto, e R$ 1/saca em PGrossa; poucos movimentos no geral

Paraná mantem-se congelado diante do desinteresse pela soja, não há saida de volumes além dos níveis basicos, o porto caiu assim como Ponta Grossa, mas demais posições seguiram sem movimentações. Ademais, mesmo Chicago e dólar passaram por um dia mais lento. Para exemplificar os resultados no mercado apresentaremos as cotações: grão a +0,99%, farelo a -0,71% e óleo a +2,88%. O dólar se valorizou em 0,04%, indo a R$ 5,4988, mudança irrelevante.

Preços no Porto Futuros: marcou quedas gerais de R$ 2,00/saca para todas asposições, o que levou os preços a R$ 183,00 para 05/08, R$ 184,00 para 26/08 e R$ 185,00 para 27/09.

Preços no Interior: contou com movimento apenas em Ponta Grossa que marcou queda de R$ 1,00/saca. As demais posições interioranas não marcaram mudanças, com Cascavel e Maringá seguindo a R$ 168,00 e Pato Branco a R$ 167,00. Ponta Grossa FUT.: R$ 184,00 para pagamento em 26/09, marcando queda de R$ 1,00/saca.

  • GOIÁS: Negociadas 24.200 tons na semana; safra 21/22 está 70,1% comprometida e a de 22/23 9,81%

Nesta semana, fraca, foram negociadas 24.200 toneladas de soja no estado de Goiás, das quais 23.900 da safra 21/22 e 300 tons da safra 22/23. A razão do atraso na comercialização da safra 22/23 (e da grande perda de oportunidade) é o medo de não produzir e a incerteza sobre o custo do frete na próxima safra. Com isto, a comercialização da safra 21/22 já atingiu 70,1% e a safra 22/23 apenas 9,81%.

Os preços da soja no mercado de lotes no estado ficaram ao redor de R$ 170 em Anápolis, R$ 164,00 em Cristalina, R$ 165,50 em Formosa, R$ 163,00 em Rio Verde e R$ 163,00 também em Itumbiara.

  • MATO GROSSO DO SUL: dia ausente de movimentos, ainda sem negócios

MS volta a manter os preços a níveis fixos mesmo diante de quedas por parte de Chicago, isso se deve à falta de interesse na soja, mas também a falta de fixações como um todo. Com isso, vamos aos

Preços: Dourados segue a R$ 175,00. Campo Grande e Maracaju seguem respectivamente a R$ 175,00 e R$ 174,00. Quanto a Chapadão do Sul o valor segue a R$ 173,00. Sidrolândia, por fim, segue a R$ 175,00.

  • MATO GROSSO: Preços em queda

Os últimos dados trazidos com os valores que serão vistos abaixo e na tabela ao lado, esse mercado foi bastante volátil, com considerável diferença em soja que caiu 1,93% e boa valorização no dólar que ganhou 0,65%, com isso e variações expressivas também no óleo, os preços caíram de forma bastante homogênea: Campo Verde a R$ 157,80 após perda de R$ 2,40/saca. Lucas do Rio Verde a R$ 154,60 marcando manutenção. Nova Mutum a R$ 161,80 após perder R$ 1,50/saca. Primavera do Leste a R$ 167,00 após perder R$ 1,50/saca. Rondonópolis, por sua vez a R$ 171,70 após perder R$ 1,30/saca. Sorriso, pôr fim, a R$ 161,40 após perder R$ 1,50/saca.

  • MATOPIBA: Balsas com quedas expressivas, poucos movimentos no geral

Região de Balsas no Maranhão traz novas cotações com quedas expressivas de R$ 10,50/saca, indo a R$ 163,00. O Porto Franco, também no Maranhão ficou a R$ 163,00 após perda de R$ 2,50/saca. Porto Nacional-TO, por sua vez, não mudou e permaneceu a R$ 151,40. Uruçuí-PI fechou o dia a R$ 162,00, também sem mudar. E por fim, em Luiz Ricardo Magalhães, na Bahia, preço ficou a R$ 161,00, com maio de 2023 indo a R$ 150,00.

CHICAGO: Soja recupera 0,99%depois de três dias de queda, por alta no óleo e compras de oportunidade

O contrato de soja para agosto fechou em nova alta de 0,99% ou $ 14,0 cents/bushel a $ 1432,50. A cotação de maio23, que já está sendo negociada no Brasil, fechou em alta de 0,72%, ou $ 9,50 cents/bushel a $ 1322,75. O contrato de farelo de soja para agosto fechou em queda de 0,71% ou $ 3,1/ton curta a $ 431,3 e o contrato de óleo de soja para agosto fechou em alta de 2,88% ou $ 1,69 libra-peso a $ 60,29.

Causas da Alta de Hoje: Recuperação moderada devido às compras de oportunidade, após queda acentuada de preços nas últimas 3 sessões consecutivas. Alta do óleo de soja deu sustentação. O mercado acompanha de perto a evolução das condições meteorológicas nos EUA. Por enquanto não há grandes ameaças, com anúncios de chuvas para os próximos dias. Agosto será um mês chave para definir os rendimentos.

O relatório semanal do Commitment of Traders da CFTC mostrou que os Fundos tinham 87.832 contratos líquidos de compra em 19/07. Isso representou uma queda de 7.879 contratos por meio de liquidação de contratos de compra, estabelecendo a posição mais fraca desde dezembro. Para os produtos, a CFTC informou que os Fundos tinham 66.588 contratos líquidos de compra de farelo de soja em 19/07. Isso representou uma queda de 1.702 contratos por meio de novas vendas líquidas durante a semana. Para o óleo de soja, os Fundos tinham 1.033 contratos menos longos líquidos por meio de liquidação longa.

Preços do Biodiesel EUA: Os preços do biodiesel B100 foram em média $ 6,94/gal em Illinois e $ 6,41 em Minnesota esta semana, mesmo com a semana passada de acordo com o relatório semanal de bioenergia do USDA.

IGC reduz produção mundial de Soja: O IGC reduziu sua produção global de soja em 4 MT para 390MT. Isso ainda está acima dos 351 MT do ano passado. Os estoques finais estavam 2 MT menores em 54 MT, contra 43 MT do ano passado.

Exportações EUA: O relatório semanal de vendas de exportação do USDA teve 203.500 toneladas de grãos de safras antigas vendidas durante a semana de 14/07. Compras de novas safras com total de 254k T. O total de vendas a prazo para todos os destinos é de 14,1 MT. Os embarques semanais de feijão foram de 499.900 T, elevando o total acumulado para 52.973 MT.

Leilão de soja na China: A China liberará mais 500 mil toneladas de soja das reservas estaduais em 29/07.

Fonte: T&F Agroeconômica

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