A soja é uma das plantas mais importantes em cultivo no mundo, e frequentemente exposta a adversidades climáticas nas principais regiões produtoras. O déficit hídrico afeta principalmente a cultura da soja durante a fase reprodutiva que vai do florescimento ao enchimento dos grãos.
Conforme dados divulgados pela Emater/RS, a produção de soja do RS na safra 2010/2011 teve uma redução de 50% em relação a safra anterior devido ao déficit hídrico. Já na safra 2018/2019, o estado do Paraná, sofreu com baixa disponibilidade de água, o que representou 15% da perda total da produção.
Sendo assim, se mostra conveniente a adoção de medidas estratégicas no cultivo da soja, a fim de minimizar os efeitos oriundos do déficit hídrico. Além de proporcionar um manejo de solo adequado para que este seja capaz de absorver e armazenar boa quantidade de água para a cultura, podemos buscar maximizar a capacidade das plantas de explorar a água do solo, aumentar a profundidade do sistema radicular e estimular metabolismos importantes para minimizar o efeito do estresse hídrico, principalmente o metabolismo antioxidante.
O ano esta acabando, mas a necessidade de nos atualizar não. Ainda da tempo… Confira!
Entre os metabólitos tem-se estudado os aminoácidos glutamato e prolina, os quais atuam no sistema de defesa antioxidante, como osmoprotetores proporcionando certa resistência a déficits hídricos.(Gill e Tuteja 2010). Segundo Teixeira et al. (2017 e 2018) a utilização de glutamato no tratamento de sementes ou na aplicação foliar durante a fase vegetativa de cultivo de soja aumenta o desenvolvimento da raiz e a acumulação de matéria seca; reduz o estresse e aumenta a produtividade.
Estudos desenvolvidos no Centro Universitário de Patos de Minas (Unipam) por Teixeira et al, 2019 com plantas de soja submetidas a déficits hídricos com aplicações de Prolina e Glutamato via foliar em V4 e no tratamento de semente é possível se observar os benéficos da aplicação de prolina e glutamato (Figura1).
Ainda conforme Teixeira et al, (2019), plantas submetidas a um déficit hídrico moderado somente demonstraram somente uma resposta via aplicação foliar de prolina. Para plantas expostas a alto déficit hídrico, o tratamento de semente com glutamato aumentou o teor relativo de água, a massa seca das plantas e a produtividade.
A aplicação foliar desse aminoácido também aumentou a produtividade das plantas. Sendo assim a aplicação de glutamato e prolina pode ser uma ferramenta de manejo para minimizar o impacto do déficit hídrico na soja. Porém ainda requer pesquisa para diferentes espécies e cultivares para verificar e comprovar a recomendação deste manejo.
Como observado, existem estudos sendo desenvolvidos para melhorar o desempenho das plantas que podem ocasionalmente estarem submetidas a condições de estresse hídrico à campo e nesse sentido ainda se tem muito a avançar até porque, pesquisas nessa linha de estudo são recentes.
O que não podemos esquecer de maneira alguma é que essas tecnologias que estão surgindo são apenas ferramentas que poderão auxiliar muito no manejo da lavoura, mas que ainda não substituem as premissas de um Sistema de Plantio Direto (SPD) bem conduzido, onde o solo tenha uma grande capacidade de armazenar e conservar água, dando condições às plantas sob o ponto de vista físico de explorar tudo isso.
Referencias Bibliográficas
Gill S, Tuteja N (2010) Reactive oxygen species and antioxidant machinery in abiotic stress tolerance in crop plants. Plant Physiol Biochem 48:909–930
Teixeira, W.F., Soares, L.H., Fagan, E.B. et al. Amino Acids as Stress Reducers in Soybean Plant Growth Under Different Water-Deficit Conditions. J Plant Growth Regul (2019) doi:10.1007/s00344-019-10032-z
Teixeira WF, Fagan EB, Soares LH, Soares JN, Reichardt K, Dourado-Neto D (2017) Seed and foliar application of amino acids improve variables of nitrogen metabolism and productivity in soybean crop. Front Plant Sci 9:1–12
Teixeira WF, Fagan EB, Soares LH, Cabral EMA, Dourado-Neto D (2018) Changes in root architecture after amino acid application in a soybean crop. J Agric Sci 11(1):325–334
Autores:
Ezequiel Zibetti Fornari – PET Ciências Agrárias – UFSM/FW;
Leandro Leuri Heinrich – PET Ciências Agrárias – UFSM/FW.