As condições meteorológicas, inicialmente instáveis, caracterizadas por precipitações em volumes variáveis, nos dias 15 e 16/04, resultaram na interrupção das atividades de colheita em todo o Estado. A retomada parcial ocorreu em 17/04, nas regiões Sudeste e Nordeste, onde o volume acumulado de chuvas foi significativamente menor. Nas demais regiões, a retomada ocorreu apenas em 18/04. Durante esse período de reinício das atividades, a umidade dos grãos colhidos variou entre 16% e 25%, ultrapassando o nível ideal para processos eficientes de trilha e separação.

Apesar desse cenário, optou-se por prosseguir as operações, considerando a previsão de novas precipitações a partir do dia 22/04. O ritmo de colheita permaneceu intenso até 21/04, aproveitando-se ao máximo a janela temporal favorável, marcada por dias ensolarados e temperaturas amenas, que, no final do período, permitiram a extensão das operações durante as noites.

Como resultado, a proporção da área colhida aumentou de 49% para 66%. De modo geral, a produtividade das lavouras não sofreu impactos significativos, apesar da exposição prolongada dos grãos maduros a campo à umidade elevada. No entanto, ocorreram alguns danos e pontualmente episódios de precipitações excepcionalmente volumosas, especialmente a Centro-Oeste do Estado, onde superou 250 mm, dificultando a retomada da colheita.

Nessa região, também foram registradas algumas perdas devido à debulha de vagens e ao transbordamento de cursos d’água, afetando diretamente as lavouras. No Estado, à medida que a colheita avança para o terço final, observa-se uma tendência de redução na produtividade das lavouras.

Essa diminuição ocorre após um pico de rendimento, em que as lavouras de melhor desempenho expressaram potencial produtivo superior a 5.400 kg/ha, e é percebida a partir do início da colheita de lavouras mais tardias, afetadas por problemas fitossanitários, especialmente ferrugem-asiática.

Contudo, essa situação não compromete a safra atual, que é considerada bastante satisfatória. A estimativa da produtividade permanece em 3.329 kg/ha.

Fases da cultura de soja no Rio Grande do Sul

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Campanha, nos arredores do município de Bagé, onde os volumes de chuva registrados foram inferiores a 40 mm, observou-se o início da colheita, a partir de 17/04, em lavouras localizadas em coxilhas com melhor drenagem.

Apesar do período de estiagem no verão, em Hulha Negra, algumas lavouras apresentam rendimentos satisfatórios, beneficiadas por chuvas pontuais; as produções variam de 2.100 kg/ha, em coxilhas, a 3.000 kg/ha em áreas localizadas em várzeas.

Em Aceguá, as lavouras colhidas tardiamente e as cultivares precoces alcançaram produtividade média de apenas 1.500 kg/ha. Observa-se incidência bastante significativa de ferrugem-asiática em lavouras tardias, especialmente em plantas que se aproximam do final da fase de enchimento dos grãos e que não receberam a última aplicação de fungicida, resultando em perdas consideráveis nas porções onde ocorreram falhas na pulverização.

Em comparação a outras safras, a atual tem enfrentado os maiores problemas relacionados à ferrugem desde o início do período de expansão das lavouras de soja na região, em 2010. Esse cenário se deve à extensa área plantada em dezembro/2023 e janeiro/2024, combinada à presença da doença desde os primeiros plantios e às condições climáticas favoráveis a partir da segunda quinzena de março.

Na Fronteira Oeste, a colheita abrange de 50% a 60% da área cultivada. Durante a janela de clima seco recente, os produtores concentraram um grande número de colhedoras com plataformas largas, avançando rapidamente as operações. Em função do atraso na colheita de arroz, que normalmente é concluída antes da segunda quinzena de abril, há escassez de caminhões para o transporte da safra de soja na região, provocando aumentos nos preços do frete para os produtores.

As lavouras colhidas recentemente estão apresentando melhores produtividades do que as primeiras áreas colhidas em março, e alcançam até 4.000 kg/ha. Porém, ainda há relatos de lavouras com média de 2.400 kg/ha. Essa variação é influenciada por diversos fatores, como a época de semeadura, a cultivar utilizada, as variações de solo, o acumulado de chuvas e a eficiência no manejo fitossanitário.

Apesar de algumas lavouras apresentarem vagens escurecidas por causa do longo período chuvoso, não foram registrados descontos significativos nas beneficiadoras, relacionados a danos nos grãos.

Na de Caxias do Sul, a colheita avançou significativamente a partir de 16/04. Nos dias 20 e 21/04, em razão da baixa umidade relativa do ar, foi viável prosseguir a operação durante a noite. Contudo, nesses dias, a umidade dos grãos ficou abaixo de 13%, causando prejuízos em decorrência da redução no peso do produto, sem a obtenção de qualquer bonificação correspondente para o produtor.

Na de Erechim, 87% da área foi colhida, e 13% encontram-se em fase de maturação. A produtividade se mantém próxima a 3.800 kg/ha.

Na de Frederico Westphalen, a produtividade alcançada é de 3.840 kg/ha, representando aumento de 6% em relação à expectativa inicial. A qualidade do produto colhido é considerada muito boa, consolidando uma produtividade histórica. Da área cultivada, 1% encontra-se em fase de enchimento de grãos, 15% em maturação, e 84% colhidos. Restam ainda as lavouras que foram implantadas em sucessão a milho, tabaco ou a outras culturas, predominantemente localizadas ao longo da costa do Rio Uruguai.

Na de Ijuí, a colheita está se aproximando da conclusão, e houve avanço significativo a partir de 17/04, atingindo 91% de área colhida. A produtividade média é de 3.700 kg/ha. Aosul da região, em Jóia, a colheita está mais atrasada, restando perto de 30% por colher. Não foram observadas perdas de qualidade, em função do clima úmido, nas lavouras ainda não colhidas. As lavouras de soja de segundo cultivo apresentam alta incidência de ferrugem, o que está causando a queda prematura das folhas, impactando negativamente a produção.

Na de Passo Fundo, 25% das lavouras encontram-se em estágio de maturação, e 75% foram colhidas. A produtividade permanece em torno de 4.000 kg/ha.

Na de Pelotas, a colheita foi retomada a partir de 18/04, quando se alcançaram condições de tráfego das máquinas e os teores de umidade ideais nos grãos. Houve avanço significativo, e 37% das lavouras foram colhidas. As produtividades apresentam relevante variação, geralmente abaixo das expectativas, oscilando entre 2.400 e 3.300 kg/ha, embora algumas lavouras atinjam 3.900 kg/ha.

Em Arroio Grande e Herval, os produtores relataram dificuldades em realizar a colheita devido à escassez de máquinas colhedoras, as quais estão priorizando as lavouras de arroz. Com isso, houve um atraso generalizado na colheita de soja, e algumas lavouras passam do processo de debulha.

Na de Santa Maria, a colheita foi novamente prejudicada pelo excesso de chuvas, especialmente a oeste da região, somente sendo possível iniciar a partir de 19/04. A maior parte das lavouras de soja encontra-se no final do ciclo, e cerca de 60% da área foi colhida. A produtividade média alcançada está em torno de 3.300 kg/ha. Contudo, os produtores continuam receosos em relação à continuidade da colheita nas lavouras restantes, pois as projeções indicam a ocorrência de novo período chuvoso.

Na de Santa Rosa, as lavouras colhidas alcançam 81% da área de cultivo, mas variam de 86%, ao norte da região, a 76% ao sul, especialmente nas Missões, em razão da época de plantio tardio, de maiores extensões, da menor disponibilidade de máquinas, do uso de variedades de sementes mais tardias e do maior volume de chuvas nas últimas semanas. As atividades de colheita foram intensificadas, tanto ao norte quanto ao sul da região, a partir de 18/04.

As primeiras cargas entregues nas unidades de recebimento de grãos apresentaram teores de umidade próximos de 30%, que se reduziu, nos dias seguintes, para cerca de 13% em média, em 21/04. No entanto, em função da umidade elevada, houve transtornos com os grãos depositados nas moegas, causados pela baixa capacidade de escoamento. Essa situação provocou grandes filas e atrasos na descarga, que, segundo relatos, passou de cinco horas.

Além disso, afetou a evolução da colheita em algumas lavouras com menor logística de transporte ou capacidade de armazenamento, paralisando as colhedoras e atrasando as atividades. Após as chuvas intensas do período, observou-se uma mudança nas características dos grãos colhidos, tais como: tamanho maior, quebra, aspecto esbranquiçado, danos por fungos e mecânicos.

Em Santo Ângelo, os extensionistas estão acompanhando o processo de colheita e avaliando com os agricultores o comportamento das plantas em diferentes condições de cultivo, relacionando-as às diferenças de produtividade. Nas figuras acima, pode-se visualizar raízes de plantas submetidas a distintos manejos de solo e práticas culturais. Na imagem à esquerda, em função da rotação de culturas, incluindo gramíneas de verão, observa-se desenvolvimento mais vertical das raízes, que aproveitam camadas mais profundas do solo em busca de nutrientes e de água; a produtividade alcançada é de 4.320 kg/ha.

Na da direita, decorrente do manejo sequencial de soja/trigo ou aveia, percebe-se a formação de uma camada compactada a 10 centímetros de profundidade, promovendo desenvolvimento predominantemente horizontal em uma camada mais superficial do solo, sujeita à maior esgotamento; a produtividade alcançada é de 3.480 kg/ha.

Na de Soledade, após um período prolongado de tempo encoberto e de chuvas frequentes entre 10 e 16/04, a colheita foi retomada em 18/04. Apesar da alta umidade ambiente durante esse período, a operação iniciou-se quando os grãos apresentavam teores de umidade em torno de 18%, que se reduziu ao longo dos dias seguintes. Na Região Centro Serra, a operação está em fase final.

No Alto da Serra do Botucaraí, onde as áreas são mais extensas, alcança cerca de 80%. No Baixo Vale do Rio Pardo, estima-se que somente 35% da área tenha sido colhida. Esse atraso está atribuído em parte a problemas logísticos, como escassez de colhedoras e caminhões e difícil acesso a áreas devido ao solo úmido. A produtividade regional está projetada dentro dos parâmetros esperados, considerando as adversidades climáticas habituais – chuvas excessivas no início do ciclo e estiagens curtas durante o florescimento – e a formação de vagens. Atualmente, 28% das lavouras estão maduras, e 60% foram colhidas.

Comercialização (saca de 60 quilos)

O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, aumentou em 1,74%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 119,50 para R$ 121,58.

Fonte: EMATER



 

FONTE

Autor:Informativo Conjuntural 1812

Site: EMATER/RS

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