O período foi caracterizado por umidade relativa do ar muito baixa em grande parte do Estado. As chuvas que ocorreram foram muito desuniformes e de baixos volumes e, em algumas localidades, acentuaram-se os sintomas de déficit hídrico. O plantio segue suspenso onde não choveu e, em certas lavouras, não há estande adequado de plantas. Essas condições climáticas têm trazido preocupação para os produtores e podem causar perdas irreversíveis nas culturas de verão, principalmente soja.
São realizadas aplicações preventivas de fungicidas contra ferrugem-asiática e de inseticidas para tripes e ácaro principalmente. Das lavouras implantadas, 6% estão em enchimento de grãos e 30% em floração, fases que mais exigem água.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, o plantio está próximo da conclusão, mas ainda paralisado, há aproximadamente duas semanas, devido à falta de chuvas nos municípios da Fronteira Oeste. Trabalhos de semeadura estão em andamento nas áreas onde recentemente foi realizada a colheita do milho. Contudo, essa operação necessita de grande consumo de água via sistema de irrigação. Se não chover nos próximos dias, o plantio em áreas sem disponibilidade de irrigação estará em considerável risco de atraso, consequentemente comprometendo o potencial produtivo da soja safrinha. Além das lavouras pós-milho, ainda há muitas áreas plantadas no final de dezembro cujo estande foi comprometido pela falta de umidade e será necessário replante.
Em Quaraí, as lavouras apresentam sintomas de murcha nos horários mais quentes do dia, sendo observado maior impacto nas últimas áreas plantadas, que estão com sistema radicular ainda pouco desenvolvido. Todas as áreas da oleaginosa no município estão em fase vegetativa. As perdas estão estimadas em 10%. Em Maçambará, 70% das lavouras estão em fase de desenvolvimento vegetativo, 25% em floração e 5% em início do enchimento de grãos. Nesse município, as perdas estimadas chegam a 5%, podendo se ampliar devido à falta de chuvas, que, em algumas localidades, é de 50 dias.
Em São Gabriel, onde há 136 mil hectares plantados, a condição das lavouras está muito variável: há áreas com estande e desenvolvimento vegetativo excelentes; áreas plantadas há mais de duas semanas, onde ainda não ocorreu a germinação das sementes, ou as plântulas morreram devido à falta de umidade e às altas temperaturas; e lavouras em processo de amarelecimento e perda de folhas baixeiras.
Na Campanha, também se aguarda o retorno das chuvas para a conclusão da semeadura e para realizar replantes de algumas áreas com estande muito reduzido, até mesmo de lavouras que já haviam sido replantadas na segunda quinzena de dezembro em decorrência das fortes chuvas ocorridas no início desse mês. Em Hulha Negra, alguns produtores decidiram efetuar o plantio mesmo em solo seco devido à previsão de chuvas a partir de 16/01.
Em Dom Pedrito, de 160 mil hectares, 97% foram plantados. Da área estabelecida 20% está iniciando a fase de floração. Algumas localidades do município não registram chuvas expressivas desde 01/12. O manejo das lavouras na região está restrito a aplicações de herbicidas, pois, em muitas áreas, ainda há umidade na zona radicular das plantas. A baixa umidade relativa do ar e os ventos fortes constantes aumentam os problemas referentes à deriva de herbicidas. Alguns produtores estão utilizando fertilizantes foliares para mitigar o estresse sofrido pela cultura, porém muitos só devem voltar a investir em defensivos e fertilizantes quando novas chuvas ocorrerem.
Em Bagé e municípios próximos, foi registrado ataque de lagarta-rosca nas plantas jovens, causando redução de estande. O tratamento de sementes é uma alternativa de manejo adequada, porém poucos produtores adotam essa prática em função do custo elevado de inseticidas específicos e da baixa incidência da praga nas safras anteriores. O controle tem sido realizado com a pulverização de inseticidas no período da noite em razão de essa lagarta permanecer no solo durante o dia.
Na de Caxias do Sul, as condições climáticas favoreceram o crescimento e o desenvolvimento das plantas. Não há registro de doenças, e as pragas, como lagarta e percevejo, estão abaixo do nível de dano.
Na de Erechim, 30% das áreas estão em formação de vagens. Em parte das lavouras, ocorreram problemas de germinação e, em alguns casos, foi realizado o replantio. As chuvas foram muito esparsas em Erval Grande, Itatiba do Sul, Floriano Peixoto e Entre Rios do Sul, onde as lavouras apresentam sintomas de estiagem. A produtividade esperada inicialmente pode não se concretizar. Cerca de 10 mil hectares deverão ser plantados na safrinha pós-milho.
Na de Frederico Westphalen, 30% das lavouras estão em florescimento. As chuvas esparsas, em 11/01, não amenizaram o déficit hídrico. Os produtores deram continuidade ao controle de plantas daninhas pós-emergência e, nas lavouras em desenvolvimento mais avançado, estão sendo realizadas as primeiras aplicações de fungicidas.
Na de Ijuí, a semeadura foi finalizada nas áreas de primeiro cultivo; restam as lavouras a serem semeadas após a colheita do milho. A má distribuição das chuvas já causa perdas, ainda em análise, principalmente nas áreas implantadas em solos rasos, compactados e de fertilidade baixa. Nas áreas em formação de grãos (16%), os danos são mais significativos. As condições ambientais favorecem o aparecimento de pragas, como tripes e ácaro, sendo necessária a aplicação de produtos químicos e biológicos para controle. Apesar das reduzidas chances de ocorrência de doenças, os sojicultores têm aplicado fungicidas preventivamente.
Na de Passo Fundo, o plantio foi finalizado, e 35% das áreas estão em floração. As chuvas na região foram localizadas. Não foram registradas perdas expressivas. Os produtores monitoram pragas e doenças, em especial ferrugem-asiática e oídio, e aplicam fungicidas preventivamente.
Na de Pelotas, estão semeados 95% do previsto, dos quais 8% estão em floração. Não choveu na maioria das localidades, e os ventos têm reduzido, ainda mais, a umidade no solo. No geral, o desenvolvimento dos cultivos pode ser considerado muito bom em função da emergência e do estande das plantas.
Na de Santa Maria, a maioria das áreas estão em desenvolvimento vegetativo, e parte em floração e enchimento de grãos. A estimativa inicial de plantio foi de 1.063.075 hectares, mas houve redução de área cultivada devido à indisponibilidade hídrica para a operação no período adequado. As áreas já implantadas também estão sendo afetadas pela falta de chuvas, especialmente as lavouras em período reprodutivo, que chegam a cerca de 20%. Nas áreas sem precipitações há muitos dias, há danos irreversíveis. Em algumas lavouras na fase de desenvolvimento vegetativo, observa-se mortalidade de plantas, murcha, pouca efetividade da adubação e dificuldade de fechamento das linhas, fato que tende a reduzir a produtividade, prevista inicialmente em 3.110 kg/ha. Em relação ao manejo fitossanitário, os agricultores estão realizando aplicações preventivas para reduzir esporos de ferrugem-asiática, uma vez que foi identificada a presença do fungo em coletores da região.
Na de Santa Rosa, 22% das lavouras estão em floração, e 2% em enchimento de grãos. Nas lavouras cultivadas em sequeiro, há intenso murchamento das folhas já na metade da manhã. Em áreas com solos menos profundos, ou com presença de pedras, as folhas apresentam coloração pardacenta, o que indica perda da capacidade fotossintética. As áreas implantadas mais precocemente, ainda nos primeiros dias de novembro, que já iniciam alguma floração ou estariam em condições de floração, foram as mais afetadas em função da falta de água. Nessas lavouras, ocorre perda significativa de estruturas de reprodução e, como consequência, de produtividade. Já nas lavouras implantadas em dezembro, há mortalidade de plantas jovens, que não desenvolveram raízes, além de folhas comprometidas e desenvolvimento vegetativo aquém do esperado. A falta de chuvas favorece a ocorrência de ácaro e tripes, o qual apresenta alta incidência.
Nas lavouras irrigadas, os produtores estão mantendo os sistemas ativos de forma regular, sendo observado o bom desenvolvimento da cultura. Foram registrados 12 esporos de ferrugem no coletor localizado em Garruchos, mas esse número não gera preocupações, já que as temperaturas elevadas e o baixo molhamento foliar reduzem as chances de desenvolvimento da doença. O Programa Monitora Ferrugem indica que os níveis de risco para a doença são baixos em grande parte da região. Finalizada a colheita de milho nas áreas irrigadas, os produtores se dedicaram à semeadura da soja, que ainda não entrou em fase de emergência. Nas áreas de resteva de milho em sequeiro, ainda são esperadas chuvas para a realização da semeadura.
Na de Soledade, 3% das lavouras estão em enchimento de grãos e 35% em florescimento. Há manchas nas lavouras em razão do estresse hídrico severo, principalmente em solos mais pobres. Contudo, no geral, as lavouras apresentam um quadro de restrição hídrica de menor grau, sem grandes impactos ao desempenho produtivo até o momento. Apesar da baixa pressão de doenças, devido ao tempo mais seco, são efetuados manejos fitossanitários preventivos sobretudo para controlar a ferrugem-asiática, cujos esporos estão sendo detectados nos coletores da região. Em relação a pragas, a incidência de lagarta é pontual; tripes e ácaro estão sendo monitorados. O aumento de temperatura e a baixa umidade relativa do ar começam a dificultar as aplicações diurnas de produtos fitossanitários. Em algumas lavouras do cedo, já foram realizadas três aplicações fúngicas.
Comercialização (saca de 60 quilos)
O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, aumentou 0,91%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 127,29 para R$ 128,45. Bolsa de Cereais de Cruz Alta está em R$ 134,00/sc. para produto disponível.
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Fonte: Emater RS