O desenvolvimento da cultura foi significativamente impactado pela restrição hídrica e pelas temperaturas elevadas, próximas a 40 °C, que ampliaram as perdas. O Oeste do Estado ainda é a região mais afetada. No entanto, lavouras de todo o Estado têm sido prejudicadas por essas condições climáticas.
No período, as precipitações ocorreram de forma heterogênea, e apenas em áreas pontuais os volumes acumulados foram significativos. Além do calor excessivo, a baixa umidade do solo também afetou diretamente as plantas em estádios reprodutivos, como floração (38% das lavouras) e formação e enchimento de grãos (49%). Embora a coloração verde predomine, o potencial produtivo tende a se reduzir, uma vez que o volume de vagens e de grãos está inferior ao desejável. Em razão da variabilidade das chuvas, uma avaliação individualizada se faz necessária para mensurar as condições e as perdas em cada lavoura, até dentro de mesma localidade.
Entre os danos causados pelo estresse térmico e hídrico estão o abortamento floral, a queda prematura de vagens em estágios iniciais, a desfolhação basal, o porte de plantas reduzido e a baixa emissão de ramos laterais. As cultivares precoces e as áreas semeadas entre o final de outubro e início de novembro são as mais prejudicadas. Nesses casos, as práticas de manejo foram suspensas devido ao comprometimento do potencial produtivo. Algumas lavouras, que representam 2% da área cultivada, estão em maturação; em parte o ciclo foi finalizado de forma antecipada em função da restrição hídrica.
Nas áreas com umidade adequada, os tratamentos fitossanitários prosseguiram, tais como as aplicações de fungicidas e de inseticidas para controle preventivo de doenças e pragas.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, em Uruguaiana e Barra do Quaraí, onde o acumulado de chuvas, desde a segunda quinzena de dezembro, atingiu apenas 88 mm, o potencial produtivo das lavouras com irrigação por sulco- camalhão e pivô central é considerado adequado, mesmo após um prolongado período de altas temperaturas. Contudo, as áreas não irrigadas enfrentam significativas perdas. Em Rosário do Sul, os danos se ampliaram, e há sintomas de estresse hídrico avançado em áreas de várzea. Em São Gabriel, a irregularidade das chuvas resultou em cenários distintos: em algumas lavouras, ocorreu senescência precoce; e em outras há bom porte e potencial produtivo próximo ao esperado. A chuva de 05/02 aliviou temporariamente o estresse hídrico, mas as perdas já estão consolidadas.
Na região da Campanha, 41% das áreas estão em fase vegetativa, 46% em floração e 13% em enchimento de grãos. O calor intenso, anteriormente às chuvas, causou abortamento de flores e de folhas, além de morte de plantas de tamanhos variados. A aplicação de herbicidas, de inseticidas e de fungicidas biológicos foi retomada; já os fungicidas químicos foram aplicados após as chuvas para evitar estresse hídrico.
Na de Caxias do Sul, em função do tempo seco e das altas temperaturas (máximas diárias superiores a 30 °C), em Vacaria e Bom Jesus, nos Campos de Cima da Serra, houve estresse hídrico, ocasionando murchamento das folhas nas horas mais quentes e a interrupção do crescimento das plantas, além do abortamento de flores e de vagens. Esses fatores devem afetar negativamente o rendimento da safra.
Na de Frederico Westphalen, as chuvas ajudaram a amenizar o déficit hídrico na região. Porém, a produtividade inicialmente estimada deverá se reduzir, especialmente em lavouras que se encontram nos estádios reprodutivos mais avançados, como a formação de vagens.
Na de Ijuí, 2% das áreas estão em maturação; 5% em desenvolvimento vegetativo; e 93% em fase reprodutiva (floração e formação de vagens e grãos). Mesmo com o baixo potencial produtivo, as aplicações de fungicidas foram realizadas, mas com intervalos maiores e redução na mistura de produtos. Nas lavouras mais afetadas pela falta de chuvas, os tratos culturais, incluindo a aplicação de fungicidas, foram suspensos em cerca de 15% da área cultivada, especialmente nos municípios ao Sul da região. As infestações de tripes e ácaros estão sob controle.
Na de Passo Fundo, 40% das áreas se encontram em floração e 60% na fase de formação de vagens e enchimento de grãos. As condições climáticas geraram perdas na produtividade.
Na de Pelotas, 45% das áreas estão no estágio de floração; 37% em desenvolvimento vegetativo; e 18% em enchimento de grãos. As chuvas de volumes variáveis deixaram as lavouras significativamente mais desuniformes, ou seja, algumas apresentam boas condições produtivas, e outras quedas substanciais nas expectativas de produtividade, principalmente de cultivares precoces.
Na de Santa Maria, a maioria das lavouras está em estádio reprodutivo, nas fases de floração e enchimento de grãos, e enfrentam forte estresse hídrico, o que compromete a produtividade. As perdas são significativas em Restinga Sêca e São Francisco de Assis, sendo um pouco menores em Santa Maria.
Na de Santa Rosa, as condições das lavouras estão variadas, mas, na maior parte das áreas de plantio precoce, ou em solos rasos ou compactados, a falta de chuva causou danos mais severos. Todavia, em algumas áreas, que receberam chuvas recentemente e de solos profundos e não compactados, as condições estão boas. As semeadas mais tarde também apresentam expectativa de melhor produtividade. Já nas lavouras semeadas no final de janeiro, a germinação ocorre de forma apropriada; porém, o crescimento foliar depende de novas precipitações. A maioria das lavouras implantadas em dezembro iniciou o florescimento, mas a estatura das plantas está reduzida devido à estiagem, indicando perdas.
Na de Soledade, a precipitação recente amenizou a estiagem em grande parte da região, mas já se registram perdas significativas, especialmente no Centro Serra e na maior parte do Baixo Vale do Rio Pardo (em Rio Pardo, Encruzilhada do Sul e Pantano Grande).
Comercialização (saca de 60 quilos)
O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, aumentou 0,46%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 124,34 para R$ 124,91.
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Fonte: Emater RS