1. GEADAS NO RS: As temperaturas no estado gaúcho foram de 4 graus nesta madrugada e deverão ser de 6 graus na noite de quarta para quinta-feira. No entanto, não foram registradas geadas significativas no estado, que afetassem as lavouras de trigo, embora estas causem preocupação porque estão justamente em fases susceptíveis a estes fenômenos climáticos. A boa notícia são as chuvas que ocorreram em parte do estado, que aliviaram a falta de umidade tanto para o trigo, como para o plantio de soja, mais tarde.
2. ARGENTINA: Conversamos hoje com duas economistas, na Argentina e retransmitimos abaixo os seus comentários, em tradução livre:
a) Maria Antonella Ortiz, economista, analista do mercado de grãos da corretora BLD, de Rosário: “Há muita incerteza nos mercados, parece que as medidas que todos esperávamos que seriam do partido peronista estão sendo tomadas agora, no governo Macri. Com respeito aos grãos, o maior temor é que aumentem as retenciones (imposto de exportação que vigorou durante o governo Kirschner, extinto por Macri e que voltaria no caso da volta de Cristina Kirschner).
Alguns produtores que não haviam comprado insumos ainda decidiram escolher por aumentar a área de soja em detrimento do milho. Porque sempre os cereais (milho e trigo) foram mais castigados pelas retenciones. Contudo, não creio que a passagem de soja para milho seja muito grande, já que muitos agricultores já haviam comprado insumos, uma vez que não esperavam o resultado que tivemos nas eleições primárias de agosto”.
b) Lorena d’Angelo, economista, analista independente em Rosário, presta assessoria direta a agricultores: “O panorama não é nada favorável. Hoje o produtor não quer vender o que tem e, pensando no próximo ano, estão se complicando a cada dia as decisões já que, se muda o governo, os produtos agrícolas deverão ter, seguramente, mais impostos sobre as exportações e preços mais baixos para os produtores.
Isto significa que, para comprar grão no mercado local será mais barato e os exportadores sabem disto. Outro ponto é que, se o novo governo aumentar os impostos, volta a ser mais rentável plantar soja que milho, pelo menor risco.
Com relação ao trigo, que já está semeado, há falta de umidade que começa a preocupar, mas, não sei se se sentirá no preço, já que há risco de mais impostos e preços mais baixos. O atual governo tem poucas possibilidades (de reeleição) e, com outro, serão colocados mais impostos e os preços baixarão”.
3. ENTENDENDO A CRISE ARGENTINA: Os detalhes estão explicados em artigo do setor de Economia & Negócios do Estadão.
Quais impactos a crise pode ter no Brasil? No mercado financeiro, o real pode se desvalorizar e a Bolsa cair. Isso porque muitos investidores internacionais apostam em um conjunto de países, como América Latina. Assim, a fuga de capital da Argentina pode acabar se tornando uma fuga de capital de países da América Latina. As exportações brasileiras também devem diminuir, principalmente a de produtos industriais, como carros. Hoje, 5% das exportações brasileiras vão para a Argentina.
Quando se considera apenas o setor industrial, esse número chega a 20%. Segundo economistas, uma queda nas exportações brasileiras poderia ser compensada pelo consumo interno se o Brasil estivesse em um período de rápido crescimento. Como esse não é o caso, a crise argentina deve ser mais relevante para o Brasil do que seria em outra época.
Fonte: T&F Agroeconômica