O objetivo do trabalho foi avaliar a qualidade fisiológica das
sementes produzidas na safra 2020/21, quanto ao tratamento de sementes com
biorregulador.

Introdução

A importância da cultura da soja no mundo se dá pela sua expressiva produção e pela área ocupada, o Brasil se destaca como o segundo maior produtor desta oleaginosa, produzindo 120,9 milhões de toneladas em 35,8 milhões de hectares (Conab, 2021).

As altas produtividades são muito requeridas para a soja, para tanto devemos nos atentar aos principais fatores que geram seu aumento. De acordo com o informativo da Agrovale (2012), o produto biorregulador, a base de fertilizante mineral, é obtido a partir de extratos naturais com ações similares aos principais hormônios promotores do crescimento vegetal (citocininas, auxinas e giberelinas), micronutrientes e outras moléculas biologicamente ativa. Tal produto estimula diversos processos metabólicos e fisiológicos das plantas como a divisão e o alongamento celular, translocação de nutrientes e síntese de clorofila. Devido ao maior estímulo destes processos metabólicos, a planta tratada com biorregulador, de acordo com a espécie e fase de aplicação, apresentará os seguintes benefícios: maior número e tamanho de raízes, maior vigor inicial, maior perfilhamento, florescimento uniforme e maior produtividade.

Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi avaliar a qualidade fisiológica das sementes produzidas na safra 2020/21, quanto ao tratamento de sementes com biorregulador.

Material e Métodos

O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Sementes da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, situado no município de Dois Vizinhos – Paraná. Foram utilizadas sementes das cultivares de soja P 96Y90 RR, produzidas na safra 2020/2021.

O produto utilizado foi o Biozyme®, fabricante Arysta Lifescience do Brasil Indústria Química e Agropecuária SA, Salto de Pirapora, SP, Brasil. Esse produto é um fertilizante mineral misto (N, K2O, B, Fe, Mn, S, Zn e carbono orgânico total), que foi utilizado no tratamento de sementes conforme recomendação do fabricante (ZANDONÁ et al., 2019). Assim, o trabalho foi composto pelo lote com tratamento (Biozyme®) e outro sem tratamento (testemunha), plantadas a campo.

Depois de colhidas, em laboratório foram realizados os testes para avaliação da qualidade fisiológica das sementes: germinação (Brasil, 2009); envelhecimento acelerado (Krzyzanowski et al., 1999) e tetrazólio, para avaliar o vigor e a viabilidade das amostras (França-Neto & Krzyzanowski, 2018).

Os testes de germinação e envelhecimento acelerado, foram realizados em delineamento experimental inteiramente casualizado (DIC), com quatro repetições. Após compridos os pressupostos, os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e aplicou-se teste de comparação de médias (Tukey a 5% de probabilidade) com auxílio do programa estatístico Genes.

Resultados e Discussão

Os resultados demonstraram que houve diferença entre os tratamentos quanto aos parâmetros fisiológicos avaliados, no qual, o tratamento com bioestimulante obteve os melhores resultados quando comparado a testemunha.

Portanto, os dados médios foram analisados, sendo que para a variável germinação houve diferença estatística entre os tratamentos. O lote com tratamento teve maior porcentagem de germinação que o lote sem tratamento (Tabela 1). Segundo a Instrução Normativa 45 de 17 de setembro de 2013, que regulamenta produção de sementes dos grandes cultivos, a germinação mínima aceitável é de 80% para as classes certificada (C1 e C2) e fora de certificação (S1 e S2) (Abrasem, 2013). Portanto, considerando-se o normatizado e conforme os resultados obtidos, é possível inferir que os dois lotes apresentaram germinação acima de 80%, para a comercialização de sementes.
A mesma situação ocorre para a variável envelhecimento acelerado, o lote com tratamento foi melhor que a testemunha (Tabela 1). De acordo com Pédo et al. (2016), o vigor das sementes sofre variações de acordo com a época de semeadura e as condições climáticas que prevalecem durante as fases de maturação e colheita.

Referente ao teste do tetrazólio a viabilidade das sementes nos dois lotes, não se diferiram. No entanto, quanto ao vigor o lote de sementes tratadas foi bem maior que o sem tratamento (Tabela 2).Na pesquisa realizada por Bacilieri e seus colaboradores (2013), utilizando o tratamento de sementes com o biorregulador Biozyme na dose de 6 mL 100 kg sementes-1, mostrou que, mantém 85% do stand inicial aos 123 DAP e aumenta significativamente a altura média das plantas e a produtividade em milho. Os dados corroboram com o trabalho de Suñé et al. (2019), para a cultua do trigo. Em que, os autores puderam verificar melhores resultados nas doses de 150 e 200 mL.ha-1 , para as avaliações iniciais em testes de qualidade física e fisiológica em sementes de trigo.

Demostrando assim, resultados satisfatórios para demais culturas tanto em qualidade de sementes, como estatura de plantas e produtividade.

Conclusão

O uso de biorregulador no tratamento de sementes de soja mostrou-se eficiente em relação aos parâmetros da qualidade fisiológica.

Informações sobre os autores:

  • ¹ Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Dois Vizinhos/PR. E-mail: maikk_lu@hotmail.com
  • ² Acadêmicos do Curso de Agronomia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Dois Vizinhos/PR.
  • ³ Docente em Agronomia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Dois Vizinhos/PR. E-mail: jpossenti@utfpr.edu.br

Referências

ABRASEM, Associação Brasileira de Sementes e Mudas. Instrução Normativa n° 45, de 17 de setembro de 2013.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. – Brasília: Mapa/ACS, 2009.

CONAB, Companhia Nacional de Abastecimento. Perspectivas para a agropecuária safra 2020/21. 2021. Disponível em: <www.conab.gov.br/perspectivas-para-a-agropecuariaf>. Acesso em: 15 jul. 2021.

FRANÇA NETO, J. de B.; KRZYZANOWSKI, F. C. Metodologia do teste de tretrazólio. Londrina: Embrapa Soja, 2018.

KRZYZANOWSKI, F., C.; FRANÇA NETO, J., de B. & VIEIRA R. D. Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: Abrates, v.1, c.2, ítem 3, 1999.

PEDÓ, T.; AISENBERG, G. R.; AUMONDE, T. Z. & VILLELA, F. A. Qualidade fisiológica de sementes de soja semeadas em diferentes épocas na safrinha. Tecnologia & Ciências Agropecuárias, João Pessoa, v.10, n.2, p.29-32, 2016.

SUÑÉ, A. S.; REIS, B. B.; FRANCO, M. S.; DUARTE, G. B.; DA SILVA ALMEIDA, A. & TUNES,
L. V. M. Efeito do biozyme sobre a qualidade de sementes de trigo. Revista Científica Rural, v. 21, n. 1, p. 48-59, 2019.

ZANDONÁ, R. R., PAZDIORA, P. C., DE BASTOS PAZINI, J., SEIDEL, E. J., & ETHUR, L. Z. Insumos químico e biológico no tratamento de sementes e sua interferência no desenvolvimento e produção de soja. Revista Caatinga, v. 32, n. 2, p. 559-565, 2019.


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