Embora requerido em pequena quantidade, o Boro (B), é considerado um micronutriente essencial para a soja. Bioquimicamente, o Boro atua na formação de complexos com manitol, manano, ácido polimanurônico e outros constituintes das paredes celulares, estando envolvido no alongamento celular e no metabolismo de ácidos nucleicos (Taiz et al., 2017). Em outras palavras, o Boro desempenha um papel importante para o processo de divisão e elongação celular, assim como na germinação do pólen, elongação do tubo polínico e fecundação. Seu suprimento é fundamental para garantir formação do fruto ou semente, sendo considerado fator determinante da produção (Furlani et al., 2001).
Ainda que a soja seja considerada uma cultura com poucas respostas a adubação com Boro (IPNI), reponde positivamente a adubação com esse nutriente, expressando inclusive, incremento de produtividade (Santini et al., 2015). Os sintomas de deficiência de Boro nas plantas podem variar em função da cultura. Para a soja, normalmente são observados a clorose internerval nas folhas jovens e pontas curvadas para baixo, morte dos ponteiros, inibição do florescimento e paralização do crescimento radicular (IPNI).
Figura 1. Sintomas de deficiência de Boro em soja.

Normalmente as recomendações de manejo sugerem que a adubação com Boro em soja seja realizada em V2 ou R2 (início do florescimento). Entretanto, por se tratar de pequenas doses, é comum que essa adubação seja realizada na semeadura da soja e/ou em conjunto com a aplicação de defensivos agrícolas em pós-emergência.
Vale destacar que o Boro é considerado um micronutriente com baixa mobilidade na planta e mobilidade intermediária no solo. Embora seja comum observar aplicações foliares de Boro em soja, em função da baixa mobilidade e translocação do nutriente na planta, a adubação via solo traz melhores resultados produtivos para a soja. Dentre as principais fontes de Boro utilizadas na agricultura, destacam-se o Bórax, o Ácido Bórico e a Ulexita.
Tabela 1. Fontes de Boro mais comuns utilizadas na agricultura.

Embora a soja responda positivamente a adubação com Boro, vale ressaltar que a resposta da produtividade da cultura ao incremento de boro não é linear positiva, ou seja, não há incremento expressivo sob elevadas doses de Boro, sendo que, as melhores respostas produtivas em função da adubação com Boro, têm sido observadas com a adição de doses próximas da 2 kg ha-1 do nutriente (Santini et al. 2015; Varanda et al. 2018; Silva & Buso 2023).
Além disso, elevadas doses de Boro podem causar efeito toxico às plantas, resultando em sintomas de toxicidade como o amarelecimento das pontas dos folíolos seguido por progressiva necrose, que começa nas pontas e nas margens e, finalmente, espalha-se entre as nervuras laterais e encaminha-se para a nervura central, podendo causar queda prematura das folhas (Borkert et al., 1994). Sendo assim, deve-se atentar para a necessidade da adubação com Boro, sua época de aplicação e dose para a obtenção de boas produtividades, sem prejudicar a cultura com efeitos fitotóxicos.
Veja mais: Boro pode ser aplicado junto a herbicidas na soja?
Referências:
BORKERT, C. M. et al. SEJA O DOUTOR DA SUA SOJA. POTAFOS, Arquivo Agronômico, n. 5, 1994. Disponível em: < https://www.npct.com.br/npctweb/npct.nsf/article/BRS-3140/$File/Seja%20Soja.pdf >, acesso em: 15/02/2024.
FURLANI, A. M. C. et al. EXIGÊNCIA A BORO EM CULTIVARES DE SOJA. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 2001. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rbcs/a/fBcQt6NPdJbdCHQsMwtw4Xr/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 015/02/2024.
IPNI. NUTRI-FATOS: INFORMAÇÃO AGRONÔMICA SOBRE NMUTRINETES PARA AS PLANTAS: BORO, n. 7. International Plant Nutrition Instituto. Disponível em: < https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-18/$FILE/NutriFacts-BRASIL-18.pdf >, acesso em: 15/02/2024.
SANTINI, J. M. K. et al. ADUBAÇAO BORATADA NA CULTURA DA SOJA EM ÁREA DE CERRADO. XXXV Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 2015. Disponível em: < https://www.sbcs.org.br/cbcs2015/arearestrita/arquivos/843.pdf >, acesso em: 15/02/2024.
SILVA, M. M. F.; BUSO, W. H. D. FONTES E DOSES DE BORO NA CULTURA DA SOJA. Revista Mirante, Anápolis (GO), v. 16, n. 1, p. 50-61, jun. 2023. Disponível em: < https://www.revista.ueg.br/index.php/mirante/article/view/13752/9578 >, acesso em: 15/02/2024.
TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Porto Alegre, Ed. 6, 2017.
VARANDA, M. A. F. et al. PRODUTIVIDADE DE SOJA SUBMETIDA A DIFERENTES FONTES DE BORO VIA FOLIAR EM VÁRZEA IRRIGADA NO ESTADO DO TOCANTINS. Nucleus,v.15, n.1, abr. 2018. Disponível em: < https://www.nucleus.feituverava.com.br/index.php/nucleus/article/view/2728/2556 >, acesso em: 15/02/2024.